quinta-feira, 18 de setembro de 2008

LIVRO DAS REPÚBLICAS: ANEXOS: TEXTO SOBRE A FUNDAÇÃO DA ZONA: UM CASO DE CONSTRUÇÃO DA UFOP EM MARIANA


TEXTO SOBRE A FUNDAÇÃO DA ZONA: UM CASO DE CONSTRUÇÃO DA UFOP EM MARIANA
Rafael Madalena



Ingressei na UFOP no 1o semestre de 1987, no curso de História e me formei em 1991.
Optei por morar em Mariana já que o Campus de Humanas da UFOP é nessa cidade.
Na época havia apenas duas Repúblicas em Mariana: a da Sé, localizada na Praça da Sé no centro da cidade e a Taqueupa, localizada no Campus do ICHS. A República Taqueupa foi a primeira casa a ser construída no Campus, enquanto a República Sé era alugada pela Administração da UFOP.
Todo estudante que chegava em Mariana e que não tinha um lugar para morar e nem condições de pagar aluguel, acabava batendo na porta da Sé. A República da Sé era a grande acolhedora de todos os estudantes que chegavam.
Quando fui para a Sé, juntamente com um grupo de estudantes novatos, nos alojamos na sala até que os moradores chegassem e fossemos distribuídos nos quartos.
A República da Sé era um casarão muito velho, porém os quartos eram amplos com a possibilidade de acomodar mais de um estudante. Fui morar num quarto cujo apelido era “Maracanã”, por ser o maior quarto da casa. Dividi esse quarto durante mais ou menos três meses com mais três estudantes: “Guaraná”, Jorcelino e Chico. Neste período inicial, a República da Sé, passou a contar com uma população de estudantes.
Em Mariana, nessa época, existia a Comissão de Moradia. O papel dessa Comissão naquele momento, era muito importante, pois além de acompanhar as obras de urbanização e construção das novas Repúblicas no Campus do ICHS, também participava, juntamente com o CA de História e demais entidades estudantis, das discussões políticas que daquele momento, principalmente em defesa da Universidade pública, gratuita e de qualidade.
Em relação às discussões internas, lutávamos para que a UFOP oferecesse equipamentos sociais de modo a garantir a permanência dos estudantes de baixo poder aquisitivo, na Universidade. Lutávamos pela manutenção e melhoria do Restaurante do Campus do ICHS, a construção de moradias estudantis, bolsa alimentação para estudantes carentes, vale-transporte para os estudantes que moravam em Ouro Preto, melhoria do acervo bibliográfico etc.
Em relação à moradia estudantil, discutíamos os critérios de ocupação das novas casas que seriam construídas. Os princípios fundamentais era a ocupação através do sorteio caso existisse vagas.
Como as obras de construção da nova República, era muito lenta e por vezes ficava parada por longos períodos, passávamos a reivindicar junto à Administração da UFOP o aluguel de mais uma casa, tendo em vista a superlotação da República Sé.
Acabamos conseguindo alugar mais uma casa. Casa essa que veio a se transformar na República Zona, localizada na Rua Wenceslau Brás em Mariana.
A prioridade de ocupação dessa nova casa era daqueles estudantes que estavam morando na República Sé e manifestassem interesse em ir para a nova República. Como apenas três estudantes manifestaram interesse em se mudar para a nova casa, as outras três vagas foram sorteadas. Em abril de 1987, eu, Solange e Érica nos mudamos e logo em seguida vieram o Márcio, a Sônia e a Janaína.
O nome da República surgiu de forma espontânea ao longo do tempo. Acontece que a República da Zona era localizada na Rua que funcionou no passado a “zona” de Mariana.
Os próprios estudantes do ICHS ao se referirem a nós, moradores desta Repúublica, diziam: “O pessoal da República da Rua da Zona” e assim o nome pegou – República da Zona – fundada em abril de 1987 e que funcionou nessa rua até fevereiro de 1991, quando se transferiu para a última casa a ser construída no campus do ICHS. O critério de ocupação, durante o tempo em que morei na República sempre foi de sorteio da vaga. Tudo era muito organizado e os problemas sempre foram discutidos de forma a encontrarmos, conjuntamente, as soluções para os mesmos.
Posso dizer que o fato de ter morado quatro anos em uma República estudantil foi uma experiência única em minha vida, principalmente pelos laços de amizade e de solidariedade que existia entre os moradores. Laços que se mantém até hoje com alguns amigos daquela época.
E foi assim que nasceu a República Zona.

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