quinta-feira, 18 de setembro de 2008

LIVRO DAS REPÚBLICAS: ANEXO: CARTA AOS PROFESSORES E O PORQUE DE NOSSA GREVE! (1981)


CARTA AOS PROFESSORES E O PORQUE DE NOSSA GREVE! (1981)

Pelo que sabemos, a maioria ou a quase totalidade dos Senhores não têm em boa conta a greve que encaminhamos. Dado isto, caso exista alguma dúvi­da, tentaremos esclarecê-la de uma vez por todas.
A partir de uma ampla discussão com todos os estudantes, que não du­rou um dia, tampouco dois, mas um ano e meio, vimos acumulando toda sor­te de análise sobre os nossos problemas mais sentidos e que são hoje princi­palmente moradia e restaurante (temos também na ordem do dia a qualidade de ensino, a estrutura do poder, a democracia na Universidade etc).
Ano passado, quando levantávamos o problema do restaurante do MC., o Sr. Reitor dizia “A administração será vossa”. Hoje isto é esquecido e negado. Temos sim, como central, a administração do restaurante pelos es­tudantes porque conquistamos este direito e lutaremos por ele até que nossas forças se extingam. Mas existem também agravantes como a superlotação do REMOP, que pode gerar surtos de intoxicações e contaminações, com conse­qüências imprevisíveis e que saberemos muito bem a quem atribuir tais res­ponsabilidades.
Quando levantávamos, ano passado, o problema da moradia, o Sr. Rei­tor dizia: “Eu construirei alojamentos para mil e quinhentas pessoas”. Hoje isto cai no esquecimento e os Senhores, principalmente aqueles que moram aqui em Ouro Preto, conhecem muito bem a exorbitância dos aluguéis, o que para os estudantes se torna insustentável.
Este semestre, a partir de uma Assembleia Geral, os estudantes da UFOP deram acabamento a um bloco de reivindicações que foram: transpor­te para os estudantes da unidade de Mariana, construção urgente de moradias em quantidade suficiente para solucionar o problema (existem hoje cerca de 800 alunos sem moradia gratuita), abertura a mais rápida possível do res­taurante do M.C., com a administração pelos estudantes.
Numa reunião com os estudantes, o Sr. Reitor disse “Não” ao transpor­te para Mariana: diante das moradias, pateticamente sugeriu que talvez, pos­sivelmente, construiria lO casas no Morro do Cruzeiro. O restaurante seria aberto apenas em fevereiro de 82. Ora, é bom que fique claro que não estamos aqui para nos submetermos às vontades e às decisões da administração sobre quaisquer pontos. Estamos aqui, inclusive, para exigir soluções sobre proble­mas que consideramos importantes. Por isso, os estudantes, democratica­mente reunidos, democraticamente discutindo, democraticamente decidiram (goste ou não o Reitor) paralisar as aulas para negociar as soluções destes problemas. (falha no documento). Tanto é que em muitos pontos avançamos. Porém estas (falhas no documento), pois, de ambas as partes, per­cebíamos o (PNC) conseqüente e democrático que contribuía para um desfe­cho satisfatório da grave. Queremos o prosseguimento das negociações e não podemos, por hipótese alguma, admitir os obstáculos colocados pela Reito­ria.
Senhores, queremos voltar às aulas sim, mas queremos nossos problemas solucionados segundo nossos interesses. E quando voltarmos às atividades acadêmicas, queremos nossas aulas, nossas provas e conclamamos os Senho­res a nos atender.
Diretório Acadêmico da Escola de Minas. C.A. Livre Farmácia — DA Mariana — Pró-Entidade Nutrição.” – 1981

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