quinta-feira, 18 de setembro de 2008

LIVRO DAS REPÚBLICAS: ANEXO: “CARTA AOS PROFESSORES”


“CARTA AOS PROFESSORES” (1981)


Hoje, um segmento desta comunidade universitária, os estudantes, paralisam as aulas, e por acharmos de suma importância que todos os segmentos tenham, com absoluta clareza, os motivos que nos le­varam a isto, vimos, através desta, realçar a justeza de nossos objeti­vos e deixar claro — principalmente para os Senhores professores —que entramos em greve sim, não porque gostamos, pois sabemos muito bem que a greve prejudica a nós próprios. Mas quando é pre­ciso defender nossos interesses, em última instância, não vacilamos em utilizar para a luta este instrumento. E, quando decidirmos pela volta às aulas, reivindicaremos dos Senhores que estas nos sejam dadas, posto que são para nós fundamentais.
Cabe aqui fazermos um parentesis para lembrar o movimento dos professores universitários, no ano passado, onde vieram a paralisar as aulas na quase totalidade das Universidades federais do País, uma luta por salários melhores, melhor ensino, mais verbas e que tanto nos sensibilizou e com o qual estivemos inteiramente solidários.
Ao fazermos uma incursão pela história do movimento estudantil em Ouro Preto, veremos muito dos Senhores, que hoje são professo­res. lutando por melhorar as condições de ensino e assistência aos estudantes em muitas oportunidades, como em 1945, em 1947, em 1968. e em tantas outras. O fato é que quem está na condição de es­tudante hoje somos nós, e somos nós que temos que responder às questões, às solicitações que a História nos coloca.
Estaremos atirando na lata do lixo a luta travada por muitos dos Se­nhores para conseguir o REMOP e a administração autónoma dos estudantes sobre ela. Lutaremos agora para conseguir a abertura do Restaurante do Morro do Cruzeiro com os estudantes à frente da administração. Este foi, de direito, conquistado ao longo da his­tória, e este é o momento que lutaremos para que seja preservado. E bom lembrarmos que dentro da estrutura autoritária que a uni­versidade exibe hoje, este é o único e pequeno setor onde nós, estu­dantes de Ouro Preto, exercemos o poder (e temos sabido demonstrar nossa competência neste aspecto) e nessa perspectiva torna-se claro que a conquista do restaurante do Morro do Cruzeiro é uma extensão da conquista sobre o REMOP. Estaremos também atiran­do na lata de lixo a luta por muitos dos Senhores para conseguir moradias gratuitas, se não lutarmos agora para que este problema que tanto nos angustia seja atacado vigorosamente, de tal sorte a ser de uma vez por todas equacionado.
Senhores, vimos, com a maturidade e a segurança em que se apóiam nossos interesses e idéias, conclamá-los, bem como a nossos iguais, que se solidarizarem conosco. – Assembléia Geral da UFOP.” – 1981

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