quinta-feira, 18 de setembro de 2008

LIVRO DAS REPÚBLICAS: CAPA


LIVRO DAS REPÚBLICAS: FOLHA


REPÚBLICAS DE OURO PRETO E MARIANA: TRAJETÓRIAS E IMPORTÂNCIA






OTÁVIO LUIZ MACHADO
(ORGANIZADOR)




UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
PROJETO A ENGENHARIA NACIONAL, OS ESTUDANTES E A EDUCAÇÃO SUPERIOR: A MEMÓRIA REABILITADA (1930-1985)

LIVRO DAS REPÚBLICAS: CRÉDITO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
PROJETO A ENGENHARIA NACIONAL, OS ESTUDANTES E A EDUCAÇÃO SUPERIOR: A MEMÓRIA REABILITADA (1930-1985)

EQUIPE PERMAMENTE:

COORDENADOR TÉCNICO: PROF. DR. MICHEL ZAIDAN (UFPE)
IDEALIZADOR: OTÁVIO LUIZ MACHADO (UFPE)


UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
LABORATÓRIO DE PESQUISA HISTÓRICA
PROJETO RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DAS REPÚBLICAS ESTUDANTIS DA UFOP


EQUIPE DO PROJETO DO LIVRO:

COORDENADOR (EM 2000)

Otávio Luiz Machado

BOLSISTAS DE GRADUAÇÃO DA UFOP (EM 2000)

Adalberto Amorim Ribeiro
Donizete Aparecido Leandro Bezerra
Edvane André da Silva
Evandro Assis de Oliveira
Geyson de Almeida Lages
Luiz Augusto Tegedor Bernardes
Nilton Jerônimo da Silva
Tiago de Araujo Camillo



Conselho Editorial do Livro (em 2000)

Alexandre Milagres Rezende Silva (República Boite Casablanca)
Elecsander Nobre Lima (República Formigueiro)
Fabiana Luiza Muniz da Silveira (República Bem na Boca)
Francisco Daniel Costa (República Bastilha)
Gessé Albino da Silva (República Zona)
Ronaldo de Carvalho Oliveira (República dos Deuses)
Sabrina Soares de Araújo Ferreira (República Palmares)
Mateus Garcia de Senna Carneiro (República Ninho do Amor)


Consultoria: Prof. Dr. Ângelo Alves Carrara

Responsável Técnico: Otávio Luiz Machado Silva

Capa: Pós-Imagem Design





Ficha Catalográfica:

Ficha Catalográfica:
Repúblicas de Ouro Preto e Mariana: Trajetórias e Importância/ Otávio Luiz Machado (org.). Recife: Projeto A engenharia nacional, os estudantes e a educação superior: a memória reabilitada (1930-1985), Centro de Tecnologia e Geociências/Coordenação de Extensão/Universidade Federal de Pernambuco, 2007. 420 p.
1. Estudantes universitários – Comportamento. 2. Movimentos Estudantis. 3. Universidade Federal de Ouro Preto – moradias estudantis. 4. Memória Histórica. 5. Psicologia Social. 6. Sociologia da Juventude. 7. Universidade. 8. Educação extracurricular. 9. Expressões culturais.
CDU316.6:378.4

LIVRO DAS REPÚBLICAS: DEDICATÓRIA

DEDICATÓRIA

Aos que acreditaram neste trabalho, aos que lutam pelas repúblicas estudantis de Ouro Preto, fazendo destas casas um ambiente produtivo, nossa homenagem.

LIVRO DAS REPÚBLICAS: AGRADECIMENTOS

AGRADECIMENTOS

A todos que colaboram para a existência do nosso projeto ao longo dos anos.


LIVRO DAS REPÚBLICAS: PREFÁCIO


PREFÁCIO

Este livro é o verdadeiro retrato das repúblicas dos estudantes.
Nesta história insere-se o meu galhardão de fundador da República Formigueiro, uma casa onde se forjaram carateres de homens que se tornaram, até hoje, meus melhores amigos. Para isto, sobretudo, sempre serviram as Repúblicas.
O Engenheiro Pedro Rocha no seu livro Homens de Ouro Preto já se referia à República Bastilha hospedando Getúlio Vargas “um indiosinho pequenino, magrinho, sempre com um risinho indefinível a mascarar-lhe o pensamento”, récem-chegado na década de 90.
Em 21 de abril de abril de 1954 ao transferir para aqui simbolicamente, a Capital do Brasil, meses antes do seu suicídio, ouvi daquele Presidente da República palavras carinhosas sobre a “República Bastilha”. Recebi dele um autógrafo “com um abraço” coisa que, junto a foto daquele momento, guardo com muita emoção.
Esse convívio republicano de no mínimo 6 anos estimulava o aparecimento de vocações extra-curriculares. Na Formigueiro o Engenheiro Maestro Ubirajara Cabral criou o Coral de Ouro Preto que ganhou o título nacional do Jornal do Brasil de melhor coral de música popular nos anos 50 e até hoje não superado.
Nas serestas da República Sinagoga nasceu o Engenheiro Cantor João Bosco, hoje um expoente das paradas musicais. E dos “golos” de cachaça nas festinhas também se lamenta os descaminhos para o alcoolismo de alguns fracos.
Da minha Formigueiro são imensas as lembranças. O Pintor Alberto da Veiga Guignard, aos beijos com a cozinheira “comadre” Regina por quem sofreu inesperada e alcoolizada paixão.
A voz de prisão que eu recebi quando lecionava uma aula para minhas paraninfadas na Escola Normal por autoria comprovada do roubo do porco da Dona Tonica. Isto foi uma arbitrariedade porque os larápios eram da Pensão Vermelha. Havia se celebrado um “convênio” com a Formigueiro para a matança, banquete do suíno e devolução dos ossos a sua proprietária, que foram embrulhados, com fita de presente, em um jornal de assinatura com meu nome e endereço.
Juscelino Kubitschek escolheu um engenheiro da Escola de Minas, Israel Pinheiro, para construir Brasília em 4 anos. Veio a Ouro Preto, como Governador de Minas e ao visitar uma República, com Israel procurou o Presidente para manifestar-lhe seu desejo de ter este título!
É importantíssima na vida profissional, a função da República. Ali se revelam, inteiramente, as tendências humanas, o senso de responsabilidade, de tolerância ou agressividade, de organização e de lealdade, de garra, tão necessários ao perfil de um engenheiro. São centenas as equipes de sucesso nos grandes empreendimentos que foram formadas a partir desse conhecimento.
Um dos mais expressivos foi a construção de Brasília. Para as posições que não podiam falhar foram convocados os Engenheiros da Escola de Minas: Diretorias de Operações, Planejamento, Energia Elétrica, Saneamento, Estradas etc. Eram da confiança absoluta de Israel Pinheiro que realizou a obra do século, no Brasil, a saber colocar o homem certo no lugar certo.
As repúblicas sempre se constituíram como uma família mais verdadeira que a consangüínea. Isto porque cada um escolhe seu irmão. Não há o grupo familiar imposto e muitas vezes detestável. E se o escolhido não é o ideal você o substitui.
A comunidade assim formada convive durante anos e anos. E o mais rico nunca leva vantagem. Mas a dignidade de cada um é o que conta para nivelar a vida em comum.
É comum se ouvir de antigos alunos que quando as repúblicas possuíam cozinha própria e não havia o Restaurante Universitário, a convivência era maior entre os estudantes e a influência republicana na moldagem das personalidades era completa.
Em Ouro Preto não é importante saber em que ano você se formou mas em que República você morou. Não são seus colegas de bancos escolares seus grandes amigos mas seus companheiros de vida estudantil. Isto se constitui na mais expressiva experiência de vida que jamais tive.
É notável como estas casas, com mais de um século, mantém acima das leis, em perfeito regime anárquico, uma tradição e coerência. Todos mandam e ninguém obedece.
Que pessoas e entidades sigam o exemplo da Fundação Gorceix ajudando os estudantes carentes, a Escola de Minas e a Universidade, mantendo este modelo de vida, de solidariedade e liderança.
Liderança que permitiu a homens como Pandiá Calógeras, um civil, engenheiro, tornar-se o mais expressivo Ministro da Guerra do Brasil.
Os livros de visitas e registros das Repúblicas as de atas do Centro Acadêmico ou os depoimentos em tantos livros como os escritos por David Dequech, José Fiuza de Magalhães, Cassio Damazio são preciosidades históricas a serem preservadas.
Soma-se a tudo isto, agora, esta obra coordenada pelo escritor e pesquisador Otávio Luiz Machado Silva – um homem fiel a Ouro Preto e Mariana.
Muito me honra prefaciar este livro, porque em Ouro Preto é uma legenda. E disto muito necessita o Brasil.



KLEBER FARIAS PINTO
Engenheiro e ex-aluno da República Formigueiro

LIVRO DAS REPÚBLICAS: PRIMEIRA PARTE



PRIMEIRA PARTE






E a história humana não se desenrola apenas nos campos de batalhas e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquinas.
Disso eu que quis fazer a minha poesia.
Dessa matéria humilde e humilhada, dessa vida obscura e injustiçada, porque o canto não pode ser uma traição à vida, e só é justo cantar se o nosso canto arrasta consigo as pessoas e as coisas que não tem voz.

Ferreira Gullar

LIVRO DAS REPÚBLICAS: PARTE 1: AS REPÚBLICAS – POR ELAS MESMAS

CAP. 2 AS REPÚBLICAS – POR ELAS MESMAS

ADEGA


A república Adega é de propriedade da Escola de Minas de Ouro Preto e está situada na Avenida Vitorino Dias, nº 118, no centro histórico de Ouro Preto.
Esta república foi fundada aos onze dias do mês de março de 1963. Foram seus fundadores: Benedito França Barreto, Carlos Campos Bueno, Ernesto França Barreto, Serafim Carvalho Melo e Urias Francisco de Lima. Foi batizada com o nome de República Adega.
A república possui um estatuto que define todos os direitos e deveres dos republicanos. Todo candidato a fixar residência nesta república deve se submeter a esse estatuto.
Pode fixar residência na república o aluno matriculado em qualquer curso da UFOP, sendo que 60% das vagas devem ser preenchidas por estudantes matriculados nos cursos de engenharia. Ao chegar na república, o aluno deve passar por um processo de adaptação, no qual é observado pelos republicanos em relação a alguns aspectos, como sua iniciativa para conservação e melhoria da casa, relacionamento com os republicanos, além de passar pelos tradicionais trotes. Depois desse período, os moradores fazem uma reunião e entram num consenso, escolhendo ou vetando o "bixo".
Um morador é expulso da república somente se entrar em conflito com outro (s) republicano (s) ou seu modo de vida se tornar incompatível com o da república.
A república possui uma hierarquia que vai dos moradores com mais tempo de casa até os mais recentes, a partir de sua iniciação na universidade. Essa hierarquia faz com que os mais antigos na república tenham alguns direitos sobre os mais novos, como, por exemplo, a sucessão dos quartos da casa.
No início de cada semestre letivo é definida uma escala de presidentes e vice-presidentes (com mandato de um mês) para todo o período, inclusive férias. Somente republicanos assumem a presidência e a vice-presidência. O presidente é responsável pela administração dos gastos da república em que todos os moradores são beneficiados. Também é definida a escala do rango do Domingo. Todo Domingo uma dupla de moradores é responsável por fazer um almoço, o qual reúne todos os moradores, aumentando a união na república.
A república possui uma conta, denominada "caixinha", cujo dinheiro é usado para a melhoria e conservação da casa. A conta é mantida com o dinheiro de hospedagens de turistas em excursões ou eventos como carnaval e festival de inverno.
Todo ano é comemorado, com muita festa, o aniversário da república, contando com a participação de ex-alunos e convidados. Durante o dia há um momento de integração entre republicanos e ex-alunos, com muito golo e churrasco, e a festa se estende durante toda a noite com a chegada dos convidados.
Todo dia 12 de outubro é comemorado o aniversário da Escola de Minas e é realizada uma grande festa na república, com muita cerveja, cachaça e churrasco, contando com a presença e contribuição dos ex-alunos, além da presença de amigos. Nessa festa os ex-alunos são homenageados a cada 5 anos, a partir de 5 anos de formado.
Fazendo parte de sua tradição, a república Adega procura participar de todos os eventos esportivos e festas de confraternização com as demais repúblicas, mantendo assim um bom relacionamento, além de sempre estar envolvida em assuntos e eventos relacionados à universidade.


AQUARIUS


A República Aquarius foi fundada no dia 20 de agosto de 1969, quando tomados por um espírito de luta, os primeiros aquarianos ocupam uma casa que seria destinada inicialmente a professores da Escola de Minas. Localizada na Rua Paraná, 26, são seus fundadores Evandro Bomtempo, Roberto Brandão, Botiô, Campolina, Teófilo, Norival, Luiz Romano Russo, Quinquinha, José Wilson e Pinga. Evandro Bomtempo, durante as homenagens de seus 25 anos de formatura, no 12 de outubro de 1997, nos relatou todo o início: “Nós invadimos a república. Esta casa era do Dr. Washington. Ele vendeu a casa para ele mesmo. Era o chefe do patrimônio da Escola. Aí a casa estava em construção, nós morávamos em cima e a reforma acontecia em baixo”.
Segundo Bomtempo, a república Aquarius foi criada quando entrava na chamada Era de Aquarius. E foi ele quem criou o “timão” da república, o nosso logotipo ou símbolo: “Então era a “Era de Aquarius”. E Aquarius tem a ver com água, água tem a ver com o mar e no mar tem navio, tem o timoneiro. Mas a logomarca não tem muita coisa a ver, pois foi muito difícil bolar o traço.”
A fundação da Aquarius ocorreu em um momento delicado no Brasil e no mundo, nos conturbados anos de 1968 e 1969. Diversos episódios de transformação, redefinição e mudanças nos campos políticos, sociais e culturais se impunham. Em plena Guerra do Vietnã, em 1969, o público de Woodstock a condena, junto a uma mistura de música, LSD, rebeldia, amor livre, conflito de gerações e em plena busca da paz e da liberdade para o mundo. Os conceitos são revistos, a mentalidade presente apresenta arranhões, quando não cisões, e essa busca por um mundo melhor, mais humano, livre, justo, diferente e para todos se torna ao mesmo tempo um desafio e uma causa a seguir.
O General Costa e Silva decreta o AI-5 e a ditadura fecha o cerco. Para eles, é preciso controlar a mudança, tornar esse mundo confuso, injusto, para poucos, em algo moldável a imagem e semelhança dos que se apresentam como seus donos. Daqui, os meninos da Aquarius começam a montar seu próprio mundo, a habitar em uma comunidade de homens em busca deste espaço no mundo. No pequeno pedaço da Rua Paraná queriam deixar sair um exemplo, anti-individualista, mais humano e mais engajado, que seria levado junto para onde partissem. Mas sempre com o pensamento de que sempre se precisa deixar um exemplo, uma semente, novos adeptos. Época de sonho coletivo, onde não se individualizavam conquistas e aprendizagens. Éramos tudo um só. Ainda se busca manter tal padrão de vida.
A partir daí começaram trinta e um anos de sonhos, desafios, luta, aprendizagem, inovação e ousadia, conquistados no convívio diário, pelo respeito, dedicação e humildade. Sua trajetória, reunida em uma série de impressões e expressões de seus moradores, tanto dentro da casa como na vida profissional dos seus ex-alunos, daria dezenas de livros. A memória e uma série de fotos, poesias, músicas, lembranças espalhadas, guardadas ou perdidas no tempo seria a matéria prima. Porém, para quem não viveu ou vive em uma república federal de Ouro Preto, não pôde saber com detalhes sua importância, abrangência, convívio e valores, sempre manifestados com sinais de gratidão e de respeito.
A Aquarius é considerada uma república universitária, pois soube ao longo de sua existência ocupar seu espaço dentro da Escola de Minas, da UFOP e da cidade de Ouro Preto, através de seu modo particular de ser e realizar. Não se caracteriza ou se destaca apenas pelo tamanho do espaço físico, mas pela variedade de “consciências” e de atuações.
Ao receber um calouro, abrigá-lo – muitos chegam apenas com uma mochila nas costas e muita vontade de crescer –, oferece respaldo emocional, intelectual e material a estes que trazem frequentemente expectativas e idéias nem sempre corretas sobre o ensino universitário ou até sobre sua própria existência. Não se exige do “bixo” apenas o desenvolvimento de tarefas da casa, pois sua “utilidade” à casa se torna importante na demonstração do caráter e da personalidade nesta nova casa que adentra, que possa contribuir à sua maneira com a casa. Não existe um morador ideal, nem queremos, mas que tenha vivência, aprenda o quanto antes e com tudo e todos nesta casa. Nesta fase inicial, uma boa morada é fundamental.
A República Aquarius possui diversas atividades ou vêm se destacando em diversos campos, que ilustram tanto o dinamismo dos aquarianos como o engajamento para a superação, que merecem ser mostrados em relação ao esporte, música, poesia, política universitária, social e outros.
Nos esportes, foram estes alguns dos títulos conquistados pela República Aquarius: Campeã do II Campeonato de Repúblicas “Torneio do Centenário”, promovido pela A. A. A.E.M./DA, em 1976. Este centenário da Escola de Minas foi importante, pois a Escola passava por um momento delicado em sua existência. Buscava-se novo fôlego, uma nova identidade e também um novo espaço de trabalho em conjunto com a nova Universidade Federal de Ouro Preto. Além disto, houve grande festividades na data, homenagens, lançamento de um selo comemorativo e campeonatos. Outros êxitos esportivos são: Campeã da Adem em 1986, nos 110 anos da escola de Minas; Bi-Campeã do Torneio Bêra-Bosta, edição 2000/1; Campeã dos I Jogos Internos Ufopianos em 22-09-1988; Campeã do II Campeonato Universitário de Futsal, em 1991/1.
Na música, tivemos bons seresteiros, como o tiufim, e outros nem tão bons como este, mas que alegraram muitas noites na Aquarius e nas ruas e ladeiras de Ouro Preto.
Temos bons poetas: o ex-aluno Jorge Ney Esmeraldo (Ceará) é um deles. Soube captar, registrar e divulgar sua sensibilidade no papel. Neste campo nos referimos apenas a ele, porque é o único que sabemos ter publicado os livros, que intitulam-se Poesias Fractais, Poescultografia – o Encontro de Três Artes e Metodologia e Estratégia para a Inserção da Educação Ambiental no Ensino Profissional, trabalho este resultado de sua dissertação de mestrado, com prefácio de um outro aquariano, Jaka, o historiador Otávio Luiz Machado Silva. Muitos outros versos estão guardados, outros já não existem e outros estão a espera ou irão surgir ainda.
Na política universitária sempre nos destacamos. Foi o espírito transformador, a articulação e o diálogo dos moradores contrários ao estabelecido, ao pronto, ao entregue, que muitas das entidades estudantis tiveram entre os seus fundadores estudantes aquarianos. Em 1997, estávamos representados nos dois principais conselhos da Universidade, o CEPE e o CUNI, bem como em entidades de peso como DAEM, CAEM, SICEG, Comissão do REMOP, DEC, CACIC e SICEM.
No aspecto social, além do excelente contato com os “nativos” ou vizinhos, e a amizade com as outras repúblicas estudantis universitárias da UFOP, estivemos à frente de uma importante campanha nos anos de 1996 e 1997. Trata-se da Campanha “Solidariedade Ufopiana”, nascida, consolidada e divulgada a partir da Aquarius, visando prestar às famílias carentes da cidade, no período natalino, um pouco de nossa caridade, juntamente com os demais estudantes, para que doassem uma cesta básica, roupas e sapatos. Foi um sucesso e um importante exemplo na valorização da relação estudantes e comunidade.
Mas as atividades dos aquarianos não param por aí. Recentemente o ex-aluno Bakana produziu uma mapa de Ouro Preto, que está afixado em todos os departamentos da UFOP e espalhado em várias partes de Ouro Preto e do país. Tivemos bons desenhistas, como o Rafael Ayres e o Bunitim. O Rafael é hoje um renomado designer gráfico, e o responsável por toda a produção gráfica do presente livro e um outro trabalho de peso como o da produção gráfica da Revista Bundas, editada pelo Ziraldo e alguns companheiros. Além do mais, sem ser redundante, é importante frisar que o Projeto “Reconstrução Histórica das Repúblicas Estudantis Universitárias da UFOP”, que resultou neste livro sobre a História das Repúblicas, foi produzido, em parte, entre as paredes desta grandiosa casa, com a participação de três de seus moradores: Otávio Luiz Machado Silva (Jaka), Edvane André da Silva (Ronaldão) e Luiz Augusto Bernardes Tegedor (Piskila) na coordenação ou organização, além de vários moradores como colaboradores.
Nesta questão, também, podemos citar a produção acadêmica da Aquarius. Vários de seus moradores possuem ou já tiveram bolsa de pesquisa, tanto do CNPq e FAPEMIG como da própria UFOP, bem como publicações acadêmicas como estudantes de graduação.
Nossa relação com os ex-alunos, que apoiam o funcionamento da casa ou são às vezes nossos “mentores”, está expressa na fala de nosso ex-aluno Rafael em nossa festa de 30 anos: “Hoje ainda eu recebo, eu encontro os amigos que passaram por aqui, que para mim é como se fossem irmãos, pois não tem diferença alguma. E até hoje, quando alguém me telefona daqui, para pedir qualquer coisa, eu estou aberto, porque para mim é parente, é igual, é afim, pois passa pela mesma história” (05 de setembro de 1999).
A aprendizagem em uma república como a nossa, em que se aprende tanto convivendo como se tem um leque enorme de possibilidades para o crescimento profissional e pessoal é algo interessante de ser divulgado, aproveitado e realizado por outros. Não passamos por aqui impunemente. Nossa rica passagem nesta casa significa estar sempre se apoiando, se fortalecendo e se dignificando como pessoa humana, na buca de uma sociedade mais ousada e transformadora, como ocorreu com nossa própria existência. Cumprimos seu objetivo principal: o compromisso com a superação.
Atualmente conta, a Aquarius, alunos de Engenharia de Minas, metalúrgica, Civil, Geológica, Produção, Matemática, Direito e História.


ARCA DE NOÉ


Num dia de 1927, em que a névoa cobria Ouro Preto, mandei um sinal a alguns rapazes estudantes de engenharia da Escola de Minas que se encontravam em um estado de “não muita lucidez” (in vino veritas, ou, em Ouro Preto, in cachaça veritas). Estes então, tomados pelo espírito iluminista de Gorceix e pelo sussurrar de minhas palavras em suas mentes, erigiram uma morada segura para os “bixos”: a República Arca de Noé.
Dentre estes rapazes, o cearence Frederico Albuquerque, ao voltar para sua terra natal, já como Ex-aluno Arqueano, deixou registrado no Museu Municipal de Fortaleza, as origens históricas da Escola de Minas e da República Arca de Noé.
O primeiro porto foi na casa histórica do inconfidente Tomás Antônio Gonzaga (atual Secretaria de Cultura e Turismo de Ouro Preto) na Rua Cláudio Manoel. Em meio a turbulências vividas nos idos anos de 30 e 40, grandes Arqueanos como Eitel Burger Frambach, Rodrigo Lopes e Moacir do Amaral Lisboa, tomaram com firmeza o timão da Arca e colocaram-na em rumo certo. Cansados daquelas águas, ou querendo ficar mais próximos dos poucos rabos de saia que circulavam na cidade, flutuaram até a esquina com a Praça Tiradentes, lançando âncora em novo porto. Na realidade o que flutuou foram os móveis carregados nas costas, ladeira acima, pelos rapazes Arqueanos. Um deles, Frambach, exausto, pôs a cama na Praça Tiradentes e dormiu tranquilo até o amanhecer sob a vigilância do sentinela da antiga penitenciária, hoje Museu da Inconfidência. Da Praça a Arca navegou para trás da Escola de Minas, na antiga casa de Moacir Lisboa, tendo como vizinhos a República Castelo dos Nobres e a República Pureza. Dali, após algumas tempestades, os “ventos” levaram a Arca à aportar ao lado da Igreja Nossa Senhora da Conceição (Matriz do Antônio Dias), casa alugada pertencente à João Turco, que na prática nunca recebeu o aluguel.
A Arca continuou acolhendo novos “bixos” e superando tempestades até que num dia de sol e céu azul um homem de gravata e amigo da Escola veio visitar Ouro Preto. Sabendo da visita deste homem, Leonino Ramos Caiado e Kleber Farias Pinto, entre outros, se prepararam e foram de encontro a ele. O homem era o empresário Antônio Ermínio de Moraes, o patriarca fundador do grupo Votorantin, que admirado com as idéias de progresso colocadas pelos Arqueanos, fez doação à Casa do Estudante da Escola de Minas para construção de duas moradias estudantis, onde uma delas é o atual porto seguro da República Arca de Noé, desde 1958 (Rua Xavier da Veiga, 164 – Centro Histórico de Ouro Preto).
Alegres e orgulhosos com o novo lar, pediram ao amigo artista Chanina uma placa para identificar a República que, não sei por que cargas d’água, foi terminada por um outro artista, um homem de lábio leporino e muito carismático chamado Guinard. E eu pergunto: “ – Onde estará esta placa?”
Desde então a Arca é dirigida por dez rapazes, hoje de diversos cursos da Universidade Federal de Ouro Preto, e que há alguns anos adotam o costume de batizar cada novo Arqueano com um nome de animal. Seus mais de 75 Ex-alunos e Homenageados tem presença constante na forma dos tradicionais “Quadrinhos de Formatura” e, não menos que eles, a Comadre Maria de Fátima, que cuida de todos com amor há mais de 22 anos.
Esta é a República Arca de Noé, que passa por tempestade e bonança, permanecendo como um lar de convivência harmônica e de profunda amizade, onde respeito, união e fraternidade são fundamentais, fazendo aflorar no coração de cada um o que há de melhor no ser humano.


ARCÁDIA


A República Arcádia surgiu em 1977 da União de estudantes de cursos variados que com o mesmo objetivo resolveram alugar uma casa, dividir as despesas e assim diminuir o custo de vida. Nascia o que poderia ter sido apenas mais uma república particular em Ouro Preto. No entanto, essa república, desde de seu nascimento, já demonstrara contornos de sua especialidade, pois até então, não era comum que estudantes de cursos variados convivessem organizados nas tradicionais repúblicas de Ouro Preto. Mas naquela casa da rua Antônio de Albuquerque, as coisas eram diferentes. Eram estudantes de Engenharia, Farmácia e História convivendo de maneira tranqüila e dividindo uns com os outros os melhores anos de suas vidas.Hoje, com mais de vinte e três anos de história, a República Arcádia ainda encontra-se no mesmo lugar, e a solidariedade, a amizade e companheirismo de outrora têm crescido juntamente com o passar dos anos. Já são vários os Ex-Alunos, 11 os moradores e infinitos os casos e histórias que passam de geração em geração.Contudo, entre todos esses casos um deles merece destaque. Merece destaque por se tratar de um sonho que povoa o pensamento dos Árcades de todas as gerações, de todos os anos, “Uma Casa Própria”.
Foi em setembro de 1997, quando o proprietário da casa onde se encontra a República Arcádia, não demonstrando interesse em renovar o contrato de aluguel, trouxe aos Árcades a ameaça de perda de toda sua história e tradição.Por esta época, descobrimos que havia uma casa da Universidade desocupada e vimos, então, a possibilidade de salvarmos nossa história, nosso passado e garantirmos nosso futuro.Foram várias as inspeções e as visitas noturnas para que pudéssemos analisar friamente a maneira de realizarmos a ocupação. Em reunião, traçamos os planos, que realizados de maneira precisa vieram a nos levar para dentro da casa. Em poucas horas, todos os nossos móveis já estavam conosco e de mãos dadas rezamos, agradecendo o sucesso da operação e pedimos para que Deus abençoasse nosso novo lar. Era exatamente duas horas da manhã do dia seguinte, quando regávamos com orgulho na nova casa a placa de nossa República. Na época os moradores eram os seguintes : Sombra, Perninha, Da Lua, Bolota, Kliança, Bikudo, Fissura e Requejão, acompanhados dos amigos Amber Vision e Kokim. No entanto, apesar da alegria momentânea e sucesso aparente, as coisas não foram fáceis, pois não tínhamos sequer o apoio total dos alunos, posto que as mulheres entendiam não ser viável mais uma república masculina da UFOP. Acabamos por nos retirar da casa invadida apenas com promessas, nunca cumpridas, de recebermos uma moradia da Universidade.Mas a frustração do fracasso cedeu lugar a um orgulho enorme que tomou conta de nós, pois havíamos tentado retribuir à casa que nos proporcionou alguns dos melhores anos de nossa vida uma pouco de tranqüilidade quanto ao futuro e à certeza da imortalidade. Contudo, para quem é verdadeiramente Árcade, o futuro de nossa casa estará sempre garantido e a República Arcádia será sempre imortal, pois não fomos unidos por paredes ou por um teto, o que nos une é a amizade, a tradição e o respeito, e esses sentimentos não precisam de casa, precisam apenas de retribuição.
Entretanto, o sonho de uma casa própria não está distante. A cada dia, a cada semestre, a cada novo vestibular mais jovens são contaminados por este sentimento de amizade, respeito e tradição. Esses serão a continuação, a história. Espírito novo na busca de um sonho antigo. Sonho antigo que se renova com um Espírito novo. Sonho que sonhado só será sempre sonho, mas se sonhado junto se tornará, sem dúvida, realidade.


ARTE & MANHA


A República Arte& Manha foi fundada em 19 de Setembro de 1982 e fica localizada no Campus Universitário do Morro do Cruzeiro. Sua fundação foi profundamente marcada pela participação de seus fundadores no movimento estudantil da década de 80.
O nome Arte & Manha foi resultado de um processo democrático. Os fundadores optaram por fazer uma festa na qual os convidados sugerissem um nome para a república. Foram selecionados três nomes: Cabaré Barroco, Wiltaker e Arte & Manha, esse último venceu por unanimidade entre os moradores.A república diferenciava-se das outras por ter como fundadores alunos de todos os cursos, pelo fato de aceitar estrangeiros e na origem era masculina. A transição para mista não resultou de problemas da república vizinha (como acreditávamos). Ocorreu que duas meninas dessa república vieram passar dois meses na Arte & Manha, essas não tinham onde ficar até se transferirem para Belo Horizonte. Este fato serviu de precedente para que algum tempo depois outras duas meninas, Cláudia e Laura, muito amigas dos moradores de então, viessem morar temporariamente; elas também passavam por dificuldades com relação à moradia, como o relacionamento estabelecido foi positivo, os moradores decidiram por efetivar Cláudia e Laura como moradoras, isso se deu no dia 22 de Junho de 1986.
Com 18 anos de fundação a Arte & Manha tem como membros seis mulheres e 9 homens, sendo o convívio marcado por uma grande união, respeito entre os moradores, pois a vida em comunidade (república) é respeitar o ponto de vista do outro, onde o debate é um ponto importante para o convívio, onde o decidido é o interesse do grupo.
Ao longo desses dezoito anos muitos estudantes passaram por aqui, muitos deles infelizmente não chegaram a formar-se em Ouro Preto e outros que apesar de formados apenas deixaram seu quadrinho e nunca mais voltaram. Felizmente existem aqueles que fazem parte de nossa história e tem um forte vínculo conosco. Isto torna possível uma forte amizade entre ex-alunos e moradores, mesmo para aqueles que não chegaram a morar numa mesma época.
Nosso aniversário é comemorado no dia 12 de Outubro (Festa do Doze), momento em que moradores, ex-alunos e amigos se confraternizam.
O espírito da república está bem representado por nosso nome, pois as dificuldades encontradas e superadas pelos fundadores, a transição de masculina para mista e o preconceito do qual fomos e somos vítimas só se supera onde a diferença não é algo pejorativo. Princípios, culturas e objetivos diferentes... Onde as dificuldades particulares são superadas em conjunto.
Enfim, temos que ter muita ARTE & MANHA para lutar pelos nossos objetivos e conquista-los. Ter o verdadeiro espírito artemanhense de companheirismo, irreverência, união e crescimento individual das pessoas que fazem parte dessa história.

BANGALÔ

UMA ESCOLA PARA A VIDA...


Em meados do primeiro semestre de 1976, em 26 de abril, uma segunda-feira, jovens estudantes da Escola de Minas de Ouro Preto, vindos da cidade de São Sebastião do Paraíso-MG, tiveram a honra de fundar uma nova república em Ouro Preto, situada à Rua das Mercês, 247.
Vieram eles, em grupo de nove pessoas, pois já moravam juntos, nos fundos de uma casa, em quartos alugados, no então "Beco dos Bois". Era uma época em que faltavam casas e sobravam estudantes. Ao saberem da intenção da Reitoria em adquirir algumas casas, começaram a "batalhar", de todas as formas, a obtenção de uma delas, conseguindo após algum tempo, realizar aquele grande sonho de morar em uma república da Escola de Minas, vindo a residir nesta casa que, a princípio, seria destinada a professores.
Nascia, assim, a nossa querida República Bangalô, dando início a uma grande família. Começou, a partir desta data, toda uma história de convivência, de alegrias e tristezas, de festas e estudos, que se desenrola até hoje.
Gerações posteriores de estudantes percorreram esta mesma trilha e souberam manter viva esta chama, não a deixando apagar através dos anos, conservando e melhorando não só as instalações físicas (e como melhoraram) mas, principalmente, preservando vivo o "espírito bangaloense", depois de mais de duas décadas, sempre fiel àquelas raízes.
Quantos bangaloenses já passaram por aqui, deixando marcas inapagáveis de suas peculiaridades! Pessoas que chegaram aqui de uma forma e foram embora, anos depois, de outra, levando consigo um tipo de aprendizado que vai muito além daquele que se adquiri nos livros: o de tomar as rédeas da própria vida para reinventá-la a cada novo dia. Os pés fincados no chão da esperança e o olhar, alegre e determinado, em direção ao horizonte. Tudo isto possível pela convivência diária de uns com os outros. Um aprendizado recíproco. Coisas que só Ouro Preto pode ensinar: a solidariedade, o companheirismo até nas farras, o respeito à opinião do outro, o acolhimento, a compreensão e, muitas vezes, o abraço fraterno e silencioso. A alegria e a fé na vida, características marcantes do "espírito bangaloense", vividas e facilmente identificadas desde os primeiros até os moradores atuais. Características lembradas, ainda, a todo instante, pelos ex-alunos que sempre retornam para reviver alguns destes raros momentos mágicos, onde se partilham sonhos, dores e encantos, em diversas ocasiões, principalmente, nas festas do Doze.
Nos últimos anos surgiu uma grande novidade entre nós: a possibilidade de estreitar ainda mais os nossos contatos, na convivência com os nossos familiares, dentro de nossa própria e querida República Bangalô, em uma confraternização anual que acontece no mês de novembro, chamada entre nós de "Festa dos Pais". Nesta ocasião, todos os familiares dos atuais moradores vêm até a república para rever seus filhos e irmãos. Assim, acabam por sentir o sabor de viver, por alguns dias, a incrível condição de ser um aluno da Escola de Minas de Ouro Preto. Momentos de rara beleza, repletos de emoção, marcando o coração de todos os que participam, como demonstram aqueles familiares que já estiveram aqui em anos anteriores, naqueles dias.
O caminho é longo e ele se faz ao caminhar... A família bangaloense se amplia a cada ano, crescendo o número de ex-alunos e a maioria mantendo contato permanente com a república. E embora não estejamos mais, a todo momento, sob o mesmo teto, como muitos dos que passaram por aqui já estiveram, basta um simples telefonema, um encontro casual, para que todas estas lembranças venham à tona e retornem à memória com força total. Então o dia se ilumina e, nesta hora, só nos resta dizer o que já disse um dos ex-alunos uma vez: "só quem viveu é que sabe..."


BASTILHA


1982 – Surge a 1ª república a ocupar uma das casas do Campus Universitário: a República BASTILHA. A mudança aconteceu no dia 13/04 e a casa foi formada por 3 repúblicas: Bastilha, Sonho de Virgem e Alambick. O nome Bastilha foi escolhido com o consentimento de todos os moradores e foi escolhido como símbolo a Guilhotina. Houve uma festa de inauguração da placa no dia 30/04 com muito foguetório e algumas reclamações dos vizinhos...
Fundadores: José Juarez Borges Filho - Tigrão
José Antônio Machado Duarte – Haty
Ernesto Agostini – Rôia
Luís Antônio Callegari – Macarrão
Juarez Cândido da Silva – Jeb
Washington Luís Mafra – Gafanhoto
Waldemar Martins Andrade – Carabina
João Bosco Tavares Lana – Mandioca
Luís Antônio Villela – Passa Quatro
Evânio Gariglio – Bacalhau
Edson José Vieira – Conceição
Vagner José Ladeira – Zé Rato
Ciro Augusto Penido – Frangão
Antônio Sérgio Magnabosco – Sacramento
José Geraldo Soares Salles – Zé Coco
Sérgio Nozaki – Jão Ponês
Fernando César Aguiar – Azulão
Pedro Ferreira dos Santos – Pedro Boiada
José Augusto de Lollo – Gordo
Arlon Bastos da Rosa – Bola

1983 – Este é o ano que a República Bastilha ganha um de seus personagens mais ilustres: D. Geralda, a “cumadre” que está até hoje com os Bastilhanos.
1987 – A República Bastilha comemora 5 anos de fundação. Neste mesmo ano, a Folha de São Paulo publica no dia 16 de abril uma reportagem sobre as repúblicas de Ouro Preto. Esta reportagem dizia que um garoto chamado Getúlio Vargas veio morar na Bastilha em 1896. Infelizmente, não conseguimos material sobre a Bastilha antes de vir para o Campus.
1989 – A Bastilha comemora 7 anos no ano em que se comemora os 200 anos da Revolução Francesa e da Queda da Bastilha. Mas depois de uma queda vem sempre uma fase de ascensão e vitórias: a Bastilha é campeã do 2º Campeonato de Futebol de Salão da AMORECU (Associação de Moradores de República do Campus Universitário). Este ano também foi marcado pela formatura do último morador-fundador: Zé Rato.
1990 – A ADEF promove um campeonato com a participação de 24 repúblicas e a Bastilha fica em 3º lugar.
1994 – A Academia Bastilhana de Letras lança o Primeiro Dicionário Bastilhano, com termos e expressões que são usados somente aqui.
1997 – Como preparação para os quinze anos da Bastilha, todos os moradores e bixos fazem um mutirão para pintura da casa e também houve a instalação de um novo jogo de luz. Como parte das festividades, foi inaugurada uma placa comemorativa dos 15 anos da Bastilha na festa do 21.
1998 – Em meio a uma greve de mais de 3 meses, a República Bastilha comemora seus 16 anos em mais uma festa do 21.
1999 – A Bastilha está se informatizando: instala uma rede de computadores ligando todos os quartos da República e inicia o processo de controle por computador das músicas de festas. Além disso, a Academia Bastilhana de Letras apresenta a segunda edição revista e atualizada do Dicionário Bastilhano. Também neste ano, os bastilhanos iniciam um arquivo com convites de formatura de ex-alunos, para preservar a história desta magnífica mansão. Este foi um ano de grandes festas e comemorações, dentre elas a conquista do torneio Castelão, o campeonato de futebol mais difícil de Ouro Preto. E, no Carnaval, pela primeira vez a Bastilha participa do Bloco Mesclado, que reuniu 10 repúblicas e mais de 800 pessoas.
2000 – No último ano do milênio, a Bastilha continua a sua caminhada. Mais uma vez o Carnaval e o Bloco Mesclado são um sucesso e mais uma vez a participação Bastilhana no Castelão é muito boa – 2º lugar. Também houve uma pintura geral da casa, o que causou muito trabalho, mas também muitos momentos de diversão. A seguir, veio a Festa do 21, com a comemoração dos 18 anos da Bastilha e com a participação de grande parte dos ex-alunos e de todos os moradores. Agora só resta esperar o que vem por aí...
E, para tomar conta dessa galera, a querida D. Geralda, que já possui 17 anos de Bastilha.


BAVIERA

Um pouco de nossa história....


Fundada em 1958 e com sua localização inicial na Rua São José, a República Baviera começaria sua história e de seus moradores, ao todo noventa ( 90 ), no endereço atual em meados dos anos sessenta ( 60 ).
A compra da casa na rua dos Paulistas foi concretizada em 1960, com o dinheiro partindo do Sindicato do Ferro no qual o pai de um dos fundadores fazia parte, sendo que o pedido para a compra fora feito pelos próprios fundadores da república. No início a casa ainda não pertencia a Escola de Minas e mantinha-se em condições precárias, mas no ato da saída do último dos fundadores, esta foi entregue aos cuidados de uma entidade associada a Escola chamada Casa do Estudante, com o intuito de que esta promovesse além da reconstrução da casa uma forma de moradia para os estudantes que optaram pela cidade de Ouro Preto para concluirem seus estudos.
A casa praticamente foi reconstruída no período de 1964-1965, justamente um dos períodos mais marcantes da nossa história, pois a Revolução que marcou gerações foi sentida na pele pelos estudantes que residiam à república. Na época a Baviera mantinha-se envolvida e com participação ativa em assuntos de cunho político, como presidência do diretório estudantil entre outros, e uma de suas várias “ abordagens”, comuns nesse período paranóico de conspirações, tivemos também nosso momento de terror. A polícia tomou a casa de madrugada e conseguiu deixar atônitos todos os moradores, que se viam de mãos estendidas encostados na parede enquanto suas coisas eram reviradas em busca de sinais que constatassem algum envolvimento dos estudantes com a política anti-governamental.
Para aliviar a tensão dessa época, nossos ex-alunos faziam várias reuniões extraordinárias no chamado “Bar do Chico”, Bar do Toffolo e muitos outros lugares propícios para se discutir a vida e a situação do país. As serestas e serenatas eram feitas com maestria pelos moradores, que por serem cantores “quase profissionais”, encantavam e encantam as meninas de Ouro Preto.
Como a Baviera é uma das repúblicas privilegidas em relação a distância do Centro Acadêmico da Escola de Minas ( CAEM ), são realizadas com frequência festas de aquecimento moral, as vezes ao som do violão e na maioria das vezes ao som arretado de nossa querida boite.
A república Baviera teve seu nome idealizado em uma das regiões da Alemanha, mundialmente conhecida pelo ótimo padrão de suas cervejas. A cerveja realmente foi assunto de debates em nossos 42 anos de existência. E nesse belo tempo de vida, onde cada morador tem suas histórias, suas lembranças, uma pessoa, uma vizinha, uma mãe sempre nos acompanhou, seja nos momentos de festa, seja nos momentos de dificuldade. Dona Mercês faz parte da história Bavierana de todas as épocas, pois desde que a República mudou-se para a Rua dos Paulistas ela nos orienta com seus conselhos e fé inabalável.
Os bavieranos constríram através desse tempo, não só uma casa vistosa, com jardins bem cuidados e estrutura impecável, mas construímos desde cedo laços duradouros e importantes de amizade, pois as pessoas que aqui passaram e passam, mesmo por um único final de semana, são personagens fundamentais da nossa história. São essas pessoas que um dia, em um certo Doze de Outubro, assitiram nossos ex-alunos em uma de suas várias peças teatrais, as quais eram produzidas juntamente aos professores da Escola de Minas e era uma de nossas atrações, porque fazia parte da programação do Doze.
Poderíamos citar vários nomes de ex-alunos da República que se tornaram conhecidos nacional e internacionalmente pelos seus trabalhos notáveis e por fazerem parte hoje de empresas e empreendimentos da mais alta tecnologia existente, mas seríamos injustos com nós mesmos se não citássemos todas as pessoas que ajudaram pouco a pouco a erguer “nossa casinha.”
Desde a primeira escada de madeira que recebemos da Escola de Minas até a construção de nossa boite e várias reformas feitas ao longo da nossa história, temos em todos os aspectos e detalhes observados em cada canto da casa a mão e o ideal do dono, isto é, todos os moradores, que além de estudarem e participarem da vida universitária, estavam e estão sempre dispostos a defender e levar o nome Baviera a todos que não sabem o que é uma verdadeira república de estudantes.


BEM NA BOCA


Em 1990, a casa que se localiza na Rua Diogo Vasconcelos 87C no bairro Pilar, local mais conhecido como “brejo”, começou a ser alvo de disputa por estudantes. Após dois anos de negociação e graças à participação das primeiras moradoras na Comissão de Moradia Estudantil ocorreu um sorteio. Como havia muitas repúblicas femininas e pessoas isoladas pleiteando o local, as repúblicas particulares Água na Boca e Bem-me-Quer fizeram um acordo: elas se uniriam caso alguma fosse sorteada. E foi o que aconteceu. Nascendo assim a BEM NA BOCA em 28 de abril de 1992, com a junção dos nomes das duas repúblicas.
A primeira geração fez sua parte conquistando a casa, começando a lutar pelas adaptações que deveriam ser feitas. No começo não puderam colocar calouras, pois todas as vagas já estavam preenchidas.
À segunda geração coube o início da nossa tradição, ou melhor, a Rep. Bem-na Boca era a primeira casa de todas elas. Daí, enfatizava o trote para entrosar quem estava chegando e as festas foram eternizadas como: a comemoração do aniversário da rep., quando ex-alunas se reencontram para viver um pouco (e agora com a gente) da lama estudantil, revivendo a nostalgia ouropretana; também participamos da festa do Doze, comemorando o aniversário da Escola de Minas; no carnaval nos unimos a outras repúblicas formando o Bloco Mesclado; e para homenagear a quem nos dá todo o apoio para viabilizar este convívio, festejamos anualmente a Festa dos Pais.
Para a manutenção da casa, realizam-se festas como o Carnaval, o Doze de Outubro e o Festival de Inverno, onde se arrecada dinheiro com a hospedagem de turistas.
Como toda república onde vivem dez mulheres sempre existem os prós e os contras a serem ajustados, e é nas reuniões mensais que discutimos quaisquer incômodos para manter uma organização, alguns puxões de orelha, mas principalmente as atividades “prazerosas” do mês que passou e o que estará por vir, como um dos exemplos, a festa para a caloura que unanimemente é escolhida, assim, convivem como irmãs e é claro como cúmplices.
A BEM NA BOCA tem como característica a sua irmandade, isto é : se uma de nos é lesada por algum problema fora da casa, todas tomam pulso firme para resolver ou expelir do convívio “tal situação”.
As histórias vivenciadas nesta casa apesar dos seus recentes oito anos guardam na lembrança de cada um que passou por aqui, desde os amigos republicanos, as calouras, os turistas e principalmente das ex-alunas, situações memoráveis, inesquecíveis, nos quais foram construídos fortes laços de amizades, com vontade de sempre querer rever.
Desde o começo a BEM NA BOCA vem presenciando a formatura das suas moradoras “simultaneamente”, surgindo assim a 1ª, 2ª e atualmente a 3ª geração, esta que por sua vez continua a dar mostras cada vez mais de sua hospitalidade, amizade e garra de viver e estudar em Ouro Preto, e é claro fazendo a sua história.


BICO DOCE

Em 1978, o número de Repúblicas femininas em Ouro Preto era muito pequeno, por essa razão, cinco amigas que cursavam Farmácia, Silvânia Magda Oliveira Silva, Rosana Mourão Coutinho, Margaritha Elizabeth Lafuente, Helenice da Cunha Oliveira e Ana de Fátima Rosa, alugaram a casa de número 100 na Praça Juvenal dos Santos, bairro do Pilar. Inaugurando, em 6 de Outubro de 1978, a República Bico Doce.
O fato de ser uma casa alugada, tornava difícil manter o mesmo endereço, assim, em 1982 a República mudou-se para a Rua Bernardo Vasconcelos, número 45 no bairro Antônio Dias. Desde então, a Bico Doce mudou três vezes de endereço, tentando manter-se no mesmo bairro.
No ano de 1988, a República mudou-se para a casa de número 98, na mesma Bernardo Vasconcelos, permanecendo nesse endereço até Julho de 1997, quando foi transferida para a casa da frente, número 99, onde existe atualmente. Apesar das dificuldades que vem enfrentando, por ser uma República particular.
No início a República era só para alunas do curso de farmácia, mas com o passar do tempo viu-se a necessidade de abrir para outros cursos. Até hoje, já passaram por aqui, além das Farmacêuticas, Nutricionistas, Historiadoras, Engenheiras...
Desde a sua fundação, morar na Bico Doce tem sido um aprendizado contínuo de convivência em grupo, experiência e amadurecimento pessoal. Dividir tarefas, problemas, alegrias e saudades, faz parte do cotidiano e torna as republicanas mais unidas.
As moradoras e ex-alunas da Bico Doce, bem como todo jovem, gostam de muita festa. Entretanto as responsabilidades de cada uma não são esquecidas. E foi em uma dessas festas que nasceram os hinos da República.

BOITE CASABLANCA



Quem nunca se emocionou com a história de “Humphrey Borgart” no filme Casablanca. Pois bem, a magia desta história veio parar num lugar não menos mágico: Brasil - Minas Gerais - Ouro Preto – Mundo. Situada a uma altitude média de 1200 metros, de clima tropical úmido[1], em pleno “quadrilátero ferrífero”, Ouro Preto foi tombada pela Unesco em 1982, desde então é patrimônio histórico da humanidade. Sendo o Brasil, não somente o país onde plantando tudo se dá; mas, também o país onde tudo se acha. Possuímos uma das maiores reservas minerais do mundo. O fato de nos encontramos no quadrilátero ferrífero contribuiu e muito para que em 1876, Claude Henri Gorceix, fundasse a renomada Escola de Minas, que desde então, vem formando ótimos profissionais.
A origem do nome da casa foi inspirado no clássico “CASABLANCA”, sendo um dos símbolos da casa, quadros do referido filme. O interessante é que na república não existe nenhuma boate (ao contrário das demais repúblicas). Na placa original da república constava da seguinte inscrição: Boite Casablanca (Dia e Noite). Desde sua fundação é comum, encontrarmos pessoas (estudantes, turistas, nativos, etc.) dentro ou fora da casa perguntando: “Cadê a Boite?”
Situada na parte central de Ouro Preto, a Boite Casablanca, nasceu em algum lugar da Rua Getúlio Vargas e era uma república multidisciplinar, por abrigar estudantes da Escola de Minas, de Farmácia, Escola Técnica e dos Colégios Arquidiocesano e Alfredo Baeta. Eram então moradores: Célio Pessoa Magalhães de Coronel Fabriciano - MG; Rômulo Alves Carvalho de Ipatinga Luiz Fernando Bueno - “Maracá-; Afonso Vaz de Oliveira e Gilberto Manhães de Abreu). Porém, como a casa encontrava-se em péssimas condições de conservação, decidiram mudar.
Havia uma casa muito boa na ponte dos contos, mas a dona não queria alugar para estudantes. O “Tequila”, que trabalhava no Império da Pedras, um cômodo alugado debaixo do sobrado, se juntou a “moçada” e convenceu a senhora a alugar o tal sobrado. No segundo semestre de 1963 a República mudou-se para a Rua São José, 9. Juntaram-se à turma: Luiz Henrique Coelho (“Tequila”), Edmundo Magnus da Cruz Costa e Carlos Cruz Santos (“Caneco”). O “Tequila, assim, assegurou o fio condutor para a negociação do aluguel. Outra leva de estudantes se juntou ao grupo.
O processo de admissão na República era minucioso. A ideologia era o principal aspecto a analisar. Era necessário preservar a integridade física e ideológica dos Casablanquenhos. Em tempos de golpe militar e ditadura poderiam ser considerados subversivos se algum “dedo duro” ali se instalasse. Nesta época passaram pela República Júlio Maria Vaz, Carlos Vaz Fernando Gonçalves Coelho, Leonardo Abreu Coelho, Ely Evangelista dos Reis (D”Alembert), todos pernilongos[2]; Ney Moreira Muylart (“Rasteira”) de Farmácia; João Bosco (músico imprescindível para Brasil), Edson Rodrigues Garcia de Aquidauana – Ms; e Norton Simão Rocha (“Bode”), estes três cascudos[3], que tendo sido aprovados no vestibular de 1968, mudaram-se para repúblicas federais.
Numa noite de 1964 o sobrado da Rua São José, 9, estava em festa. Quatro amigos saem do refúgio para fazer serenata pelas ruas da eterna Vila Rica. “Tequila” e João tinham motivos de “sobra e insóbria” para comemorar: Era o primeiro ano de engenharia na Escola de Minas. Foi então que chegou um policial e pediu-lhes o alvará para fazer serenata. “E pra cantar precisa de alvará?” Foi a resposta de um dos amigos. E o guarda deu voz de prisão. E todos juntamente com o violão foram ver o sol nascer quadrado. Talvez o destino dos quatro rapazes não fosse mesmo a engenharia. Pelo menos, para João Bosco não foi. Certa vez confessou aos amigos republicanos: “Quando eu formar, o diploma será do meu pai”. João veio de Ponte Nova fazer Engenharia Civil, e aqui conheceu Carlos Scliar... que o levaram ao Rio de Janeiro nas férias, para despontar seu talento. Conheceu Elis, Toquinho, Vinicius e outros. O resto da História não pertence a este livro.
A visão panorâmica é muito boa. De frente se vê a Igreja do Carmo, da sacada podem-se ver a Igreja das Mercês (“de cima”) e o prédio da Escola de Minas. No fundo a Igreja São José. Aproximadamente moraram na república uns cem (100) estudantes. Atualmente Luciano Junqueira de Mello (“Ninguém” _ Eng. Minas); Marcelo G. R. Milagres (“Silêncio – Eng. Metalúrgica); Alexandre Milagres Resende Silva (Eng. Minas); Adalberto Salles Mollica (“Marmita” – Nutrição); Mateus de Carvalho Martins ( “Xikita”- Eng. Civil); Rogério Junqueira Mello (“Nádegas” – Eng. Geológica); José Maria G.Lopes (“Babaovo ”Filosofia); Rodrigo Ponciano Gomes (“Peteca” – Eng. Geológica); Éderson D. Macieira (“Falabela” – Artes Cênicas ); Dárlinton B. Feres Carvalho (“BB Diônçons” – Ciências da Computação); Sinistro (cão) e o Bixo: Panda, fazem a preservação e a alegria da casa.


BUCETA

Rua D. Pedro II, Nº 140, bairro Chácara. Mariana - MG Cep. 35420-000

Este texto é apenas um relato, O que aqui é contado são apenas o que sempre se comenta e sempre se escuta nas conversações bucetanas. Não há registros antigos em atas, ato mais usado recentemente.
A república Buceta é uma república federal da Universidade Federal de Ouro Preto. Localizada nas "Moitas" no campy de Mariana. É uma das poucas repúblicas desta universidade que não tem trote, e que oferece vagas apenas para os calouros dos cursos oferecidos no Instituto de Ciências Humanas e Sociais - ICHS. Atualmente os cursos Letras e História.
O contato com os ex-moradores se mantém inconstante e de difícil acesso, uma vez que não há uma devida preocupação com uma comunicação seqüente entre moradores e ex-moradores. Fato que já vem sendo modificado, uma vez que a República Buceta construiu uma home page, a qual possibilita a comunicação dos ex-moradores com moradores atuais.
Inicialmente existe um mistério em torno do nome Buceta. Entre os boatos e mitos que rondam o nome da república, o mais aceito e comentado é que quando na inalguração da república, uma universitária que, dizem, era uma das estudantes mais antigas do Ichs, tentou abrir a porta da república. A porta emperrou. Tentaram de tudo para abrir, até que a universitária deu um chute leve na porta e gritou: "abre buceta", a porta abriu, o termo pegou e a república ficou: República Buceta.
Como o nome da república, o nome Moitas, que designa a região que sedia as Repúblicas federais em Mariana, é originário pelo fato de as repúblicas estarem cercadas de mato, por todos os lados. Um descaso tradicional (como todo descaso que acontece com relação ao ICHS).

"...Quando cheguei nas Moitas, dormi na sala da República Sé, depois na sala da Taqueupa por 20 dias, logo depois fui sorteado para morar na Buceta, quando abri a janela de meu quarto, deparei-me com uma cobra a ziguezaguear sorridente em seu cotidiano natural... " (Marcos Teixeira - morador atual da república).
Atualmente na sala da república está dormindo Marizabel, esta lá se encontra por uns 6 meses. A UFOP tem problemas com moradia estudantil, não são as repúblicas que deveriam... mas a Ufop que precisa se conscientizar. A Ufop precisa talvez dormir na sala, sonhar com um quarto de 2,5 m X 2,5 metros, disputar os dois banheiros da república, e ser assaltada quando for passar pelo "Caminho das Moitas" para estudar como ocorreu com uma moradora da Buceta, que recentemente conseguiu quarto e que foi assaltada.
Em 1999 a república realizou a festa "Do Beijo e do Veneno II", em 2000 a república realizou "Fora Opressão, a festa" (em homenagem ao Marcão - ex-morador da república). A próxima festa será em 2001...
No final de 1999, Chicão (ex-morador da Buceta) passou no mestrado da UNICAMP - 4º lugar geral. Época em que foi criada a home page da Buceta: www.republicabuceta.cjb.net
Alguns nomes de alguns dos ex-moradores: Valkíria, Tony, Cláudio, Valéria, Corin, Marcelo, Nílson, Chicão (hoje na UNICAMP), Sérgio, Marco Aurélio (o "Marcão das Moitas")...
Atualmente os moradores são: Dirlen Valder, Renata, poeta Luciano Vivacqua, Heulália, Marcos Paulo, poeta Marcos Teixeira, Aline, Gustamara, Bianca e Marizabel (acampando na sala).
O sonho mais antigo dos moradores e ex-moradores da república é o de comprar uma televisão, pois a república, com todos os seus anos desconhecidos desde a sua fundação, tendo assim a república mais de 10 anos de existência, nunca teve condições financeiras para ter uma tv. Sonho que é passado de morador para morador. Enquanto algumas repúblicas em Ouro Preto têm um banheiro para cada quarto, quadras, computador da república... nós temos a vontade de ter uma tv na sala da república. Nós, os futuros educadores, que temos a missão de transformar porcos em pérolas...

e-mail da república: republicabuceta@hotmail.com
web da republica: www.republicabuceta.cjb.net
ou www.republicabuceta.minas.net


Machado (Organizador)
BUTANTAN
A República Butantan foi fundada em 08 de outubro de 1962, criada por quatro estudantes de Engenharia Geológica (Maurício Marcone Pereira Cunha, Marcos Donadello Moreira, Emmanuel Dutra Leal e Carlos Alberto H. Trindade),que se reuniram em uma modesta casa na Rua Getúlio Vargas, próxima a Igreja do Rosário, a República Butantan era uma casa com ocupação máxima de quatro pessoas.
No ano de 1966 a Escola de Minas, sensibilizada com o grande movimento realizado pelo DA (Diretório Acadêmico), decidiu investir em algumas casas adquiridas e transformá-las em repúblicas, entre as quais a Butantan era uma delas, que no início de fevereiro de 1967 passou a ter sede a Praça Barão do Rio Branco, no 44,ao lado da Igreja do Pilar. Casa esta que pertencia anteriormente a tradicional família ouropretana, que é a Trópia.
No início a nova casa contava com cinco quartos, sendo construídos por seus novos moradores dois outros quartos, na parte dos fundos da casa, e assim aumentando a quantidade de estudantes a residir na República. Os moradores sempre tiveram a preocupação de zelar pela melhoria da República, fazendo reformas e novas construções na casa.
Após o ano de 1994 a República abriu mais três vagas para “bixos” (calouros) de outros cursos, ou seja, um terço da capacidade total da casa. Hoje em dia a casa conta com sete moradores e um bixo, sendo seis estudantes de engenharia e dois de farmácia.
CAUSOS, ESTÓRIAS E CURIOSIDADES
Como toda república ouropretana, a Butantan também possui vários fatos marcantes e várias histórias que sempre são motivos de longas conversas entre ex-alunos e atuais moradores. Um dos fatos que mais nos deixa orgulhoso é que em 1969 os moradores “adotaram” João da Mota, conhecido em Ouro Preto como João Pé de Rodo, que era uma figura folclórica da cidade, os Cobras alojaram na República e a partir de então Pé de Rodo passou a ter uma casa (considerando seus dias de sumiço), um quarto, comida e banho aos sábados. Pé de Rodo morou na República Butantan durante dezesseis anos até seu falecimento em 1985, cujo o velório foi realizado na sala de estar da República.
Uma outra marca registrada da casa são as fotos com ex-alunos, e a Santa Ceia que temos em nossa sala de televisão, tal Santa Ceia é a única onde os apóstolos fumam e tomam uma cachacinha.
Entre causos de nossos ex-alunos, das quais vamos contar o milagre mas não vamos dizer o santo, certa vez após “mamarem algumas” doses de cachaça alguns cobras resolveram afanar galinhas do vizinho de trás, mas ao subirem no muro, um indivíduo apenas um pouco chapado caiu no pátio da delegacia (onde hoje é a Prefeitura de Ouro Preto), resultado da investida, antes mesmo de cometer o delito o bêbado foi para a cadeia e lá ficou toda a noite.
Não é apenas na TV que ocorriam duelos estilo bang-bang, um certo cobra que adorava fogos de artifícios, algumas vezes também “apenas” um pouco alterado dava um rojão para o bixo e falava para ele ir para o outro lado da praça e, após a contagem regressiva terminar, ambos miravam seus rojões um no outro e disparavam, graças a Deus, que protege os bêbados, nunca ninguém se machucou.
Uma outra coisa muito importante nos orgulha verdadeiramente, a participação política de nossos moradores, que sempre se empenharam e participaram ativamente do Meio estudantil como nos D.As. (presidentes nos anos 60 e 70), diretoria do CAEM (anos 80) e outras entidades acadêmicas e manifestações estudantis.
Por tudo que fomos, somos e sempre seremos nos orgulhamos de pertencer à família Butantan. Os Cobras.


CANAAN


A República Canaan foi fundada em meados da década de 30, a data exata de sua fundação se perdeu no tempo devido a falta de registros. Alguns de seus primeiros ex-alunos e fundadores foram Wilson de Bello, Sebastião Magalhães Carneiro e Geraldo de Oliveira. Pertenceu a antiga Casa do Estudante de Ouro Preto (CEOP) até 1976 quando foi doada a Universidade Federal de Ouro Preto (em doação duvidosa, com o intuito que a recém criada Universidade pudesse manter a casa em boas condições, já que a CEOP não tinha condições adequadas). Sua localização inicial foi na Rua das Flores, depois foi transferida para a Praça Tiradentes e depois para onde se encontra à pelo menos 54 anos, na rua Xavier da Veiga, nº 29, ao lado da casa que abrigava o antigo Arquivo Público Mineiro, atualmente uma hospedaria.
O nome “Canaan” vem da palavra “Cana” de: cachaça, pinga, aguardente, ou como queiram. Foi esse nome dado à república pois essa que é a mais popular bebida brasileira, que era a maior companheira daqueles primeiros moradores para enfrentar as frias noites ouro pretanas, cuja a fidelidade a ela persiste até hoje. Mas hoje o nome é também associado a Canaã, que na Bíblia Sagrada, era a terra prometida por Deus a Moisés e seus seguidores.
A nossa amada República Canaan está entre as mais antigas Repúblicas estudantis de Ouro Preto, abrigou aqui estudantes de engenharia e farmácia até 1958, quando passou a ser somente de engenharia, em 1997 passou a receber também estudantes de Ciência da Computação.
Foram estudantes privilegiados por morar numa república “... que tem alma, que tem história, que tem vida.... aqui nasceram grandes amizades quase todas, senão todas, imortais.” ( Rubens, formado em 1958).
Falando da Canaan falamos de participações históricas como na década de 60 quando os estudantes acuados pela repressão faziam reuniões escondidas no porão da casa chegando a serem chamados de comunistas pelos vizinhos.
Em seu terreno tem hoje as ruínas do antigo vestiário do campo da barra, onde até a década de 70, times como o da ADEM (onde alguns dos jogadores eram moradores da Canaan), se preparavam antes do jogo, e faziam aquecimento também na própria república.
No inicio de 70, Tunai (famoso cantor e ex-aluno da Canaan) montou um bar no porão da casa onde cantava e abrigava os visitantes da noite boêmia do primeiro festival de inverno de Ouro Preto. Hoje este bar virou a “boite” da república onde em dias de festa guarda toda nossa alegria.
Em 1991 foi publicado um livro de premiadas peças teatrais com título de “Literatura na Copel” onde uma de suas peças foi escrita por Cristóvão Soares, um de nossos ex-alunos. A peça chamada “O Bonde” narra a chegada de um “bixo” aqui na Canaan. Ela mostra os trotes aplicados a ele e explica que tudo aquilo foi feito com o intuito de entrosar o bixo com os moradores da república e com os alunos da Escola de Minas, também conta daqueles longos papos que atravessavam as frias noites de Ouro Preto e que só terminavam quando a lua se escondia no céu. Todos os fatos contados na peça são baseados em fatos reais e toda a cena se passa dentro da cozinha da Canaan.
Hoje as coisas mudaram uma pouco, não há aqui estudantes acuados pela repressão, pois não há mais repressão como na década de 60, nem craques de futebol como os da década de 70, mas a essência continua a mesma. Todos que aqui moram e moraram têm consciência do valor de se manter essa amizade e companheirismo que ainda existe entre alunos e ex-alunos da república, e de se manter essa casa que é onde tudo isso nasceu. O espírito acolhedor é o mesmo, e a república está aberta para todos que a querem bem, e que fazem ou querem fazer parte da sua história, pois “... a Canaan não é apenas uma casa, a Canaan são pessoas.”


CASANOVA


Fundada no dia 21 de Abril de 1973, situada inicialmente na Praça Juvenal Santos, 31, próximo à matriz do Pilar, o prédio que seria para alojamento de professores da UFOP foi ocupado com o apoio do DAEM (Diretório Acadêmico da Escola de Minas) por estudantes de engenharia e farmácia.
Sendo o prédio de dois andares e em função da má distribuição de seus cômodos, o mesmo foi dividido em duas novas repúblicas: sendo o andar superior a Casanova e o andar inferior a Cassino. A partir daí, tendo como novo endereço, Praça Barão do Rio Branco, 46, passou então a fazer parte das chamadas “Repúblicas da Praia do Circo”.
Ao longo desse tempo a Casanova sofreu duas grandes reformas estruturais, sendo a primeira em 1.988, então com 15 anos, consistente na construção de uma área externa para churrascos e afins, e a outra, dez anos depois, em comemoração ao seu Jubileu de Prata, quando deu nova vida à sua boite, sala de televisão e cozinha.
A República teve como fundadores Antônio Carlos de Matos, Antônio Carlos Teixeira Pizziolo, Caio Antônio de Carvalho, Celso Machado, Ciro Gonçalves Sobrinho, Eônio Milagres, Eliseo Mário, Grimaldo Dutra dos Santos Leal, Jorge Adílio Penna, Gilson Borges, Mozart de Alcântara, Pietro Sciavicco, Sebastião Scaramuzza, Silvério Furtado Rosa e Robertson Abdala.
O nome Casanova foi dado em homenagem ao grande e lendário conquistador Gionanni Giacomo Casanova (1725 – 1798). Nascido em Veneza, Itália. Entre suas atividades foi seminarista, jornalista, escritor, diplomata, músico, empresário, espião, soldado, presidiário, bibliotecário e fugitivo.
E, ao que tudo indica, a escolha deste nome se justifica pela perpetuação das peripécias deste personagem até os dias de hoje, conforme se percebe de recente trecho extraído do jornal Folha de São Paulo[4]:
“Mais rápido que ele só a fama de conquistador, que invadiu salões, excitando a curiosidade feminina e a contabilidade. Registros de cunho lendário chegam a lhe atribuir a conquista de até 5.575 mulheres”. Isso significaria uma nova conquista a cada três dias.
Em 39 anos Giacomo Casanova levou para cama 122 mulheres. Não foi tanto assim. Don Juan fez o mesmo com 100 na França, 91 na Turquia e, na Espanha, 1.003. Mas Casanova existiu em carne e osso, como aventureiro e memorialista.
Condenado pela Inquisição por magia, libertinagem e ateísmo, ele passa dezessete meses onde os prisioneiros só saíam para serem sepultados. Por extrema ousadia e astúcia, Casanova se evade na madrugada de primeiro de novembro de 1757. O prisioneiro foragido esconde-se na casa do brigadeiro encarregado de sair ao seu encalço. Uma casa aconchegante, na qual recebe os favores da mulher do oficial.
Mas nem todas caíram nos braços de Casanova, Marianne, suíça, foi a única mulher que além de rejeitá-lo também o arruinou.
Em 4 de Junho de 1798 morreu Casanova, o maior amante de todos os tempos que dominou com tanto carinho a arte da sedução.
A história da República é marcada por diversos acontecimentos. Dentre eles, no início dos anos 80, alguns dos moradores promoveram uma bebedeira regada de muita cachaça. Ao término da bebida, as garrafas vazias foram atiradas na praça em frente. Com a chegada da polícia os Casanovas tiveram que escolher entre limpar a praça ou dormir no xadrez.
Em 1987 a Casanova foi a primeira campeã do “Castelão” um torneio de futebol realizado pela República Castelo dos Nobres, derrotando na final a República Tabu. O time era formado pelos Casanovas: Taioba, Zé das Coves, Mocinha, Gambá, Leite Moça, Pinico, entre outros.
No “Doze de Outubro” de 1989, dois Casanovas resolveram promover uma brincadeira na boate. Um deles colocou Sonrisal na língua, simulando estar passando mal, causando certo pânico, o que resultou em um pulo pela janela (2º Andar) em busca de socorro.
A República tem como tradição comemorar com os ex-alunos, turistas e amigos festas como Doze de Outubro, Aniversário da República (21 de Abril), Carnaval, Festival de Inverno, entre outras no decorrer do ano.
Esta a descrição, em apertada síntese, de alguns capítulos da história da República Casanova. História esta que, temos certeza, continuará por vários e vários anos, em compasso com as centenárias tradições de Ouro Preto.
CASSINO
(Por Haysler Apolinário Amoroso Lima)


Dentre as mais de oitenta repúblicas de O.P., destaca-se a República
Cassino, fundada no dia 21 de abril de 1973. O local antes fora ocupado por antigos professores da universidade. Como o privilégio era a ocupação estudantil, houve uma revolta entre os estudantes da época tendo como vitória à tomada da casa para que ela hoje se tornasse o que é. Com o passar dos anos, houve a necessidade de nomear a república, e como os moradores tinham como passatempo o jogo de cartas, tiveram a idéia de chamá-la de CASSINO.
Até hoje a tradição do jogo é passada de morador para morador. Às vezes são realizados campeonatos de baralho dentre os “cassinenses” valendo a mesada do mês. Há casos em que moradores experientes no jogo davam como pagamento das dívidas republicanas, dinheiro ganho destas apostas.
Aqui já passaram várias figuras, que hoje são engenheiros qualificados em grandes empresas.
Os primeiros momentos de “calouro” são difíceis, a famosa fase de “BIXO”. Rala-se muito, pois a pessoa tem que merecer a casa, ou melhor, o título que lhe é outorgado, nesse caso, de cassinense. Ao final da batalha é chegado o momento da escolha. Muita pinga, bagunça e é claro, muita animação. Momentos inesquecíveis, a chegada da reta final, tudo é festa, porém existe grande tristeza por parte daqueles que partem.
Durante estes vinte e sete anos de república, ocorreram inúmeras peripécias e histórias entre os moradores, das quais podemos citar: Ocorreu entre um dos fundadores, o “Velho”, este tinha tanta dívida em um boteco que teve a brilhante idéia de comprar o bar de uma vez, ou seja, ele acabou por dever a ele mesmo.
Na década de 70 um certo morador conhecedor de um resultado de um jogo, o qual foi transmitido pelo rádio e que no dia seguinte passaria os melhores momentos, e um outro morador com dificuldades financeiras estava assistindo ao jogo. Porém ele achava que o jogo era ao vivo. O morador que sabia do resultado resolveu sacaneá-lo, apostou com outro uma cartela do Remop e o outro topou. Ele apostou que iria sair um gol aos 5 minutos do primeiro tempo, o outro ficou na expectativa. Houve o primeiro gol conforme ele havia dito. O que fez este ficar “pê da vida”. Então o gozador resolveu dar mais uma chance, apostou tudo que iria empatar aos 12 minutos do primeiro tempo. O outro aceitou, e ele novamente acertou. Como o jogo foi os melhores momentos, o jogo foi rápido. E o gozador ficava dizendo: - Nossa que jogo rápido, parece que o tempo voa. E nada do bobo sacar a brincadeira. E então os outros moradores sabendo da sacanagem começaram a vir todos para a sala, e então todos começaram a torcer para o sacaneado. A vizinhança inteira veio para dar ênfase na gozação. E as apostas vão e vem e o bobo só que perde. Pois, o gozador ficava apostando a cada gol que vinha, e a dívida do bobo só que aumenta. O resultado final foi de 8 a 1. Ao término do jogo, o bobo já estava falido. O sacaneado tinha prova no dia seguinte e durante o tempo para o estudo, ele ficou pensando em como arranjaria tanta grana. Depois de um certo tempo o pessoal contou a brincadeira, resultado: O cabloco levou o maior ferro na prova do dia seguinte.
Outra história foi o convite que a Cassino recebeu para irem numa festa junina, onde todos deveriam se fantasiar de caipiras, fato que não ocorreu, já que todos combinaram em se fantasiar de rebeldes dos anos 60, ou seja, com jaqueta, óculos escuro, brilhantina e óleo de peroba para a cara-de-pau.
Uma história engraçada ocorreu no fim de noite no CAEM, um morador cassinense e mais um “Xêra Bosta” (estudante de farmácia), da república amiga, ambos embriagados decidiram roubar um carro, dentre todos que viram aparece a vitima: Um jipe velho. Dizem que eles levaram o carro pela cidade afora, tendo como parada a república Cassino. No meio da madrugada aparece a polícia, surge então medo e nervosismo, só que tudo não passou de um mau entendido, já que eles alegaram estarem embriagados e cansados, que por isso roubaram o carro para chegar em casa.
Houve uma história durante a copa de 1998 em que a rede Bandeirante, estava sorteando um Porsche pelo serviço 0900. Um certo morador ligou para este serviço por volta das 13:00h, sendo que o sorteio era às 22:00h. Ele ficou aguardando, dizendo para todo mundo que estava pressentido, que iria ganhar o porsche. Daí o outro morador teve a brilhante idéia de ir para república ao lado, (P.S.), e pedir para que alguém de lá ligasse dizendo que era da rede Bandeirante e que este número havia sido contemplado, e isto era por volta das 19:00h. Quando este atendeu, ficou surpreso, e disse: - Não é possível, você esta brincando comigo, então o morador da P.S. disse: - Se você não quer o Porsche, eu sorteio novamente, porque aqui é uma empresa séria, e no mais estou a trabalho. Na mesma hora o garotão disse: - É claro que eu quero. Em seguida o morador da P.S. pediu todos o seu dados, e comunicou-lhe que um representante de B.H., o procuraria para entregar o prêmio. Após a ligação, ele ficou extremamente eufórico, pulava, gritava dizendo: - Ganhei um Porsche, estou rico, vou vende-lo e comprar uma casa para a minha mãezinha. Logo em seguida ligou para todos os seus familiares, pais, irmãos, tios e tias. Prometendo várias coisas, disse ao seu pai: - Pai, não precisa mandar mais dinheiro para mim, posso me sustentar sozinho, não se preocupe vou comprar aquele apartamento para o senhor, e não terá mais que pagar aluguel.
E o gerador da confusão disse: - Ué! O sorteio não é às 22:00h.
- É, mas acho que o sorteio é realizado antes e comunicado depois.
- Que dizer que a Band deixa este tempo livre para as ligações arrecadando dinheiro.
- Deve ser, mais o que importa é que eu ganhei um porsche.
Ao chegar as 22:00h, houve aquela expectativa. Na tela apareceram vários números de telefone, onde levou cerca de 1 minuto para aparecer o resultado. E o resultado foi um número de São Paulo. O morador sem entender nada entrou em depressão, em seguida a família inteira ligou para xinga-lo de burro. E por um mês inteiro este ficou conhecido como o “menininho do Porsche”.
Certa vez um grupo de moradores da Cassino, foram em uma festa em Mariana. No final da festa todos embriagados e felizes com a arruaça, partem com destino pra cassino. Eles estavam numa Belina modelo 78, que estava sendo guiada pelo morador mais doido da história da Cassino. No meio do caminho acontece o inesperado, o carro cai em uma valeta. Por azar do destino caíram em uma propriedade que era vigiada por um vira lata de todo tamanho. Dizem que a galera tava doida para sair do carro, pois estavam de cabeça para baixo no maior desconforto. Só que não tinha jeito de sair, pois tinha uma fera latindo na porta do carro, doida para arrancar pedaços daqueles cachaceiros. Resultado, ficaram a noite inteira de cabeça para baixo esperando que o dono da propriedade segurasse o cachorro.
Casos inusitados vêm ocorrendo neste republica, sobretudo casos sobrenaturais. A república está localizada na periferia da Igreja do Pilar, e sabe-se que todas às igrejas de Ouro Preto, tem um cemitério em sua extensão, porém, onde estará o cemitério da Igreja do Pilar?
Dizem que o cemitério está por debaixo da república Cassino. Isto tem sido comprovado ao longo dos anos com aparições inexplicáveis, tendo-se criado um fantasma chamado João Victor, o qual assusta a república em dias sombrios.
Essas são algumas histórias dentre várias que surgiram, e que ainda hão de surgir nesta querida república.
Existem várias músicas nesta república, onde citaremos Urupa, que é uma paródia de Sampa (Caetano Veloso). A história desta música, foi um fato ocorrido com o ex-aluno que tinha uma prova de físico-química, como ele era muito acochambrado, desistiu de estudar e pegou um violão e compôs a música, que pode ser vista abaixo:

Alguma coisa acontece no meu coração,
Que só quando desço da praça e vou ao Zebão,
Uma cerveja é pouco eu quero é caninha,
Uma opção que eu tenho é o bar das coxinhas,
Descendo vou devagar e caio no Edgar,
Ainda não estou no meu grau adequado,
Quanto mais eu bebo menos fico chapado,
Quero uma coisa mais forte, catuaba do norte,
Saio então procurando, caio lá no Orlando.

Uma coisa estranha se apossa de mim,
Uma vontade me dá de ir pro CAEM,
Subo a ladeira de novo mas num melhor grau,
Olho primeiro para ver o que me interessa,
Chego com toda moral vou pro Banbuzal,
Chaveco a loirinha mais linda que eu ver,
Que ta mais pra Olodum ou pra Cunta Quintê,
Mis mesmo assim não me afasto e pra casa eu arrasto,
Chego chamar de minha flor pra uma noite de amor.

Chego em frente de casa cambaleando,
Não digo nada e já vou entrando,
E no outro dia eu acordo com aquilo ao meu lado,
Peço com jeito pra ela e com toda cautela,
Meu bem por favor, pule a janela,
Não posso queimar meu filme assim,
Porque a galera pergunta pra mim,
Quem era aquela figura da noite passada,
É claro que era linda, gostosa, tesuda e ajeitada.

A vida nesta república é uma lição de vida, aqui aprendemos a conviver em grupo. Uma relação familiar que dura para o resto da vida. A ingenuidade do calouro vai dando espaço para a maturidade adquirida ao longo do tempo na república.


CASTELO DOS NOBRES

" É a Loucura que forma as cidades; graças a ela que subsistem os governos, a religião, os conselhos, os tribunais; e é mesmo lícito asseverar que a vida humana não passa, afinal, de uma espécie de divertimento da Loucura " Erasmo de Roterdam


Quem será aquele que passa pela calçada com passos silenciosos e ritimados ? Aquele que caminha levando consigo ares de certeza. E que nas cátedras, afirma seguramente, o lento vagar das horas. Mas que no final das contas restará senão como ínfimo fragmento da memória; já tão apagada pelos anos de desuso. Qual será aquela casa, por onde outrora desfilavam crianças hoje já emvelhecidas, e outros tantos que na loucura dos tempos restaram como último reduto das lembranças ? Guardados em caixas de papel e imagens na parede. Muitos nomes, muitos lugares, muitas histórias e que não obstante, permanecerão talvez apenas como sonhos do povo. E por certo, nos odores que exalam dos becos e ruelas da antiga Ouro Preto. Guardando segredos inefáveis. Hora aqui e hora acolá, tomando diversas formas, diversos lugares, diversas pessoas...
Em seu Guia de Ouro Preto, Manuel Bandeira, porta-voz das lacunas loucas da memória, nos leva por caminhos que para o tatear dos olhos já se perderam; no caminho das Lajes note-se o belo sobrado, que foi residência da família Mota. Pertenceu ao barão do Saramenha e abrigou uma República de estudantes, O Castelo dos Nobres; mas que de alguma forma, insiste desde de mil novecentos e dezenove em permanecer. Sobretudo nas memórias do velho professor Krüger. Que na altura de seus anos nos conta pirrelhas dos idos de trinta; colocando sentido em nomes que aparecem ao longo das primeiras décadas do século; Miguel Maurício da Rocha, Alderico Rodrigues Albuquerque, Ulisses de Almeida e outros tantos formados pela antiga Escola de Minas, celebrada ainda hoje no mês de outubro, no dia doze. Mas que hoje, bem como antes, é sempre necessário olhar para trás, necessário ver que os números no papel não significam simplesmente oitenta anos, porque como tatuagens, os anos recobrem a pele dizendo algo que os ângulos e cálculos jamais poderão, seus instantes de silêncio e profunda confusão. E pra além disso, as pessoas que por aqui passaram, no antes que se nota pelos corredores e escadas, assim como no restante da cidade, no sobe e desce ladeira. Na mudança que acompanha as coisas, os quadros na parede... Fulano de tal, formou-se em mil novecentos e sessenta e três ! Cicrano, em mil novecentos e noventa e nove ! E o que há de diferente nisso tudo, senão a diferença que há em quem sobe e desce pelas ladeiras, com a mente e o martelo ?


Nesse sobrado
Imagem...
Castelo dos Nobres 1919

... das Lages
à rua dos Paulistas 1936

Guardados em caixas de papel
Move-se na parede
Desde 1965
Convive-se com os jacubas
Bernardo de Vasconcelos n.91
Vivendo intensamente
Castelo dos Nobres


CIRANDINHA


Antes de ser Cirandinha era Mulheres de Atenas, e ficava na Rua Quintiliano, nº 180. Como já havia outra República com esse nome e nossa casa seria perto da Vila dos Tigres, veio a idéia de Cirandinha, já que seria rodeada por Repúblicas masculinas. Esse nome também surgiu pela influência da minissérie Ciranda Cirandinha que estrelava naquele ano (1977).
Nossa Cirandinha foi fundada em 1º de Abril de 1977, por nove moças estudantes da UFOP, e sua primeira casa foi na Rua Conselheiro Santana, passando depois para a Rua dos Paulistas, Rua Direita, Rua Dr. Cláudio de Lima (Beco dos Bois), Rua Padre Messias Passos e, finalmente, onde está hoje, na Rua Getúlio Vargas, nº 136. Essa coleção de endereços que temos é devido ao fato de nossa República ser particular. Há 15 anos tivemos a oportunidade de nos transformarmos em Federal, só que isso somente seria permitido pela UFOP se houvesse uma fusão com outra República feminina, o que não foi possível devido à incompatibilidade de unir duas identidades, o que faria com que, no mínimo, uma delas perdesse suas características, deixando de lado toda história vivida para dar início a uma nova casa, uma nova história.
Pois é, viver em uma República é puro aprendizado: a gente chega com aquele medo de “bixo”, se apega às outras que já estão no novo lar, esquece o medo, batalha para permanecer; se é escolhida, aprende a administrar uma casa e a avaliar quem está chegando. E o tempo, como sempre, vai passando, inexoravelmente, fazendo com que, no final, reste a lembrança e a promessa de um dia voltar.
Agora são 23 anos de história da Cirandinha. Temos 31 ex-alunas. As atuais moradoras são: Raquel, Ana Paula, Vanessa, Renata, Paula, Yara e Manuella.
Nossas histórias de alegrias, declarações de amizade - e suspiros de saudades daqueles que por aqui passaram - estão registrados em três livros de atas que preservamos. O mais antigo foi iniciado em 1977, guardando os primeiros passos de uma parte de nós, parte da nossa verdade “que não se perderá e que será eterna porque nós seremos eternos...”
Aqui nosso agradecimento a todas que por aqui passaram, principalmente às fundadoras que talvez nem esperassem que essa “criança que brinca de roda” fosse caminhar tantos anos e ser, hoje, uma das mais antigas Repúblicas particulares femininas de Ouro Preto.
É, Cirandinha, “você assumiu seu nome e assumiu seu espírito, e sejam lá quais forem os problemas de seu coração...você sempre acha uma maneira de fazer voltar a paz. A roda que criamos aqui dentro foi construída com muito amor e baseada em sentimentos dignos. Transformou-se em elo que nunca se quebrará, por maior que seja a força.”


CONSULADO


Em 1936, os jovens Nabor Wanderley Nóbrega, Paulo Ayres Cavalcanti, Sílvio Vilar Guedes e Edson Vinagre de Azevedo, todos da Paraíba tiveram a idéia de fundar uma nova República em Ouro Preto. Nome escolhido: Consulado da Paraíba. Inicialmente, com o endereço na Rua dos Paulistas. Migrando-se para várias ruas de Ouro Preto fixou-se à rua das Mercês número 89, onde se encontra ate hoje. O nome atual da República foi resumido a Consulado, mas a história da república jamais negligenciou sua origem.
Em 1941, criaram o Livro Sagrado da República Consulado – o Alcorão – onde, até hoje, são registrados todos os eventos de importância da história desta casa estudantil. Dentre estes eventos, encontra-se o aniversário da Escola de Minas, comemorado no dia 12 de Outubro. Nesta data, a república se prepara para receber os Ex-Alunos, que tem a oportunidade de retornar a casa onde viveram, rever os amigos, relembrar alguns momentos e fazer aquela tradicional curriola de Ouro Preto. Também são feitas homenagens aos Ex-Alunos que por ventura venham a fazer aniversário de um, cinco, dez, quinze anos (assim por diante) de formatura. É uma confraternização muito importante, visto que, há um encontro de gerações de Cônsules (Cônsul – nome dado a todo morador e Ex-aluno da Republica Consulado).
Alguns fatos engraçados já fizeram parte da história desta casa. Um deles é o fato de irreverentemente terem sido “convidados” pela polícia local a abandonar o lado da “Mercês de Baixo” onde segundo relatos faziam maravilhas com a pelota demonstrando assim serem dignos conterrâneos dos campeões mundiais, um voto de pesar, pois para a polícia que não soube apreciar o belo, o que ocorreu em um dia de 1958.
Não podemos nos esquecer de um bar que funcionou na boate da casa e fez mais badalada a noite de Ouro Preto. O nome era bastante original: PORTABERTA e foi visitado por muitos artistas, Ex-Alunos e estrangeiros. O que resta dele hoje, além de boas lembranças, é uma bela placa afixada nas escadas que levam para o segundo pavimento da casa. O PORATABERTA funcionava apenas na época do Festiva de Inverno de Ouro Preto (Julho).
Em 1986, a República Consulado comemorou o seu cinqüentenário, com muitas festividades como a inauguração da placa em homenagem aos fundadores, jantar dançante no Grande Hotel e uma missa na capela da Escola de Minas.
Recentemente, a República Consulado passou por uma reforma no telhado, obra que custou a ela cerca de R$ 10.000,00. Os recursos para tal feito, originaram-se em grande parte de doações de Ex-Alunos que sempre estão contribuindo para melhorias na casa, como por exemplo: pintura, obtenção de moveis, eletrodomésticos, coisas essenciais para o dia a dia de uma boa casa. Mas a República Consulado, a muito tempo, também abre suas portas para receber turistas, que se hospedam em épocas de festas tradicionais na cidade. É uma forma de se arrecadar recursos, pois, são cobradas quantias simbólicas (pequenas) pelo tempo de hospedagem.
Ao longo de todos esses anos, temos relatos em nossos alcorões de fatos e acontecimentos que marcaram não só a história desta casa como também a de Ouro Preto. Nós Cônsules e Ex-Cônsules sabemos que a Consulado é acima de tudo uma grande escola de vida e temos a honra de fazermos parte de uma das mais antigas e tradicionais Repúblicas de Ouro Preto.


CONVENTO



A República foi fundada em abril de 1969 por Maria das Graças Pequeno, Maria das Graças Rigueira, Rosângela Peixoto, Urquisa Dolabella, Maria da Glória Almeida, Maria Imaculada Fontinelle, Élade Ferreira, Viviane Lion, Marina Eleusa, Dirlene Bastos Cabral e a comadre "Totó" (considerada a mãezona) sendo a primeira feminina de Ouro Preto. Nesta época, como todas entraram juntas na República, exceto Dirlene, que entrou em agosto do mesmo ano, não existia hierarquia como nos dias de hoje, que é por ordem de chegada.
No início, localizava-se na Rua da Escadinha. Era uma casa nos fundos e tinha uma corrente de ar muito grande, por isso, as moradoras deram o nome "Com Vento", onde permaneceu até ser transferida para a Rua Professor Rosalino Touciano Gomes e de lá para a Rua dos Paulistas. Nesta época ainda era uma república particular e todas moradoras cursavam Farmácia e, como relatam, eram muito discriminadas, tanto por serem a única feminina da época quanto pelo seu curso. Nem o restaurante dos estudantes (REMOP) podiam usar, por ser propriedade da Escola de Minas.
Um fato engraçado que ocorria era a parada de procissões comandadas pelo Pe. Simões em frente à casa, onde os participantes rezavam pela "alma das pecadoras". Por outro lado, alguns moradores das repúblicas da rua Paraná tinham o hábito de observar as Conventinas quando estas tomavam banho de Sol.
Com a instituição da Universidade Federal de Ouro Preto, um sorteio realizado em 1982 para determinar quais repúblicas ocupariam as casas recém construídas no Campus, a República é finalmente transferida para seu atual endereço e com o nome de "Convento".
Existiam cantigas compostas pelas próprias fundadoras que eram entoadas por elas em momentos especiais. No entanto, com a gravação de "Tu és o MDC da Minha Vida", por Raul Seixas, esta música tornou-se o Hino da República Convento, que é complementado pelo grito de guerra : "Piri Piri, Poró, Poró e a Convento ó ó ó ó, é isso aí, não é mole não, beber com a gente tem de ter disposição..."
Anualmente comemoramos o Carnaval e o aniversário da Escola de Minas no 12 de outubro, onde são realizadas festas de arromba. O reencontro das ex-alunas ocorre sempre em ocasiões descontraídas, regadas a cerveja, "comidinhas" e muitas músicas.
Acompanhando tudo isto a 15 anos, está a nossa querida comadre Maria Martha.
A República participa dos vários campeonatos de futebol realizados pela comunidade estudantil: do Morro, da ADEM, da Pif e do Bêra, inclusive foi campeã do primeiro campeonato feminino organizado pela ADEM.
Desde 1997, realiza-se anualmente a festa "À Toa", que é aberta a todos os amigos. Excepcionalmente em 1999, esta foi substituída pela festa de comemoração do aniversário de 30 anos da nossa querida República. Foi uma festa muito especial, uma vez que nesta, as fundadoras se reuniram com as várias gerações de Conventinas e os amigos.
Atualmente, somos 16 moradoras, estudantes de diversos cursos e procuramos sempre privilegiar a boa convivência e a harmonia de nossa casa, que faz com que ela seja "O Melhor Lugar" para cada uma de nós.


COSA NOSTRA


A História da Rep.COSA NOSTRA tem inicio no ano de 1988, com a notícia dada pela universidade sobre a construção de novas repúblicas federais na área do Campus Universitário. As vagas para as mesmas seriam cedidas aos estudantes através de sorteio a ser realizado no CAEM. A nova república seria mista, com número igual de homem e mulheres em sua formação. Era grande a expectativa em torno do sorteio, visto que, a nova casa iria abrigar várias pessoas que talvez nem se conhecessem.
Ocorrido o sorteio, foram premiadas 10 estudantes, dentre estes é preciso citar o nome dos cinco que são hoje os fundadores da mesma: Ivonaldo Aristeu Gardingo, Fernando Rocha dos Santos, Emilson F. Bicalho, Mozart Batista de Araújo, Edimar Miranda. Além destes figuravam no quadro de moradores outras 5 estudantes dos sexo feminino. Finalmente a nova república já tinha sua cara. Agora a expectativa girava em torno da entrega da mesma aos estudantes. Isso tudo, porque alguns já tinham uma carência urgente de moradia.
Porém ocorreu uma demora muito longa na entrega da nova residência aos novos moradores. Em uma reunião, decidiram por invadir a casa ainda inacabada para exercer uma pressão sobre os órgãos responsáveis da universidade. Tal ação surtiu logo um efeito sobre a situação. Os estudantes foram ameaçados de serem expulsos da casa e perderem o direito de morar ali. Porém, atento a tudo isso, o reitor da época logo se apressou em resolver o impasse. Convocou uma reunião junto com os estudantes e a prefeitura do Campus. Desta reunião ficou a promessa da entrega da casa pronta o mais rápido possível. E tal promessa foi cumprida. Meses depois, todos os estudantes sorteados já habitavam na nova republica que tinha seu nome inicial de BATACLÃ.
Tudo corria “bem”nos primeiros meses. O ano era de 1989. Porém, por se tratar de uma república que se formou com pessoas que não se conheciam plenamente, começaram a ocorrer alguns atritos entre os moradores. Mais especificamente entre os moradores do sexo masculino e os do sexo feminino. O clima de hostilidade entre os dois grupos só foi aumentando, até que após de 5 meses, ocorreu a maior discussão de todas entre os dois grupos. Neste momento, já era impossível a convivência e ambos queriam ter a rapública para somente um dos sexos. Um dia, ao voltar para a casa após mais um dia de aula os moradores Edimar, Aristeu, Emilson, Fernando e Mozart, foram impedidos de entrar em casa. O grupo feminino havia feito uma acusação de tentativa de estupro por parte dos mesmos e conseguiu com isso mobilizar outros moradores de várias repúblicas para que osnão permitissem a entrada dos moradores na casa e logo depois que fossem expulsos. Porém, após uma conversa com autoridades em uma delegacia, ficou provado que nenhuma tentativa de estupro havia acorrido e que tudo não passava de uma farsa para, por os estudantes para fora da republica. O impasse estava criado e teria que ser resolvido com urgência. Mas como? Nesta época existia no campus a Associação dos moradores das repúblicas do campus universitário (AMORECU). Esta Associação ficou responsável pela decisão do destino da república. Cada república integrante, após uma reunião interna, mandaria um representante para uma reunião geral onde seria decidido qual dos dois grupos permaneceria na casa.
O impasse estava perto do seu fim. Em uma reunião geral com todos os representantes das republicas e com os dois grupos de moradores, foram ouvidos, os motivos pelos quais se chegou até aquela situação. Essa reunião começou às 21 hs e só foi terminar às 7 hs do outro dia. Com 8 contra 7 votos, o grupo masculino garantiu o direito de morar na republica. Fim do problema da casa.
Porém após, tudo isso, os moradores decidiram por adotar um regime de batalha de vaga, para os que viessem a morar na republica, com o que só ao final de um período de adaptação e avaliação por parte dos veteranos, seria dada resposta ao bixo. Foi decidido também que o novo nome seria Cosa Nostra, em virtude da realção de amizade e fidelidade existente entre os integrantes da famosa máfia Siciliana.A data de fundação ficou sendo 21 de abril de 1989.
Após os fatos ocorridos e diante das decisões tomadas, integraram o quadro de moradores e fundadores Ivonaldo Aristeu (Quatí), Fernando Rocha (Mandíbula), Edimar e Mozar. Posteriormente fizeram e ainda fazem parte da republica André Luiz (WiskyJow), Adler Araújo (Bambi), Carlos Moacir (Moá), Durval Dias Santiago (Chupa-Cabra), Frederico Bretãs (Fredão), Marcos Geraldo (Totam), Alexandre Sousa Bastos (Keké), Marco Antonio (Tacolake), Osvaldo José (Bozó), Adriano Satler (Tantão) atualmente a republica tem como moradores Lucas de Almeida Botelho (Sem-terra), Reginaldo Adriane Cal (Rasgado), Marcelo Vinícius Aniceto Reis (Macalé), Maurício Matsunaga (Sumô), Antonino Antonio Braga (Azaléia), Fernando Emerson Batista (Ganso), Atanael Freitas Assunção (Zé Bunitim), Eduardo Batalha de Magalhães (Gambá), Jordane Dalmo Fonseca (Teletobbies).


COVIL DOS GÊNIOS


A fundação da república Covil dos Gênios no Morro do Cruzeiro se realizou com a união da República Covil com a República Bordel (ambas particulares na época) e mais alguns alunos que moravam em pensão, formando assim um grupo de treze pessoas. A formação desse grupo se deu após sucessivas reuniões no CAEM, sob coordenação do DCE.
Após a conclusão da construção das 14 casas no Morro do Cruzeiro, foi realizado um sorteio, onde seriam sorteados os grupos que iriam morar nessas casas. O grupo fundador da república foi sorteado em quarto lugar e o ano da mudança foi 1982.
Dá República Bordel vieram os moradores Bertoldo, Arthur, Birigui, da República Covil vieram Alfredo, Gordo, Trinta, Coelho, Marcelo e Tucano e dos que moravam em pensão vieram o Marcos, Gurgel, Sagioratto e Zé Cláudio.
O nome atual da república se deu após algumas reuniões, mas não se chegou a um consenso e somente depois de pedidos dos ex-alunos da antiga Covil (Clênio, Ado...) resolveu-se então colocar o nome de Covil dos Gênios e a idade da casa é contada a partir da data de inauguração da antiga Covil, que foi em 1975. A nossa primeira e única comadre aqui no Morro do Cruzeiro foi a Margo.
A Covil por tradição sempre alojou alunos de Engenharia e vem tentando manter esta tradição até hoje, o que é muito difícil devido ao crescente número de novos cursos da UFOP. Atualmente, na casa existe apenas um morador de outro curso.
O processo de escolha de moradores para morar na república leva normalmente o período letivo inteiro, onde no final dele é realizado a reunião de escolha do bixo. Nesta reunião, todos os moradores devem votar a favor do bixo para ele ser escolhido, no contrário se pelo menos um morador votar contra, ele não será escolhido. Neste tempo o bixo realiza diversas necessidades básicas da casa, além de passar por diversos trotes nos quais ele suporta, e por quais todos os moradores já passaram.
Um evento importante que marcou a república, foram os campeonatos de futsal das repúblicas da UFOP, onde a Covil sagrou-se campeã sete vezes, desde a inauguração do ginásio da UFOP (1993) até 1999.
Como é comemorado todo ano no dia 12 de Outubro o aniversário da Escola de Minas de Ouro Preto, as repúblicas da Escola de Minas tradicionalmente comemoram seus aniversários na mesma data, e como a Covil é uma república de engenharia, manteve-se a data de aniversário, contando sempre com a presença da maioria dos ex-alunos. Nesta data, são feitas homenagens aos ex-alunos, sejam eles de 5, 10, 15 ou mais anos de formado e também uma grande confraternização entre ex-alunos e alunos.
A cidade de Ouro Preto, por ser um grande ponto turístico, é muito importante para a vida das republicas. Podemos citar o Carnaval e o Festival de Inverno, onde nós recebemos turistas de vários locais do estado e do país e de onde conseguimos adquirir algum dinheiro para a manutenção da casa, além de um grande “rock ´n roll”.

Rep. Covil dos Gênios – Campus universitário UFOP, casa 3 A – Morro do Cruzeiro Ouro Preto-MG
Cep: 35400-000
Tel: 551-2459


DEUSES


A República dos Deuses, tem fixada como data de fundação, o dia onze do mês de outubro de 1963. Mas, na verdade, em janeiro de 1964, alguns estudantes de Engenharia, hoje fundadores da República e ex-alunos, estavam conversando na Praça Tiradentes e descobrem que existia na Rua do Ouvidor, uma casa abandonada, na qual decidem invadi-la, fundando assim à República. Quanto a origem do nome República dos Deuses, é devido ao apelido dos republicanos, que tinham nome de um Deus do Olimpo. E já com o nome criado decidem fazer a placa da República, cujo logotipo haviam doze Deuses. Referentes aos doze republicanos-moradores.
Os republicanos, já instalados na casa da Rua do Ouvidor, ao saberem que a Escola de Minas, havia comprado várias casas decidem, assim, invadir uma das casas que foram compradas. Casa que é hoje a atual sede da República, que localiza-se a Rua Bernardo Guimarães, 11, no Bairro Rosário.
A casa invadida, estava em péssimas condições de moradia, sem luz elétrica e outras necessidades, e foi com o tempo sendo reformada pelos moradores, instalando luz elétrica, esgoto e outras necessidades básicas. Assim, com o desempenho de todos os moradores que passaram pela República, a estrutura da casa foi mudando e adquirindo novos instrumentos necessário para vida acadêmica, e para o conforto dos moradores. Instrumentos, hoje, indispensáveis. Somando assim, o patrimônio material e cultural da República. Dentre eles podemos mencionar a televisão, telefone, som, video-cassete, computador, discos e cds, livros, freezer, Boite, e outras coisas mais.
Para a construção do patrimônio material e cultural da República, foram necessário desempenho e organização. Que foi facilitada através da relação hierárquica entre os moradores. Facilitando assim na cobrança. E com as reuniões, os problemas sempre foram discutidos e colocados em Ata, cobrando imediatamente soluções. Já para a escolha de novos moradores, é admitido como republicano, o calouro ( Bixo) que adaptar à República, demonstrando assim interesse e organização pela casa. Em 1997, a República decide abrir vagas para outros cursos. Pois até então haviam tido apenas estudantes de engenharia. Nesses trinta e sete anos de existência, formaram-se aproximadamente setenta ex-alunos.

Fundadores:

- Wagner Geraldo da Silva
- João Bosco Viana Drumond
- José Sebastião de Oliveira
- Gentil Carneiro de Melo
- José Roberto Carneiro
- José Miguel Cotta
- Maurício José Danese
- Miguel Mariano de Oliveira
- Gustavo Acácio Hauck
- Habelardo Reinaldo Costa Magalhães
- Bernadino de Senna Carneiro
- José Grandão


DOCE MISTURA
Casa 2c – Campus Morro do Cruzeiro

A república doce Mistura foi fundada pelo união de algumas moradoras de pensão, juntamente com mais duas outras republicas localizadas no centro de Ouro Preto: República Mistura Fina, representada pelas Finíssimas e Republica Bomboníere, representada pelas Bombons. Daí surgiu o Nome doce Mistura, fundada em 17 de Abril de 1982.
As doçuras fundadoras foram: Ana Luzia M. Souza, Denise Natali Kumaira, Elisa da Silva Lemos, Girlândia Aparecida Alves, lvana Márcia F. de Olíveira, Jacqueline M. Laranjeiras, Kátia Reis Dutra, Maria Ângela Castro Paes, Maria Cristina Alves Fontes, Maria Tereza de Fátima Costa, Maria Januária de O Profeta, Maria Tereza F. Fialho, Selma de Fátima Melo, Silvana da Silveira, Solange Duarte, Vera Cristina Vaz Lanza e Virgínia Rodrigues C. Resende.
Para se tornar uma DOÇURA, esta deve ser eleita por unanimidade, no presença de todas os doçuras. Isto após uma batalha de vaga que dura em média um período.

FESTAS:

• 21 DE ABRIL – - Nesta data comemoramos o aniversário da República. É costume reunir as ex-alunas, eternas doçuras, as atuais moradoras e os amigos para um momento de confraternização.

• FESTA DA CAMISA – É realizada todo início de período, onde todas as republicas amigas são convidadas. Os moradores vêem com as camisas de suas republicas e a festa adentra pela madrugada. Geralmente, rola aquele “batidão esperto”.

• NOITE DO TIROTEIO – Esta é uma festa anual que a doce Mistura faz com a República Canaan, amiga de longa data. Rola aquela cervejinha gelada, muito música e todos os amigos.

ALGUMAS DE NOSSAS HISTÓRIAS

As pessoas que passam pela republica, constróem nossa história e nos deixam outras muito engraçadas. Estas são lembradas a cada encontro ou a cada fato semelhante.
Um dia, durante uma reunião, uma moradora ao mencionar sobre a hierarquia da casa, disse: O princípio básico da República Doce Mistura é e hereditariedade”.
Todo Domingo fazemos um jantar para que todas possamos conversar, colocar as fofocas em dia, contar os novidades. Num destes jantares, cujo cardápio era Bambá de Couve, uma das moradoras fez um comentário: estamos comendo sopa de bambu”. O agravante é que esta moradora era uma aspirante o nutricionista.
Esta é mais uma daquelas quentinhas! O namorado de uma dos moradoras, convidou-a para uma noite romântica com direito a vinho e tudo mais. Ela ficou super ansiosa esperando pelo momento. Quando a campanhia tocou, era ele com uma garrafa de catuaba selvagem na mão. Realmente, esta não foi uma noite tão romântica como todas prevíamos.


ESPIGÃO


A magnífica República Espigão surgiu da separação da República Marragolo, que também era composta da República Casablanca, por volta dos anos 60.
Durante um intervalo de aproximadamente oito anos, a República Espigão era chamada de Marragolo II.
A mudança do nome da república ocorreu após a assinatura do Estatuto da República Espigão, em 18/08/1975. Hoje a república conta com um estatuto atualizado no qual consta que os moradores deverão ser a maioria de engenharia, restando uma vaga para alunos de outros cursos.
Após insistente luta dos fundadores ( Guerra, Ceará, Frango, Caixeta, Dindé ) a república consolida-se como uma ¨República Federal¨.
O nome ¨Espigão¨vem do fato de um dos moradores do período de fundação ter grande semelhança física com o protagonista da novela da época, que se chamava ¨O Espigão¨. A partir daí, esta grandiosa república torna-se um sonho concretizado. Em 18/08/2000 completaram-se os 25 anos de fundação em que a formação de grandes profissionais é constante e continuará sendo nos próximos anos...




FAVINHO DE MEL


Em 1 de setembro de 1979, juntaram-se seis amigas que se alto titularam ex-gracetes por morarem na pensão de Dona Gracinha. Seus nomes eram Nilza, Geralda, Edna, Rita, Darcy e Alzira. Depois de muito procurar, finalmente, encontraram uma casa ( casinha) que na ocasião se localizava na rua Costa Sena próxima a Escola de Farmácia.
Neste dia haviam combinado de se encontrar logo pela manhã para limparem a casa, não fosse o atraso de Alzira ( sempre preguiçosa ) a situação da casa não era das melhores; vazia, colchão no chão, roupas e livros espalhados, caixas por todo canto e as famosas malas da Geralda que só não ocupavam mais lugar que o mofo.
Depois de muito trabalho, com ebulidor emprestado, caneco e colher comprados na hora saiu o primeiro cafezinho. Tomá-lo juntas, ao mesmo tempo, era impossível, sabe porquê? Na casinha só tinha um copo, mas o café não deixava de ser gostoso mesmo assim. Ao final do dia estavam todos cansados: as seis fundadoras e o amigo Epitácio que viera ajudar as meninas na mudança.
Enfim tudo terminado, na hora de dormir uma surpresa duas ex-gracetes não estavam na “casinha”, gandaia logo na 1 noite, vejam só, e assim começou a vida republicana das seis jovens amigas.
Começa uma nova e importante preocupação, qual seria o nome da republica. O trabalho foi intenso, até cartaz no Remop foi colocado e as idéias foram as mais variadas possíveis, mas nenhuma delas se encaixou como um bom nome para a “casinha”.
_ Boa idéia, casinha de abelha.
_ Mas não é casinha de abelha e sim favo.
_ Tchan, Tchan, Tchan, Tchan... surge: “Favinho de Mel”.
Depois de batizada a Favinho de Mel começou a ser conhecida nas melhores rodas estudantis e até mesmo recados no Remop eram deixados para as abelhinhas.
Apesar de tudo estar indo muito bem ainda faltava muita coisa para a republica e como a grana de todas era curta decidiram fazer uma rifa. O dinheiro arrecadado não foi muito então as abelhinhas hospedaram as 1 cascudas para o vestibular na Favinho de Mel.
Citação de uma moradora da época sobre tal situação:
“A mulherada estava para a Favinho de Mel, assim como a homarada estava para o CAEM. Pois o que tinha de mulher não estava escrito, difícil mesmo era dormir.”
Depois disso tudo, as abelhinhas conseguiram montar uma casa agradável e confortável.
Tinham tanto conforto que tinham até um carro (e que carro). Para começar, o nome dele era “icognita” a cor verde bandeira e o combustível “empurra-empurra”. Ouro Preto em peso queria fazer negócio com as abelhinhas, mas elas decidiram desmontá-lo e o carro desapareceu.
E assim após alguns sacrifícios a Favinho de Mel finalmente se consolidou como republica feminina da comunidade estudantil de Ouro Preto. E de pouco a pouco iam chegando novas abelhinhas, muitas delas vindas da pensão de Dona Abigail que quase foi a falência. Nessa época as moradoras só aceitavam alunas de engenharia, apartir de 1985 a casa possuía em sua maioria estudantes de áreas biológicas e atualmente está aberta a todos os cursos.
Muitas histórias se passaram ao logo desses 21 anos de existência da republica. Muitas serenatas foram recebidas e foram feitas, muitos trotes entre republicas.
Certa vez as abelhas resolveram prestar uma linda homenagem aos meninos da Marragolo que na época resolveram brincar com as meninas e as receberam jogando água. As abelhinhas também não ficavam para trás, até hoje uma de nossa ex-alunas possui a bandeira de uma das republicas da famosa Vila dos Tigres e nessa troca de brincadeira grandes amizades foram formadas.
Em 1998 a Favinho de Mel mudou-se para uma casa bem maior atrás da Escola de Minas, onde encontra-se até hoje.
No primeiro carnaval que as abelhinhas passaram na atual casa (1998) uns amigos que aqui estiveram, de tanto amor pela republica presentearam as abelhinhas com o hino e o grito. Nessa mesma época a Favinho de Mel passa por uma grande dificuldade possui apenas duas abelhinhas que estão para se formar. Seria o fim? Não aos poucos as meninas conseguiram novas companheiras que amassem tanto quanto elas a Favinho e se tornassem então as mais novas abelhinhas. Elas com muito sacrifício e força de vontade, juntas, adquiriram uma nova plaquinha para a Republica, uma nova pintura para a casa e uma linda bandeira, na qual esta o novo emblema da Favinho de Mel.
Atualmente somos cinco abelhinhas uma caloura uma cascuda e um gato na seqüência os nomes. Solange, Iluska, Ana Paula, Emília, Cintia, Betânia, Zaira e Zangão. Possuímos em nossa história 25 ex-alunas na seqüência de tempo de formadas.
Alzira, Darcy, Edna, Marilene, Geralda, Nilza, Claudia, Sueli, Silvia, Flávia, Sandra Maria, Regina, Sandra, Ana, Lilian, Cláudia Leite, Renata, Pascolina ( Lina ), Hilza, Claudia Prado, Patrícia, Cristiane, Denise, Hellen, Janaina.


FG


A República FG foi fundada em 1965 e está situada à rua Conselheiro Quintiliano, 350. Essa casa, que pertence à Fundação Gorceix, era a antiga república dos professores da Escola de Minas, que alegando falta de calçamento e muita poeira, resolveram não mais residir no local.
A Fundação Gorceix resolveu, então, transformá-la numa república de estudantes. Seus primeiros moradores, considerados como fundadores, foram: João Borges, Marcelo Bento de Carvalho, Roberto Soares Nogueira (Xeré), Nícias Chaves Pimenta (Nipicha), Antônio de Oliveira Xavier (Belo Antônio), Frankilin Teixeira (Chico Galinheiro), Jório Coelho, João Kalil Kattar, Paulo Emílio Marcarenhas Borba (Bimba), Reinaldo da Costa Farias. Essa primeira turma pagava aluguel à fundação, exceto o Belo Antônio que recebeu a função de administrador da casa pela fundação. Mesmo assim havia a função de presidente, eleito por seus pares por um período de um mês. Essa primeira turma, escolhida pela FG, embora de forma heterogênea, ainda mantêm contato com os atuais republicanos.
Em meados dos anos 70, os republicanos da época tiveram a preocupação de ativar a aproximação com as demais repúblicas de Ouro Preto, bem como o contato com os ex-alunos. Promoveu-se uma rifa de um violão e foi comprado um aparelho de som 3 em 1.
A esta altura, já havia sinergia com a vida ouropretana: como professores de cursinhos pré-vestibulares ; em incursões nas artes, a FG expressava em murais e telas a força da arte da pintura, através das mãos de um dos seus moradores ; promovia noitadas de violão e rodas de samba; defendia com grande talento a EMOP em jogos de futebol, e, mesmo hoje em dia a equipe da FG é respeitada em suas apresentações. A FG estava de cara nova, e pronta para promover um 12 de outubro com a participação dos ex-alunos, que seriam convocados. Este primeiro congraçamento foi realizado e se constituiu em grande sucesso! Alguns Efigeanos lecionavam na Escola Técnica, fundaram o cursinho pré-técnico Tibiriçá e, posteriormente, o pré-vestibular Tibiriçá, que viria a ser o mais procurado e campeão em aprovações. ( Nossa homenagem póstuma e sentida ao fundador, estimado e saudoso colega ROGÉRIO OLIVEIRA CARDOSO - “Rogerinho” ).
Certa vez, a república recebeu da Fundação Gorceix carta de despejo, para desocupação do imóvel no prazo de 30 dias. Inconformados os moradores recorreram aos Conselheiros da Fundação e foram apoiados. O Superintendente elogiou tal atitude acolheu a causa e revogou a medida. O fato da fundação querer de volta a casa torno-se parte da história da república.
A república estava pronta para alçar vôos mais altos. Foram criados o hino, a bandeira, e o símbolo, este uma águia jovem e vigorosa, portanto em cada asa as letras F e G. O imóvel que ocupávamos haveria, também, de ser alvo de inovação. Foi decidido transformar o cômodo anexo a lavanderia em boate. O espaço começou a ser preparado. Em sistema de mutirão descascou-se o reboco das paredes para deixá-las com tijolos aparentes. Havia necessidade de revestir o piso de 6 m² com lajotas. Reunião convocada decidiu que as lajotas deveriam ser tomadas “por empréstimo” e, para tanto, haveria a participação compulsória de todos os Efigeanos. E lá foram, em fila indiana, enfrentando o frio cortante da madrugada ouropretana, até uma pedreira. As lajotas foram trazidas e colocadas. Se o delito tivesse sido flagrado, possivelmente teria sido a maior prisão coletiva da cidade. Como em compensação ao “fornecedor” foi decidido que ele e sua família seriam convidados para todas as festas na República. E saibam que o convite foi inúmeras vezes aceito e, não raro, aquele compreensivo empresário, olhando para o chão, dizia: “eu estou conhecendo estas lajotas...”
O furto de galinhas é prática antiga dos estudantes,”engolida” sob protestos pelas vítimas. Estudava-se métodos menos provincianos e mais técnicos para afanar as penosas. Um dos colegas ensinava: “ não é necessário usar de pressa e violência. A coitada está dormindo. Basta colocar a mão com o polegar em riste, paralelo ao peito dela. Ela, recebendo um pequeno toque, sairá do poleiro para o dedo e com movimentos suaves e precisos, será transportada para onde você quiser.” A lição foi recebida com risadas gerais.
Aqui nossa homenagem póstuma ao nosso jacoso, querido e saudoso colega JOSÉ ROBERTO SIQUEIRA BARROS (Rancheiro).
Muitos Efigeanos entrosavam em namoros e amizades com famílias tradicionais de Ouro Preto. Alguns ali casaram e constituíram família.
A criatividade, empenho e vibração da República FG contagiavam até os vizinhos e amigos da festiva Sparta e os da aplicada República TX, amizade que se mantém ao longo de várias gerações.

“É de manhã quando desço lá das Lajes,
Anega pensa que vou estudar,
Jogo o baralho velho no bolso, abenta velha na mão
E vou prá praça coçar...
Estudar, estudar prá quê ? se eu estudar eu vou morrer.

E nossa vida passou a ser cantada em versos:

Nós somos Efigeanos vibradores,
Orgulhamos a muiezada do Brasil,
Somos coçadores ferradores,
Prá tomar pinga nós usamos é o barril,
Café pão duro e chá,
Sem um bondinho não podemos aquentar,
Nossa querida FG, aqui estamos prá viver!

Nós somos a fina quente da escolinha,
Lutamos para as provas conseguir,
Somos jogadores de purrinha,
Sempre alegres e ricos a sorrir,
Beber, jogar, coçar,
Sem estudar eu vou chegar até formar,
Nossa saudosa FG, não te esqueço até morrer!

E, como um Efigeano, o que mais nos orgulha é ter sabido manter ali um ambiente sadio, de companherismo e solidariedade, de mútua ajuda e respeito ao próximo. Todos tem voz e vez e o egoísmo inexiste. Enfim, a FG nos proporciona aprendizado inestimável para a vida.


FORMIGUEIRO

Kléber Farias Pinto)
Fundada em 15/04/1951

Recém chegados da Aracaju – Sergipe, para cursar o 3o ano científico (22 grau) no Colégio Arquidiocesano de Ouro Preto, dirigido pelo Padre José Filgueiras Rocha e Curso Anexo da Escola de Minas os estudantes KLEBER FARIAS PINTO, FRANCISCO CARLOS PINHEIRO FARO, ARNOBIO ALVES UANUS, SILVIO LEITE NETO convidaram o mineiro GUIDO DEODORO JACQUES PENIDO para desistir de procurar lugar em repúblicas. Nenhuma delas aceitava admitir “bichos” não universitários. O negócio era fundar uma república. A maioria composta do Kleber, Faro e Arnobio, morava na Pensão Central, do Sr. Carlos, na Rua São José nº (bem em frente ao local onde morava Tiradentes e depois o terreno foi salgado para que nem vegetação pudesse ali viver) em 1 casa com térreo e 2 andares. O 32 andar ruiu anos depois e a restauração se deu só no térreo e primeiro andar. Todos ali chegaram na madrugada de janeiro de 1951 após 7 horas de viagem na “Maria Fumaça” procedente de Belo Horizonte.
Foi localizada, disponível para aluguel, a casa da Rua Xavier da Veiga 13, geminada à 15, de propriedade do Sargento Pimenta, dona Ercília Pimenta, Ana Pimenta e Maria José Pimenta.
Tal localização trazia o inconveniente (ou vantagem) de ter seu acesso através da zona de prostituição – caminho novo. Ali pontificavam grandes amigas como a Professora Jacyra, Maria Forte (posteriormente elevada a categoria de governanta e cozinheira do Formigueiro – durante o dia), Maria Gasolina, Hilda, Maria Roxinha e o inesquecível Argemiro do botequim “PITO ACESO” e do “Caixote em Pé”.
Instalada a república coube ao Faro sugerir o nome Formigueiro, talvez por sua localização.
Eram surpreendentes as instalações do chuveiro com água aquecida no fogão de lenha. Ficava no porão exatamente no meio do galinheiro onde viviam as galinhas honestas nascidas de pintos chocados em casa e as desonestas roubadas, principalmente, dos professores da Escola.
Logo ao final do ano o Formigueiro se notabilizou conquistando o primeiro e o quarto lugar no Concurso (vestibular) da Escola com o GUIDO e o KLIFBER. Depois coube ao Nulton Zander ser o 1o do novo Curso de Geologia.
Ficaram notáveis as extravagâncias ocorridas em alguns republicanos. O Guido teve morte muito trágica, junto com sua filha. O José Leite (chapéu) também morreu em incrível situação. O Flávio Stockler de Queiroz Pimentel autor dc dezenas de músicas de serenatas e do Hino da Escola de Minas foi vítima de excessos alcóolicos. O Luciano, filho da “COMADRE REGINA” – cozinheira morreu no campo de futebol em pleno jogo. A Regina, Nazinha, Elza (mãe e filhas) faleceram com o Mal de Chagas. Muito cedo também faleceu GERALDINO ARAÚJO, o homem que furou a parede para namorar a vizinha Ana, sua esposa.
Em 1958 (?) foi construída a nova Formigueiro com recursos da VOTORANTIN doados pelo Eng. José Ermírio de Morais (pai de Antônio Ermirio) com projeto e execução dos colegas Darcy Germani, Jaime Cohen e outros.
Muitos republicanos se dispersaram tendo cabido ao Kleber Farias Pinto a honra de ser o primeiro habitante da Formigueiro e se formar como Engenheiro de Minas, Metalurgista e Civil em 1959 ano em que se mudou para construir Brasília com Cassio Damazio – Presidente da Fundação Gorceix e junto com dezenas de ex­alunos comandadas por Israel Pinheiro escolhido por Kubitschek para Presidente da NOVACAP.


GAIOLA DE OURO


TERMO DE ABERTURA DO LIVRO DE ATAS DA REPÚBLICA GAIOLA DE OURO


“Este livro contém os acontecimentos e fatos discutidos em reunião dos membros da república “Gaiola de Ouro”, em forma de ata, o estatuto da república, bem como, quaisquer resoluções tomadas nestas, as quais, serão relatadas em caráter de adendos.
Convém destacar aqui, que trata-se de um ressurgimento da antiga República que tempos outrora, fazia parte das já várias Repúblicas existentes.
Tal fundação foi feita pelos alunos Emopianos, cujos nomes passamos a citar:

Antônio Eymard Rigobello (Galopim ou Benga);
Cláudio Batitucci (Nativão) Nora (Vadim);
Domingos Sávio Rodrigues (Pacote);
Farnese Mendonça da Cunha (Gravatinha);
Francisco Nogueira Porto (Ron-Ron);
Gilmar N. Golveia Jarreta;
Gilvan Adivincula Abreu (Fuinha);
Herman Sávio de Souza;
Issamu Endo (Japonês);
Jorge Abdslla Adum (Zebrão);
José Carlos Mendes Ferreira (Zé Grandão);
José Jorge Guimarães (Mamão);
Marcos Pereira Gonzaga (Lesmão);
Odair D. de Oliveira (Bispo ou Veio);
Sergio Antônio Manso (Bonito).

Um outro destaque se diz, com relação à data da Fundação desta República, ou seja, dia 28 de novembro de 1977, data da entrega da República aos novos “Pássaros da Gaiola de Ouro.””
Com o Tempo, alguns dos fundadores da República Gaiola de Ouro, foram saindo, não tendo a oportunidade formar na referida casa. Para ocupar seus lugares, outros alunos aderiram a esta gloriosa família de Pássaros, que em conjunto, lutaram veementemente para o crescimento da República. No início, foi sugerido para esta casa, o nome de “República Casa do Visconde”. Esse nome derivaria do fato de que nesta casa viveu o Visconde de Ouro Preto. Contudo a república consagrou-se mesmo com o nome de Gaiola de Ouro. O Livro de Atas relata com detalhes, cada passo da “vida da Gaiola de Ouro”. No início, como não havia hierarquia, os quartos foram sorteados e os primeiros móveis da casa, foram comprados a partir do dinheiro arrecadado em função de uma rifa, que foi vendida entre amigos e familiares dos fundadores.
O primeiro Ex-aluno a expor seu quadro de formatura na parede da sala da República Gaiola de Ouro foi o Francisco Nogueira Porto (Ron-Ron) em meados de 1979. Dessa data em diante, 40 outros Ex-alunos já tiveram essa honrosa oportunidade.
Atualmente, o aniversário da Gaiola de Ouro é comemorado no dia 19 de maio. Essa data foi sugerida pelos antigos moradores, que a julgaram mais conveniente.
Apesar de considerada jovem, a República Gaiola de Ouro, integra o cenário das repúblicas Federais mais tradicionais de Ouro Preto, ajudando a construir e fixar na História, esse importante e peculiar sistema de moradia estudantil no Brasil.


JARDIM DE ALA


Foi no ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, de 1964 (ano da Gloriosa), que lá pelas bandas da Rua do Carmo, na Paróquia da Matriz de Nossa Senhora do Pilar na Cidade de Vila Rica de Ouro Preto, da província das Minas Gerais que se teve a idéia de edificar uma fortaleza...
Edificação própria que abrigasse e reunisse valentes cavaleiros convocados a aprenderem, com laboriosos professores a difícil arte do conhecimento do engenho. E que após, anos de estudos e perdas infinitas de noites em claro, sobre as mais de cem folhas de sebentas, poderiam orgulhar-se além do título de doutor, pertencerem em definitivo a Irmandade da casa Mestra de Gorceix, e pudessem também, ter sua merecida alcova de repouso de guerreiro...
Sentinela essa, com a missão primordial, de forjar desbravadores e defensores do conhecimento mundano e acadêmico, daria guarida, por vezes, a tão belas jovens moiçolas que viessem as plagas ouropretanas, em busca da felicidade e lábia daqueles nobres estudantes, de disponíveis e vagabundos corações...
E então, surgiu lá pelos lados, da ladeira da Coronel Alves, um harém, edificado pelas pilastras do saber, inspirado na vestuta Escola de Minas e concretado com uma argamassa de cachaça, cerveja e gororoba feita pela cumadre, ajudado pelos afagos das mãos de odaliscas faceiras... nascia assim, esse oásis de liberdade, cultura, e “divertimento “ em tão dura e difícil época! - A REPÚBLICA JARDIM DE ALÁ.
Bem! A história começa assim...
A idéia de reunir um grupo de estudantes do Curso pré-vestibular (Anexo) da Escola de Minas que até então moravam na pensão Maia (também conhecida como Sétimo Céu) para formarem uma república, começou no segundo semestre de 1964, com o aluguel de um imóvel, sito à Rua Coronel Alves, 65 pertencente a uma conhecida figura da época, Srta. Thaís Andrade, vulgo “Moby Dick”.
Os principais idealizadores foram o estudante de engenharia Antônio Alonso Ribeiro, o Baixo, e os cascudos Roberto Rocha Borba, o Faraó ; Eduardo Batista Sarcinelli, o Siri que arregimentaram Antônio Bruno, o Ave; Homero Ferreira Jr., e Antônio Rocha Abelha, o Taca; para juntos cotizarem o aluguel da nova casa. Estavam aí a primeira fornada do pedigree da dinastia dos sultões.
Após o consenso da turma - JARDIM DE ALÁ - a república precisava de uma placa que a identificasse, a qual foi tomada “emprestada”, da Viação Santa Cruz, que ficava na esquina da igreja do Carmo com a Praça Tiradentes. Era a rodoviária da época.
No decorrer do ano de 1964, novos sultões foram convocados, móveis foram doados e adquiridos e, em 1965, num dia de verão, os republicanos receberam a visita inusitada de belas modelos fotográficos, provenientes da capital para uma campanha publicitária de calçados de uma grande loja. Entra a República na mídia, e sobram goteiras no telhado,.. pois as fotos foram feitas sobre o velho casarão. Nesse mesmo ano a Escola de Minas comprou o imóvel e os novos calouros deixaram de pagar aluguel...
Em 1968, com a idéia de criação da Universidade e a nova reitoria à ser instalada na antiga casa do Dr. Fleury da Rocha, ao lado da República, a Escola de Minas resolveu transferir tal corja de estudantes, para um outro imóvel seu, sito a Rua Amália Bernhauss, 44, atual endereço...
Era um sobrado simples de cinco quartos, cozinha com fogão à lenha, quintal com um galinheiro vizinho...e a sombra do Chico de Baixo. Em 1971, construíram mais 05 quartos.
Causos e mais causos fazem parte dos anais da casa de Alá: dentre eles estão a dos “ratos” que habitavam tão distinta moradia - Não é que um dos sultões acabando de receber a mesada, comprou um queijo e quando resolveu comer, não havia nada na geladeira! Movimentos coletivos dos sultões originaram uma reunião e a caça ao “rato”, já que é inadmissível não assumir os atos praticados (Norma Republicana). Nesta reunião, o dono do queijo muito bravo com ratos anteriores, alegou ter colocado veneno com intuito de captura do”roedor”. Veio então um silêncio??? Para surpresa de todos, mais tarde “alguém” começou a passar mal... enfim os sultões gargalhavam, pois um detalhe importante nesta operação, o queijo não continha veneno algum...
Outro causo - A dos móveis para nova sala da República - Ni qui foi avistada uma pilha de tábuas de madeira de lei, que seriam destinadas a restauração da Igreja do Chico de Baixo, nosso vizinho, alguns sultões sugeriram um ajutório por parte do Santo. Contrariando o sagrado desejo de doação espontânea, o conflito “religioso” foi instaurado. Depois de confabulações e preparativos, os sultões pegaram em armas: munidos de cachaça, violão, lanterna, e um cronômetro os intrépidos republicanos partem para a santa missão de busca e apreensão do material para a confecção daqueles móveis. A tática usada foi; a noite, enquanto uma dupla de policiais rondavam as obras do barroco em ciclos cronometrados no mesmo sentido, os ágeis sultões com um sinalizador realizavam a operação cuidadosamente planejada. A carpintaria da Escola tratou de fazer os benditos móveis...
E a história continua, vai sendo vivida, lembrada, e escrita, no dia a dia e hoje, os moradores constroem um “causo” que será lembrado no amanhã...
Nossa JARDIM DE ALÁ, foi, é, e será... sentida, participada, convivida num tempo de atividades, amigos...São tradições que sobrevivem, que se formam...
Como está escrito no livro de formatura da turma de 1976 - “...são saudades dos nossos tempos de república, onde os golos de cachaça são mais quentes, os acordes dos violões são mais sonoros e os bondes são mais vibrantes...”
Como está escrito em uma dedicatória na galeria de retratos dos nossos ex: “das reuniões, das ferrações até as tantas, das cantorias e dos amores, das desilusões aos dissabores, não olvidaremos ó Casa Amiga, da nossa morada, das cachaçadas, das nossas noitadas”.
São saudades de nossos tempos de REPÚBLICA JARDIM DE ALÁ onde o espírito de união, de amizade configura o nosso patrimônio.
Comissão da República Jardim de Alá
Fone: 31.551.2089 - Gardel - Frescura - Ouro Preto/ 20/06/2000

JARDIM ZOOLÓGICO


q 1958: Um grupo de estudantes moradores da Pensão do Senhor Valdir, situada na rua Direita nº 10, resolvem mudar de casa devido à condições precárias de vida na pensão. Alugam uma casa e fundam a República Jardim Zoológico, situada na “rua nova”, nº 25, ao lado da Escola de Minas (perto da República Serigy). Os fundadores são os seguintes: José Wilson Teixeira, Carlos Rodrigues da Costa, Hermes Paranhos, Oscar Jaime Filho, Adilson Fonseca e Márcio Antonio Catini.
O nome “Jardim Zoológico” se dá devido à condição de “bichos da Escola de Minas” de seus fundadores na época.
q 1969: Devido às dificuldades para pagar o aluguel da casa, os estudantes reivindicam uma casa à Escola de Minas. A República então muda-se para uma casa situada no “Beco dos Bois” (hoje República Maria Bonita).
q 1973: No início do período, os então moradores tiveram que pegar suas mudanças deixadas pela Escola de Minas na República Pulgatório e se mudar para uma casa alugada no Bairro Antonio Dias, pois a casa do “Beco dos Bois” foi cedida para um professor da Escola de Minas.
q Outubro de 1974: Os moradores festejam o retorno à casa do “Beco dos Bois” cedida de novo à eles pela Escola de Minas em razão da queda de paredes da casa de Antonio Dias causada por uma forte tempestade (abaixo segue um relato da história).
q Novembro de 1975: A República se muda para uma casa da Escola de Minas situada na Rua das Escadinhas, 76, Bairro do Pilar (onde permanece até hoje). Antes da mudança, foi feita uma reforma na casa, quando então surgiram a escada que liga os dois andares, primeira churrasqueira (não mais existente), caixa d’água e os bancos de cimento do terreiro que até hoje são testemunhas de um bom bate-papo nos finais de tarde.
q 1983: A República é campeã do I Campeonato de Repúblicas de Voleibol.
q 1985: A República é vice-campeã do II Campeonato de Repúblicas de Voleibol.
q 1998: É realizada uma reforma geral na casa (pintura interna e externa, reforma de pisos e teto), com mão-de-obra dos moradores e dinheiro arrecadado em carnaval e festival de inverno do referido ano.
q 1999: Finalmente a boite é reformada, como se pode ver no relato de moradores abaixo:
Em 1999, começamos a reforma e reestruturação da boite da república, durante nove meses pouco se fez para concretização deste sonho, mas num belo dia deparamos com um grande desafio.
Um grupo de meninas pretendiam comemorar o aniversário de uma delas na Rep. ZOO, especificamente na “ boite inacabada”.
Ao telefone, o mais dançado da República disse:
_ “Podem vir”. A boite já está terminada e só esperando para ser inaugurada!
Este foi o nosso grande ERRO.
Tínhamos uma semana para terminar tudo...
- 15 litros de tinta,
- 108,37 metros de fio,
- 1100 tachinhas,
- 176 pentes (caixas) de ovos,
- 1348 kilos de paciência para pintar todas estas caixas, uma a uma, buraco por buraco, pincelada à pincelada, e colocá-las adequadamente no teto para se obter uma textura arrojada, dinâmica e acústica.

Conseguimos!!! Mas não atingimos nosso objetivo! Pois a energia potencial armazenada nas caixas do teto não foram suficientes para liberar o ‘libido’ das gatas. Pois é, como se diz: A vida não é feita só de vitórias....




KOXIXO


A querida e acolhedora República Koxixo teve sua fundação aos dezessete dias do mês de abril do ano de 1982, com quinze fundadoras no ato de sua fundação, quais sejam:
Renata de Andrade_ 8º período de Nutrição
Luci Rosângela Domingos _ 8º período de Nutrição
Maria do Rosário de Assis _ 8º período de Nutrição
Cléia do Reis Costa _6º período de Nutrição
Rita de Cássia Maria Bessa _ 4º período de Letras
Irene Soares Giroto _ 7º período de Nutrição
Deiziluci de Queiroz Moreira _ 4º período de Nutrição
Maria Aparecida Luiz Pinheiro_ 6º período de Farmácia
Maria Luiza Yoshiko Yao _ 2º período de Farmácia
Modesta Maria Trindade Neta _ 4º período de Letras
Edna Márcia do Nascimento _ 2º período de Nutrição
Efigênia Maria Leal de Oliveira _ 6º período de Farmácia
Maria Luisa Peixoto _ 2º período de Farmácia
Rosane Virgínia Lopes Leny _ 7º período de Nutrição
Rosângela Aparecida Aranda _ 8º período de Nutrição

A República Koxixo nasceu em meio a grandes reivindicações pela construção de um número maior de repúblicas federais femininas. Naquela época dava-se maior relevância à construção de repúblicas masculinas, tendo em vista o reduzido número de mulheres estudantes da UFOP.
Atendendo a essas reivindicações fora construído no campus da universidade 14 repúblicas federais. A partir daí iniciou-se o processo de seleção dos estudantes para então realizar-se a ocupação das repúblicas. Para ocupar as repúblicas havia uma necessidade de um número mínimo de vinte pessoas. Entretanto, as quinze garotas retromencionadas conseguiram bravamente promover a fundação da república sem o número mínimo. E curiosamente essa fora a primeira república feminina a surgir no campus universitário.
Fora assim que no dia 17 de abril de 1982 surgiu a então República Koxixo. Ainda que a república tenha surgido no dia 17 de abril, seu aniversário passou a ser comemorado no dia 21 do mesmo mês, juntamente com as demais.
O nome Koxixo surgiu devido ao fato de que as moradoras que aqui moravam, viviam em meio a um ambiente amigo e de muito companheirismo e que por isso falavam bastante entre si, ou mesmo ”koxixavam”, daí o motivo do nome.
A República Koxixo foi uma das pioneiras a agrupar pessoas de cursos diferentes, tendo como moradoras estudantes de quase todos os cursos existentes na UFOP na época, como: nutrição, farmácia, letras, excetuando somente estudantes de engenharia. Além da miscelânea de cursos havia também de crenças e modos de pensar e isso porém não obstou uma convivência pacífica e o nascimento de verdadeiras e duradouras amizades.

A vida na república

A vida em república é certamente a principal injeção de forças nos momentos em que bate a saudade de casa e a vontade de abandonar tudo e pedir colo no seio acolhedor de nossas famílias. A república nos encoraja, nos anima, chora e sorri com a gente, enfim, faz com que não desistamos de lutar pelo principal objetivo que nos colocou aqui em Ouro Preto, a saber, os estudos.
Além da república, não poderíamos esquecer as comadres, nossas auxiliares no trabalho doméstico odiernamente, que se tornam para nós estudantes, verdadeiras segundas mães, que não poupam esforços para amenizar nossas incertezas e conflitos. Tomam nossas dores como se lhe fossem próprias. Assim, é a descrição que podemos dar da D. Lúcia, a qual já não vemos como nossa comadre, mas sim, como membro dessa nova família que aqui em Ouro Preto ganhamos.

A união em geral das repúblicas

Não se poderia deixar sem o devido comento a união existente entre todas as repúblicas em geral, seja federal ou particular. União essa que é muito difundida em outros lugares devido ao fato de ser singular.
Podemos sem temor sentir orgulho dessa estrutura montada de repúblicas, porque com elas aprendemos o verdadeiro sentido do companheirismo, amizade e partilha. É bem verdade porém, que algumas tradições maculam o belo caráter dessa grande associação de repúblicas. Porém, cabe a nós lutar para que tais tradições maliciosas sejam abolidas e fazer com que prevaleça somente aquelas que possam mais tarde nos trazer alguma forma de enriquecimento como pessoa.

Conclusão

Portanto, o que nós, ex e atuais moradoras podemos registrar é o nosso orgulho e tamanho contentamento por morar na República Koxixo, que aos nossos olhos e sem falsa modéstia, é uma república dotada de grande sensatez, democracia e principalmente amizade e companheirismo.

Agradecimentos

Agradecemos às fundadoras por tornar possível a existência da República Koxixo, proporcionando-nos a possibilidade de morar em um lugar tão querido que se iguala aos nossos lares em nossas respectivas cidades.
Agradecemos às ex-alunas por terem dado continuidade ao belo projeto criado pelas fundadoras. Ademais agradecemos o carinho que as ex-alunas vem dispensando à Koxixo ainda hoje.
Agradecemos de forma especial a ex-aluna e fundadora Célia Costa Barbosa pela fundamental colaboração no que tange à consolidação do projeto em tela.
Enfim, nossos sinceros agradecimentos aos nossos pais por nos ter permitido estar aqui, aos estudantes da UFOP pela amizade constituída e aos moradores de Ouro Preto por nos receber em sua cidade, tornando-a nossa também.

Depoimentos
“Contudo, morarmos na Koxixo significa busca perene do real sentido da amizade, sensatez, respeito e o carinho. E é nisso que a nossa doce acolhedora e querida Koxixo se resume.”
(Andréa Rocha, Lutiana Amaral, Renata Aline de Andrade, Rejane Monção, Patrícia Stankowich, Magali Kenya Farnezi, Elaine Amaral, Aparecida Mucci, Letícia Pierre, Maria Grossi, Andréa Oliveira, Graciana Alves, Aline Botelho, Dalila Moreira, Welca Duarte, atuais Koxixanas)
“Parabéns Koxixo, tenho orgulho de ser fundadora, ex-aluna, nutricionista e eterna Koxixana. Morar em república e em Ouro Preto é com certeza crescer e dar bons frutos. Obrigado aos nossos pais, estudantes da UFOP, amigos e moradores de Ouro Preto.”
(Cléia Costa Barbosa, ex-aluna)


LUMIAR


A República Lumiar foi construída no ano de 1982, juntamente com as Repúblicas Arte & Manha, Palmares e Vira Saia, que compõem a chamada quarta ala. Ela foi ocupada por suas fundadoras na data de 14 de setembro do mesmo ano. Eram elas: Leila, Ângela, Nilde, Telma, Rosângela, Catarina, Itzel, Nair, Amélia, Keila, Marta, Rosane, Magda, Regina, Rose, Ilma. Alguns dias após a ocupação foi feita uma festa em comemoração a nova casa.
Para que as fundadoras pudessem ocupar a casa, era preciso, antes fazer inscrições na Escola de Farmácia, de onde eram eram selecionadas as futuras moradoras da casa.
Coincidência ou não a maioria das fundadoras estudavam numa mesma sala de aula, do curso de Farmácia, apenas uma cursava História, a Ângela. As moradoras mantinham a capacidade máxima de ocupação, com 20 pessoas morando na casa, sendo duas pessoas por quarto.
Uma vez formada a República, era necessário um nome para ela. Várias foram as sugestões, mas a que mais agradou foi o nome LUMIAR A idéia do nome foi da fundadora Leila. Segundo ela própria, a sugestão foi devido a música do cantor Beto Guedes, que era da mesma cidade que ela, Montes Claros. A música fala de um lugar maravilhoso,idealizado, cheio de paz e harmonia, onde tudo que é bom acontece e pode acontecer. A República Lumiar seria assim, um lugar maravilhoso, onde tudo é possível.
Como o nome já havia sido decidido, uma “placa” com o nome da república era preciso ser feita. A fundadora Nair desenhou a placa e a mandou fazer e esta permanece até hoje. A inauguração dessa placa coicindiu com o feriado de 21 de abril do ano posterior à fundação e a partir dessa data o aniversário da república ficou sendo comemorado no dia 21 de abril de todos os anos.
Para uma melhor organização, foram abertas duas contas bancárias para a República: uma conta corrente para pagar contas e uma poupança para repor eventuais estragos em móveis e aparelhos da casa. Nair era a responsável por administrar o dinheiro. Outras duas pessoas na casa administravam as contas a serem pagas.
A recém formada república não tinha regras, elas foram surgindo na medida do necessário e eram adaptadas nas reuniões periódicas que eram realizadas.
Numa brincadeira saudável, tentando fazer igual às repúblicas mais velhas, surgiu a tradição, também na Lumiar de deixar um retrato na parede da república quando uma moradora formasse. Infelizmente, nem todas as fundadoras, por motivo desconnhecido, não deixaram seus retratos.
A República Lumiar sempre foi feminina e para que uma pessoa quisesse dela fazer parte era necessário passar por um curto período de adaptação, quando era resolvido se a pessoa permanecia ou não. Atualmente há um processo parecido, onde a caloura passa por um período de adaptação que dura normalmente quatro ou cinco meses. Os trotes, apesar de poucos, permanecem a serem aplicados, só que agora numa frequência maior.
Atualmente, com 18 anos, a República Lumiar é composta por 15 pessoas: Patrícia Silva Santos, Kamila Guimarães Kossar, Jordânia Castanheira Diniz, Carolina Melo Rodrigues, Roseli Gonçalves de Araújo, Keyla Rodrigues de Souza, Aniquele Costa Venturi, Karinne Marieta Pimenta, Beatriz Rocha Adaime, Isis Firme Freitas, Cilete Dias Gonçalves e mais quatro calouras.
A República Lumiar continua sendo um lugar maravilhoso. O ideal de suas fundadoras foi alcançado, a Lumiar é hoje, cheia de paz e harmonia, um lugar perfeito para se morar. Todas as pessoas que por ela passaram ou que passarão jamais vão se esquecer do “Amor Lumiar”.


MARACANGALHA


A MARACA foi fundada no dia dez de outubro de 1955, encontrando-se na Rua dou Ouvidor, numero 129.
Desde a sua fundação, na MARACA só residiram e ainda residem alunos do Curso de Farmácia.
O vinculo com a profissão farmacêutica pode ser notado através da observação da bandeira da Republica, a qual possui as cores verde e branca, e traz, no centro, o símbolo da Farmácia - o cálice com a cobra enrolada em torno deste.
A REPUBLICA MARACANGALHA conta hoje com 168 ex-alunos registrados ( sabemos que este numero pode ser um pouco maior, pois de, tempos em tempos, aparece um ou outro ex-aluno, dizendo que após sua formatura não voltou mais a Ouro Preto, não deixando nem endereço para contato e nem mesmo o seu quadro de ex-aluno.
Este grande numero de ex-aluno pode ser explicado devido a uma peculiaridade que ocorria na REPUBLICA MARACANGALHA há tempos atras - era chamada de BATALHAR VAGA POR FORA. Nesta situação o calouro, devido a falta de vaga na Republica, residia em outra republica ou mesmo em pensão, onde apenas dormia, e passava o dia inteiro na Republica batalhando sua vaga da mesma forma que o calouro que estava morando na Republica, passando pelos mesmos trotes.
Desta forma temos entre nossos ex-alunos pessoas que residiram apenas por um ou dois períodos, mas mesmo com pouco tempo de residência não podemos fazer distinção entre o amor deste ex-aluno com aquele que tenha passado os dez ( ou mais ) períodos morando nesta Republica. O amor que temos por esta casa, seja ex-aluno, morador ou amigo e único, algo inexplicável.
Este trecho de um de nossos hinos pode dar uma noção do que ë viver, conhecer, cuidar da MARACA - (...) MARACANGALHA, OH QUE PAIXAO, ES PARTE DA MINHA VIDA PEDACO DO CORACAO.


MARIA BONITA


A casa localizada na rua Dr. Cláudio de Lima nº109 era utilizada pelo reitor da universidade para receber convidados.Várias pessoas participaram da assembléia reivindicando a doação da casa para a formação de uma república federal.
Realizou-se um acordo com o reitor que fez um levantamento dos móveis que existiam na casa e a doou para as estudantes mais carentes que participavam da assembléia. Logo após a mudança das primeiras moradoras para a casa, o reitor retirou todos os móveis existentes nela. As estudantes escolhidas para receber a casa foram: Creusa (História), Simone (Nutrição), Mercedes (Nutrição), Mônica (Engenharia de Minas), Yara (Nutrição), Jussara (Nutrição), Marta (Engenharia Geológica), Ana Lúcia (História) e Daniele (Engenharia Geológica).
Como a maioria das estudantes veio de uma república particular chamada Maria Bonita, no dia 08 de março de 1987, foi fundada a república federal com o mesmo nome.Desde então, todas as calouras que chegaram, tiveram que passar por um processo de adaptação conhecido como batalha, até ser realizada a sua escolha.
Um dos fatos não ocorrido inicialmente foi a tradicional inauguração de quadrinhos que já existia na época em praticamente todas as repúblicas federais. Desde a adoção dos quadrinhos na república, quatorze moradoras tiveram o prazer de inaugurar os seus, e mais três amigas foram convidadas a se tornarem inesquecíveis na nossa história.
Temos como vizinha, a República Saudade da Mamãe. Nossa convivência nem sempre foi pacífica, mas sempre muito engraçada. Muitos acontecimentos durante esse longo tempo de convivência nos marcaram e, entre eles, um nos deixou temporariamente o apelido de “Maria Groselha”.
“É que certo domingo, pela manhã, uma das moradoras despertou com um suave e estranho gosto de groselha na boca. Ao se levantar, molhou os pés. Notou que seu quarto estava inundado, e as paredes que eram brancas estavam rosadas. A confusão estava armada. Irritada e esbravejando muito, a moradora acabou acordando a casa inteira. Retiraram os móveis e outros objetos do quarto, começaram a puxar a água e não entendiam como havia acontecido aquele acidente. Ao terminarem, perceberam que risos e gargalhadas vinham do fundo da casa. Eram os moradores da Saudade que, já sabendo o que tinha acontecido, riam das moradoras. Discutiram muito e eles acabaram se confessando culpados. Contaram que de madrugada subiram no sótão e jogaram uma caixa de Ki-suco de groselha na caixa d’água, e sem querer quebraram a bóia (são mesmo desastrados!). Vieram e consertaram o estrago, mas aonde íamos, ouvíamos piadinhas a respeito dessa história e éramos chamadas de Maria Groselha”.
Mas a história não pára por aí. Houveram muitas outras confusões engraçadas com outras repúblicas, que fizeram os laços de amizade se tornarem cada vez mais firmes.
Durante as festas comemorativas de Ouro Preto como: Carnaval, 21 de Abril, Festival de Inverno e Festa do 12; hospedamos turistas que se tornam amigos e retornam com freqüência. Nestas festas, a casa fica cheia, e a animação é contagiante, principalmente no Carnaval, quando juntamente com mais treze repúblicas organizamos o Bloco do Mesclado e saímos domingo á tarde pelas ladeiras de Ouro Preto na maior folia, com mais de mil foliões.
O dinheiro arrecadado na hospedagem é utilizado para a manutenção e conservação da casa, além da compra de móveis e eletrodomésticos.
Muitos destes turistas voltam sempre que podem, e ficam surpresos com a evolução da casa em termos de compra de bens e conservação.
Sempre que possível realizamos uma festa para comemorar o aniversário da república, que nem sempre é realizada no dia oito de março, e temos o prazer de convidar as repúblicas amigas para festejar conosco mais um ano de histórias ouro-pretanas.
No início de cada período o Centro Acadêmico da Escola de Minas (CAEM), realiza o Miss Bixo, e a caloura que se interessa desfila fantasiada. No segundo período do ano de 1999, a caloura Mariana Miranda Mendes, do curso de nutrição, foi fantasiada de “Chuveiro Tabajara”, ganhando o primeiro lugar, e recebemos como prêmio caixas de cerveja, garrafas de bebidas e outros brindes. Com este prêmio realizamos uma animada festa de confraternização, que se estendeu até altas horas.
Viver em uma república é uma grande experiência, onde aprendemos a conviver com pessoas diferentes, a compartilhar e ceder. Aqui aprendemos o valor da amizade, do companheirismo e da união, e conquistamos grandes amigos, de diversas repúblicas. Existem repúblicas que são amigas desde a nossa fundação, e outras que conquistamos ao decorrer de nossa história.
Os fatos citados foram apenas algumas das inúmeras histórias que fazem parte da vida da República Maria Bonita.


MARRAGOLO
“Povo da Marragolo”,
Quem bebe morre, quem não bebe morre,
Vão beber putada “.

A República Marragolo tem seu início em meados de1967 numa casa alugada por alunos da Escola Técnica. Neste mesmo ano, a Escola de Minas adquiriu várias casas, entre elas a que havia sido do Doutor Fleury. Estas casas estavam em condições precárias e as reformas iniciaram-se lentamente. No ano de 1968, vários estudantes fizeram manifestações reinvidicando vagas em repúblicas ou em casas pertencentes à Escola de Minas. Alguns destes estudantes, entre eles, Sérgio Jurgensen (Serjão), Eromir Urbano Sponqueado (Botiô), Jair Eustáquio (Jajá), Eugênio Borges Ferreira (Gulu) e Antônio Carlos foram convidados a morar na Marragolo, onde já moravam outros alunos da Escola de Minas como Malão e Cristiano, além de Alexandre e William que eram alunos da Escola Técnica. Em agosto de 1968 a Escola de Minas autorizou a mudança de alguns alunos para a casa do Doutor Fleury, um grande casarão localizado à Rua Coronel Alves, 55. A Marragolo ocupou o segundo andar da casa e, como o Alexandre e o William eram da Escola Técnica, saíram dois dias depois. O terceiro andar foi ocupado pelos moradores da República Casablanca. Após a mudança, os calouros Edson Gomes Borba, Maurício, Reginaldo, João Luiz Armelim e Cremilda, além de outros que perderam – se no tempo, foram para a Marragolo.
As reformas na casa estavam num ritmo lento e as condições de moradia não eram muitas boas, muitas vezes sem luz e água. Somente em 1970 as reformas foram concluídas, um ano antes a República Casablanca já havia transferido – se para outro lugar. Em 1971 a Escola de Minas pediu a casa e ofereceu outras duas casas em troca. Uma delas, localizada em frente ao Hotel Colonial, foi ocupada pelos moradores do primeiro andar, que batizaram – na de Marragolo 2 e, posteriormente, de República Espigão. A outra casa, localizada ao lado da Escola de Minas na Rua Prof. Rosalino P. Gomes, antigo Beco da Ferraria II, foi ocupada pela Marragolo, desde então, a atual e eterna casa. Nesta transição para a nova casa a marragolo era composta por Maurício (formando), Armelim, Cremilda, Reginaldo, Jajá, Botiô, Gulu, José Lamas, Edilberto Biasi (Nino), Butão, Xinxa, Borba e Carcamano. No início de 1972 foram escolhidos os bixos Mané Coco e Jamelão. Assim, dos fundadores da Marragolo que ficaram até a formatura, temos: Maurício Ribeiro de Andrade, João Luiz Armelim, Eromir Urbano Sponquiado (Botiô), Edson Gomes Borba, Jair Eustáquio Gomes (Jajá), Luiz Geraldo Ribeiro (Cremilda), José lamas Chaves (Zé Brem), Eugênio Borges Ferreira (Gulu), Marcos Rogério Carneiro Lemos (Butão) e Celso Antunes de Almeida Filho (Xinxa).
A Marragolo é reconhecida pela Atitude – uma barrica de pinga que está sempre ao lado dos moradores e dos bixos para lhes dar conselhos¼ e tomar uma atitude, é claro!– bem como pelo seu “Povo da Marragolo: Quem Bebe Morre, Quem Não Bebe Morre, Vamos Beber Putada”, muitas vezes exclamado, principalmente no CAEM.
Outra marca da República é a coleção de garrafas, em torno de duzentas, que se encontra na sala e atrai a atenção de todos. Há garrafas antigas, como o champanha que comemora o 5º aniversário da República e outras estranhas, como a de cerveja de 1 litro. Mas todas têm uma história peculiar que fazem parte do histórico da República Marragolo.
Hoje a Marragolo conta com 57 ex – alunos e 11 moradores, além do cão Golão


MATERNIDADE


O início da república se deu a partir de um grupo de estudantes de engenharia em uma pensão, situada à rua dos Paulistas-136-Antônio Dias. Com o término do contrato do locador com a dona do pensionato, os estudantes resolveram alugar a casa e transformá-la na República Maternidade, particular masculina; isso ocorrendo em 04 de maio de 1975.
A origem do nome “Maternidade” não é baseada em apenas uma história, sendo a mais plausível a seguinte: conta-se que a dona do antigo pensionato, senhora distinta, que muito zelava pelos seus hóspedes, recebeu o amável título de “a grande mãe”. Com o fim do pensionato e conseqüentemente a inauguração da república, os moradores decidiram homenagear “a grande mãe” batizando a moradia com o nome que ostenta até hoje. Sendo assim, a partir dessa data todos os que viessem a se tornar republicanos passariam a ser chamados respeitosamente de “bebês”.
Os estudantes fundadores cursavam engenharia, quadro que se manteve até dezembro de 1980, quando houve a escolha do primeiro morador diferente ao curso. Passou-se, então, a haver uma miscigenação de cursos, procurando-se manter o equilíbrio, valorizando o indivíduo independentemente da área que cursava.
Durante toda sua história os “bebês” procuraram transformar o caráter particular da república para o de moradia federal.
A primeira tentativa foi em 1985; através de documento anexo, assinado pelo reitor da época, Fernando Antônio Borges Campos, no qual, os “bebês” se propuseram a se empenhar numa campanha para angariar recursos para aquisição de uma casa. Amparados por uma lei do governo Sarney, de incentivo à doações para entidades de utilidade pública, os moradores procurariam doadores, sendo estes beneficiados com abatimento no imposto de renda. Como esta tentativa, apesar de interessante para os dois lados, não surtil efeito esperado, em 1991 um outro grupo liderado pelo decano “carioca” invadiu uma casa situada no Brejo, destinada aos professores da UFOP, porém, o movimento foi retaliado com força policial a pedido da reitoria, e acabaram todos presos.
Já nessa época, a república se encontrava diferente, pois em 1988 ela passou a ser mista, portanto, não mais apenas de caráter masculino. Nos anos de 1992/1993 a república se encontrou fechada devido a problemas enfrentados pelos antigos moradores. Reaberta por Ludmila Neto Carvalho, a república voltaria a ser masculina logo após a formatura desta última, em 1996.
Atualmente a República Maternidade, com seus 25 anos, situa-se à rua Prof. Antônio de Paula Ribas-272-Água Limpa, tendo capacidade para nove pessoas. Os seus moradores têm como base o estatuto da república para tomar decisões referentes à organização e a tudo que diz respeito à casa, entre elas: escolha, presidência e hospedagem, respeitando acima de tudo a hierarquia.
A República Maternidade, além de seus moradores, também hospeda com honra seus ex-alunos e amigos diversos, os quais participam com afinco nas tradicionais festas como: Festa do 12, Carnaval, Festival de Inverno, nas festas de aniversário e outras que sempre aparecem em boa hora para todos. Todos são importantes para elevar o nome da república junto à comunidade ouropretana.
FUNDADORES:
Adão Vieira de Faria
Flávio Stort
José Antônio Diniz Faria
Mário Ricardo Soares
Luís Humberto F. Matos


MIXURUKA


Até 1960 somente duas Repúblicas pertenciam à Escola de Farmácia, Maracangalha e Pronto Socorro. Na necessidade de uma nova moradia estudantil, por intermédio do aluno Agostino de Oliveira Dias, o qual era membro do diretório acadêmico, foi comprada uma pequena casa próximo a estação da rede ferroviária.
De comum acordo foi escolhido um nome para essa nova casa e, devido ao seu tamanho, foi proposto o nome de República Mixuruka pelo morador e fundador Jacinto Tomás Martins da Costa. Em 04 de Abril do mesmo ano foi inaugurada a República, data esta em se comemora o aniversário da República Mixuruka. Na ocasião os moradores e fundadores foram Orlando Casarin Filho, José de Barros Neto, Hert Bastos de Novaes, Luis Fernandes, Edmar de Faria Pereira, Alciminio Araújo Dornellas e Jacinto Tomás Martins da Costa.
Como a casa era muito pequena, necessitava de uma ampliação que foi realizada em 1972 construindo mais quartos, uma nova cozinha, mais um banheiro e uma área onde são feitas as festas. A reforma foi idealizado pelo morador Floriando Silveira (Beto Baiano), e os demais moradores Joaquim Batista Toledo, José Getúlio Azevedo, Vicente G. T. Coelho e Francisco Calais Almeida.
Em 1977 formam os alunos Fredy Tanus Lopes e Robério Mansur Láuar, falecido em 1998 – Grande perda para a Família Mixurukana por ser um Ex–aluno amigo e presente - tal qual o Fredy, que em sua época recebeu grandes personalidades tais como Caetano Veloso e João Bosco.
Outra reforma foi feita em 1992 com os seguintes alunos Maurício Silva Carmo (Passoka), Mário Alessandro Gontijo (Fraudinha), José Miguel da Silva Moura e Veiga (Mormaço, único aluno estrangeiro natural de Nova Lisboa, Angola), Fábio Lasmare Costa (Alf) e Ricardo José de Mendonça (Pancinha).
Todos os 04 de Abril é realizada a festa de aniversário da República, porém a festa mais marcante foi a de 38 anos, uma vez que a maioria dos Ex-alunos estavam presentes numa grande festa que contava com uma banda de Sete Lagoas onde foi prestado homenagem aos ex-alunos de 10, 15 e 25 anos de formados.
Com o dinheiro arrecado desta festa, os moradores Emérson (Foca), Jódavi (Da Lua), Ricardo (Bozo), Gilmar (Gaguinho), Weslei (Cinderela), Daniel (Gonzo) e calouros promoveram uma nova reforma.
Em 1999 os atuais moradores Bozo, Gaguinho, Cinderela, Cássio (Buldog), Alexandre (Tatanka) e Daniel (Gonzo) realizaram um pequena reforma onde foi trocado o telhado da República.
Nestes muitos anos de República, muitos de nossos Ex-alunos se tornaram professores da UFOP como Afonso Barros Costa, Joaquim Batista Toledo e Olindo Assis Martins Filho e até mesmo diretor da Escola de Farmácia o Carlos R. Caetano Chaves.
Nestes anos que se passaram a Mixuruka conquistou amizades preciosas como o Ricardo A. de Souza (Buião) e Ciça, que sem dúvida fazem parte da sua história.
Apesar de que o nome sugere algo pequeno, a Mixuruka é e sempre será grandiosa, não somente para os que aqui moram ou moraram, mas por todos que tiveram o prazer de conhecer e conviver com a nossa e sempre REPÚBLICA MIXURUKA, constituindo uma enorme família Mixurukana.


NASCENTE


A república Nascente foi fundada em novembro de 1984 pelas ex-alunas Roseana de Fátima Carvalho (Mãe) e Maria Selme (Ninha). O nome Nascente foi inspirado na música de Milton Nascimento de mesmo nome e que era de grande sucesso na época. E como nascia uma nova república, não havia nome mais apropriado. A capa deste disco deu origem ao logotipo da república.
A Nascente foi fundada por ex-alunas de Nutrição, mas ao longo dos anos já abrigou e abriga alunas de vários outros cursos.
Por ser uma república particular, uma das maiores dificuldades é manter um endereço fixo. O primeiro endereço da república foi à rua Carlos Thomas, no Centro de Ouro Preto. Depois disto, já esteve localizada nos bairros Pilar e Antônio Dias, tendo neste último três endereços diferentes. Atualmente, situa-se à rua dos Paulistas, Antônio Dias.
Uma outra dificuldade em se manter uma república particular são os gastos. Houve um tempo que, dentre sete moradoras, três se formaram numa mesma época, ficando as demais em uma situação difícil. As despesas ficaram altas, porém, a vontade de manter a república, na época com treze anos, era maior e fez com que essa dificuldade fosse superada.
A convivência com pessoas de opiniões e costumes diferentes fez com que cada moradora que passasse por aqui deixasse um pouco de si e levasse um pouco da Nascente consigo.
A Nascente tem histórias, fatos e manias...
A casa no Pilar, por exemplo, era mal assombrada. Durante uma novena de Natal, portas de armários emperradas se abriram, cortinas ficaram na horizontal sem nenhum vento, causando medo e muito choro entre as moradoras. Outras vezes, objetos sumiam e apareciam nos lugares menos esperados. Parece mentira, não?!
Existe na república um livro onde são registrados os "foras" cometidos desde a fundação. Às vezes essas histórias são relembradas, tornando-se momentos de descontração.
Algumas manias de moradoras merecem ser lembradas: havia uma ex-aluna que quando chegava em casa depois de ter ido ao CAEM e aprontado todas, lavava o banheiro e as louças da cozinha como uma forma de auto-punição.
Nas festas tradicionais de Ouro Preto como Carnaval, Festival de Inverno e Doze de Outubro, costuma-se hospedar visitantes na república, que acabam se tornando amigos e voltando depois. Pessoas de várias regiões e até países diferentes aqui se hospedaram. Apesar da bagunça e desconforto proporcionado à república, das brigas da escala de horário para ficar em casa, a decisão por hospedar turistas é sempre aceita por todas. Como no carnaval de 98, quando três rapazes de Israel estiveram aqui por aproximadamente dez dias. No início a comunicação foi difícil, mas com uma mistura de inglês e espanhol, "aos trancos e barrancos", todos se entendiam. Ao final do carnaval, depois de muitas trocas de tradições e costumes, a despedida foi dolorosa. Assim também outras várias pessoas deixaram saudades, muitas voltaram, telefonaram, mandaram cartas e fotos, outras só ficaram mesmo nas recordações.
O dinheiro arrecadado com essas hospedagens é utilizado para melhorias na casa e para comprar móveis, eletrodomésticos ou qualquer outra coisa que a república esteja precisando.
Também utiliza-se deste dinheiro para comemorar os aniversários da Nascente. No ano de 1999 foi comemorado o décimo quinto aniversário. Foi feita uma grande festa, onde reuniu-se atuais moradoras, ex-alunas e amigos, durante três dias.
Mas não é só a amizade com os visitantes que a república mantém, uma relação bastante forte com os moradores de Ouro Preto, os chamados carinhosamente de "nativos", sempre mereceu uma atenção especial. Por onde a Nascente passou a amizade com os vizinhos foi e é marcante. Nas horas de "aperto" como assaltos, ou ameaças, ferramentas emprestadas, um lugar para ficar quando estamos sozinhas em casa, é à eles que recorremos e somos prontamente atendidos. Essa relação é fundamental e deve ser respeitada por ambos os lados.
Em 99, começamos a participar dos campeonatos de futebol, como forma de entrosamento com as demais repúblicas femininas, que apesar de ser "doloroso" tem nos rendidos novas e inesperadas amizades.


NAU SEM RUMO


A República Nau Sem Rumo completa neste ano 2000, trinta e quatro anos de história. Uma história cheia de momentos que foram importantes na formação dos muitos que tiveram o privilégio de fazer parte desta grande família. Existe uma relação muito forte de amizade e respeito que é sempre mantida a cada geração, e é neste ponto que a grande família Nau Sem Rumo se baseia.
Prova disto é o fato de que apesar do tempo, as pessoas que de alguma forma estão ligadas à república se encontram, mantendo sempre o contato e a amizade. Este encontro, quando é realizado na república, torna-se mágico, pois a casa, é o elo de ligação entre essas pessoas, o ponto de partida desta amizade, a materialização das emoções que muitos aqui já tiveram.
Um fato que deve ser lembrado neste levantamento, é o caráter inovador da República Nau Sem Rumo, que foi a primeira república da Escola de Minas a abrir suas portas a estudantes de todos os cursos da universidade, pois julga-se que a integração entre pessoas de diversos cursos gera um aumento do censo crítico e amplia as idéias e as opiniões sobre vários assuntos que são abordados com diferentes pontos de vista. Dentro desse fato, é muito importante relembrarmos o ano de 1988, que marcou definitivamente essa abertura com a escolha do primeiro estudante de um curso que não era engenharia: Enio Gualberto Rocha, hoje ex-aluno da república, formado em farmácia. Logo depois, vieram muitos outros estudantes, sendo que hoje a república conta ainda, com outros dois ex-alunos de farmácia, um ex-aluno de nutrição e dois ex-alunos de história. No quadro atual de moradores, além de estudantes de engenharia, a república conta ainda com um morador do curso de filosofia, um de história, um de direito e um de farmácia, que comprovam que o funcionamento de uma república pode ser mantido mesmo havendo a abertura de vagas a estudantes de qualquer curso.
A primeira casa que abrigou a república situa-se na rua Camilo de Brito 07, no bairro das Lages; o nome foi dado depois de uma festa regada a vinho. Foi justamente este vinho, chamado Nau Sem Rumo que batizou a república. Consta que desde 1963 já haviam moradores nesta casa, tais como Paschoal Schetinni, Antonio Fortunato Schetinni, além de outros que se mudaram para outras repúblicas ou se formaram. Mais tarde, no segundo semestre de 1968, depois de uma série de dificuldades os fundadores passaram a reivindicar junto à Escola de Minas (a UFOP ainda não havia sido fundada) moradia adequada e gratuita. Com a negativa, os fundadores resolveram tomar uma atitude mais drástica: acamparam na Praça Tiradentes, numa demonstração de coragem para que seu direito à moradia fosse respeitado. Depois de muita insistência essa reivindicação foi atendida, sendo cedida a casa onde até hoje é a república. O dia 26 de março de 1966, é de profunda importância para a Nau Sem Rumo, pois essa data marca o início da criação do estatuto da república, pelos seus moradores da época, ainda no bairro das Lages, que ainda hoje dita muitas das regras sobre o andamento de assuntos relacionados à casa e marca definitivamente a fundação da república Nau Sem Rumo. Porém, como já foi dito anteriormente, a existência da Nau Sem Rumo como república é anterior a 1966.
A integração existente entre as pessoas que viveram importantes momentos de sua vida na república proporciona uma série de histórias hilariantes que mostram bem o grau de envolvimento e de amizade dos moradores. As situações mais improváveis, aquelas que nem a mais fértil imaginação poderia criar, podem acontecer. Os “causos” contados são inúmeros, tornando-se parte da história da república e passados de geração a geração.
Nesse breve histórico sobre a república Nau Sem Rumo, podemos perceber que seu principal objetivo não é o de servir como uma casa onde se moram estudantes, trata-se sim de uma escola de vida, lugar onde o indivíduo aprende o real valor de se viver em grupo. Esta experiência faz com que a pessoa que tem a oportunidade de viver alguns anos em contato com a realidade da república possa levar consigo, para o resto de sua vida, o conhecimento acerca do espírito de grupo, da amizade e do respeito ao semelhante, conhecendo aqueles com quem convive não só como amigos, e sim como irmãos, desenvolvendo a amizade entre as mais diversas gerações, mesclando experiências de vida e conhecimento, tornando o indivíduo crítico e consciente de seus direitos e suas obrigações.

EX-ALUNOS FUNDADORES:

José Cristiano Machado Milton Rodrigues Fiúza
Jaime Dias Leminescata Luis Paes dos Santos (Lua)
Antonio Fortunato Schettini Paulo Henrique T. de Siqueira (PH)
Jaime Clemente (Jaimico)
Marcio Moreira


NECROTÉRIO


A república Necrotério foi fundada em maio de 1958 por: Nélio Coura Cenachi, Marcos Tadeu Vaz de Melo, Luciano Tavares Siqueira, Jonas dos Reis Fonseca e Antônio Alves de Carvalho Coursin. A princípio era uma república particular e localizava-se numa casa que havia sido necrotério da Santa Casa de Misericórdia, na rua Padre Rolim, quase em frente à Santa Casa, este é o motivo pelo qual a república se chama Necrotério.
A república possui uma placa de identificação onde há um desenho relacionado com o nome da mesma. No caso da República Necrotério, o símbolo é um esqueleto que traz, em uma de suas mãos, o próprio crânio e, na outra mão, uma garrafa. Logo abaixo do símbolo uma frase em "latim": Cum Poto Sine Mente, que significa: Com a Garrafa e Sem a Cabeça
A Necrotério era uma república não só de alunos da Escola de Minas, tinha também um aluno da Escola de Farmácia.
No final do ano de 1965, fortes chuvas derrubaram o morro ao lado da Santa Casa e a república ficou bastante afetada. A Escola de Minas havia comprado a casa número dois da Rua do Pilar e a cedeu aos alunos que moravam na República Necrotério, a partir daí, apenas estudantes de engenharia passariam a morar na república; porém a casa estava em reforma e os moradores se instalaram em um alojamento da Escola de Minas onde se localiza a atual república Gaiola de Ouro, na rua Direita.
No final do ano de 1966 os alunos passaram para a rua do Pilar número dois.
O primeiro caixão foi feito em janeiro de 1966, para o enterro da República Necrotério da rua Padre Rolim afetada pelo desmoronamento. Durante o enterro, o caixão e dois moradores ( Nelson Chabam e Wladimir Santos) foram presos. O resto do pessoal continuou a farra sem o caixão e os companheiros. Depois desse enterro, todos os anos, o caixão saía às ruas nas festividades do 12 de Outubro, após o baile (após as 5 horas da madrugada).
O bloco do Caixão saiu ás ruas seculares de Ouro Preto pela primeira vez, lá pelos idos da década de 70, mais precisamente, no mês de outubro, quando estava acontecendo a famosa festa do Doze (12) de Outubro. Um grupo de moradores da República Necrotério naquela época, lá pelas altas horas da noite, resolveram sair às ruas batendo em garrafas de cerveja, latas e panelas, enfim, fazendo a maior algazarra e, bem na frente do cortejo, quatro pessoas conduziam um "caixão de verdade". Vale lembrar que todos estavam vestidos a rigor. O problema, é que os ouropretanos, nada gostaram daquilo e resolveram então, acionar o Clero que por sua vez, interferiu sobre aquele ato considerando-o desrespeitoso. Se os ouropretanos e o Clero não gostaram daquilo, imaginem então, o que teriam dito aqueles que já haviam ganhado o "reino dos céus"!?!... pois é, o negócio é que com a interferência da igreja, o caixão que era de verdade teve de ser aposentado. Em seu lugar, entrou um outro caixão, só que desta vez, era de mentira, porém, seguindo as mesmas características de um verdadeiro. Muitos gostaram da idéia, colocando-a em prática somente no carnaval. Em fevereiro de 1976 foi criado o bloco do caixão que a partir de então veio contagiando o Carnaval de Ouro Preto. No princípio, o bloco contava com poucas pessoas, mas com o passar dos anos, o mesmo cresceu e atualmente, conta com cerca de umas 1000 (mil) pessoas ou talvez, até mais. Os integrantes da bateria do bloco são os moradores da república, e também, aqueles mais próximos da mesma, no caso, os amigos. Ainda sobre a bateria, esta se mantêm sempre afinada, embora os que dela participem, só se encontrem no dias em que o bloco vai às ruas que é no domingo e na terça-feira. A bateria é composta pelos seguintes instrumentos: tamborim, surdão, surdinho, tarol, repinique, pandeiro e chique-chique. Bandeiras e estandartes também estão presentes levando nos seus escritos o nome do bloco e o símbolo da república.
Em 22 de maio de 1972 houve o primeiro casamento numa república de Ouro Preto, e foi na Necrotério.
Em janeiro de 1977, a República Necrotério voltou à rua Direita (para o alojamento da Escola de Minas)para outra reforma da casa, onde ficou algum tempo. Após essa reforma, até os dias atuais, a república não saiu mais da rua do Pilar número dois.
No corredor que leva até a sala onde se encontra o mural com os quadros contendo as fotos de todos os ex – alunos. Há uma placa de madeira, talhada com a seguinte frase:

"Se estais vivo, atentai
Ao conselho de um amigo
Quem a vida traz consigo,
Daqui dephumpto sai!"



NINHO DO AMOR

Rua Paraná, 24 – Centro
Caixa Postal 67
35400-000 – Ouro Preto – MG
Telefone: (31) 551-1449
e-mail: ninho@ninho.zzn.com
www.ninhodoamor.da.ru

República Ninho do Amor

" Enfim serás cantada eterna Vila Rica.
Teu nome impresso nas memórias fica.
Terás a honra de ter dado o berço
a quem te faz girar pelo universo "
Cláudio Manoel da Costa

Assim como Vila Rica, eternas são também as memórias e os pássaros da República Ninho do Amor. Uma república habitada pela mais variada gama de pássaros existentes, que trouxeram, cada um do seu lar um graveto, um pedacinho de algodão, um fragmento da sua história e uma lição de vida, que nos ajudaram a construir este caloroso e aconchegante Ninho do Amor. Ninho também feito de pedra, pau e barro que tomam sólidas suas paredes, assim como sólidas são as lembranças e a gratidão de quem um dia por lá pousou.
Esta história de união de vidas teve inicio em 1 957,na rua São José, em frente á Casa dos Contos, onde os nove estudantes da Escola de Minas Bernardo Piquet, Ricardo Villela, Fabiano Alves, Francisco Fontenelle, Cícero da Paixão, Fausto Pena Chumioque, Fernando Sarcineili, Clóvis Silva Araújo, Crisóvão M. Gomes, fundaram a República Ninho do Amor, atualmente localizada na aia Paraná. A principio tratava-se de uma república particular, sustentada apenas por seus moradores,mas com o passar do tempo as dificuldades financeiras apareceram e tornaram insustentável o sonho de morar naquela casa. Foi então que devido à uma ordem de despejo, os pássaros se viram obrigados a sair em debandada e abandonar aquele primeiro “Ninho”. Os pássaros, sem destino, espalhados por Ouro Preto, foram se virando enquanto aquela situação não se resolvia. Alguns se alojavam na casa de amigos, outros em repúblicas e houve até pássaros que como forma de protesto e até mesmo como única solução, passaram a viver acampados em barracas improvisadas no chafariz em frente ao cinema.
Foi então que no dia 9 de Novembro de 1967, sensibilizada com aquela situação, a Escola Federal de Minas de Ouro Preto, através do seu diretor geral, Sr. Dr. Pinheiro e com o apoio do colega Lincoln Viana (presidente do Diretório Acadêmico da EM.) comprou uma casa na rua Paraná e colocou-a á nossa disposição; aquele era o nosso segundo e definitivo “Ninho”.
Era uma casa velha, mas à partir daquele dia, tivemos a certeza de que a república era uma realidade. A Ninho do Amor então, apesar de fisicamente ser um "Imóvel urbano”, já extrapolava este sentido e se tornava um sentimento de orgulho, um lugar na história e na memória onde se cruzavam os destinos de intrépidos jovens e se construíam verdadeiros homens.
Ao final da década de oitenta, aquela casa velha se encontrava em condições “precaríssimas”. A república se assemelhava à uma casa mal assombrada ou até quem sabe, muito bem assombrada! A sua estrutura estava comprometida, os cupins reinavam, os três andares da casa se confundiam com um só, era o único lugar em Ouro Preto onde se podia tomar um banho à luz do luar e das estrelas.
Esta foi uma época de muita provação, eram poucos os moradores e precisávamos urgentemente de uma reforma. Depois de muita luta, em 1988, foi aprovada junto à Escola de Minas a tal reforma, que só teve inicio dois anos depois. Seu término se deu em 1995 e durante estes cinco anos passamos por maus momentos. E importante citar a garra de três pássaros que sobreviveram em meio aos escombros e muita poeira, para nunca deixar de lado aquele lar conquistado. São eles: Jaburu, Cegonha e Carreteiro.
Durante estes 43 anos de tradição, muitos pássaros viveram na Ninho e fizeram a história desta república. O tempo em que se mora na Ninho é muito bom, mas passa rápido. O pássaro se forma e chega o dia de partir; voa para longe e leva consigo os sentimentos de orgulho, saudosismo e gratidão. Estes sentimentos são bem retratados pelo hino da eterna República Ninho do Amor, composto pelo Ex-aluno José William Campomizzi (Graia).


OVELHA NEGRA


A Fundação

República Federal feminina, localizada no Campus da UFOP. Foi fundada em 27 de abril de 1988 por: Marly, Batatinha, Vanéria, Albanise, Ivana, Amélia, Dina, Miki, Francini e Eufrázia.
As fundadoras reuniram-se para morar na Ovelha através de um sorteio feito pela Universidade após a construção da casa; elas não tinham qualquer vínculo ou contato entre si antes da formação da República, o que causou alguns problemas de adaptação entre elas, pois com personalidades totalmente diferentes, às vezes o convívio, que deveria ser de total irmandade não foi possível e por isso, das fundadoras, somente 3 tornaram-se ex-alunas e a batalha de vaga foi instituída.
O nome "Ovelha Negra" foi escolhido devido a localização da República; ao contrário das outras repúblicas do Campus, a nossa foi construída longe das alas; ficando um pouco isolada das outras.

História

Como as fundadoras perceberam, para se morar numa República, a compatibilidade de idéias e principalmente o respeito entre todas as moradoras devem ser parte do cotidiano da casa, e algumas divergências foram surgindo e muitas meninas entraram e saíram até que surgiu o primeiro bixo da Ovelha Negra, Vânia, que ao entrar em 18/03/1993, saiu três dias depois, após seu primeiro "vento".
A idéia de possuir um bichinho de estimação sempre foi presente na República, porém, o primeiro deles foi Godofredo, um "pulguento", cuja dona oficial era a Batatinha, porém, quando ela partiu, Godofredo teve que ir junto.
Pelo fato da República ser a "isolada" do Campus, a Ovelha já foi alvo de várias tentativas de assaltos, o que sempre gerou terror entre nós, pobres ovelhas desgarradas, por isso; após vários empréstimos de cachorros; pois pela Ovelha já passaram vários cachorrinhos emprestados para nos proteger; em 09/08/1999 decidiu-se comprar um filhote de Pastor alemão, o macho oficial da casa, o Pastor de Ovelhas.
As cumadres sempre terão um papel importante na vida das Repúblicas, pois além de zelar pela nossa casa, zelam também por nós. Como os horários das moradoras da República são sempre desencontrados, pois afinal de contas a Ovelha só existe devido à Universidade,e por vezes passamos mais tempo na UFOP do que na República, a manutenção da ordem e da limpeza, que nos primórdios da Ovelha era realizada através de escala das moradoras, tounou-se inviável. Devido à isso, a primeira cumadre da República foi D.Raimunda; que entrou em setembro de 1989.
Como tudo deve tender ao equilíbrio dentro de uma República, a cumadre deve ter o perfil da casa também, e desde 1996 até os dias atuais, D. Leonor, a cumadre atual da Ovelha tem desempenhado o papel de nossa segunda mãe.
A Ovelha é uma República relativamente nova em relação a muitas no cenário de Ouro Preto e por isso, algumas tradições republicanas só foram implantadas recentemente na casa, como o fato dos bixos usarem placa para ir à Universidade; a primeira foi Berg; o Dia da Escolha, que é quando o bixo, após o período de adaptação é "promovido" a morador, no Campus existe para as meninas a tradição de bater panelas em todas as Repúblicas anunciando a nova ovelha, a primeira foi a Bina.
As Repúblicas de Ouro Preto são federais mas o controle e administração da casa é exclusivamente feito pelas moradoras, e por isso, a arrecadação de dinheiro é um fato comum para que se façam melhorias na República; por isso é usual que a Ovelha faça papel de "pousada" e hospede pessoas na época do vestibular e no tradicional Festival de Inverno; porém, a primeira hospedagem que foi realizada no Carnaval foi em março de 2000; a Ovelha hospedou 42 pessoas, sendo que 36 eram homens; apesar da nossa inexperiência, tudo correu bem; porém, fazendo juz ao seu nome, ecoou-se pelo Campus heavy metal durante todos os dias do carnaval. A arrecadação de fundos foi muito boa e várias melhorias foram conseguidas para a casa.
O objetivo de todas as Repúblicas, de um modo geral, é que a casa funcione bem e que tudo sempre vise o bem do todo. Na Ovelha sempre procura-se incutir no bixo o espírito de união e do convívio social com todos, pois aqui em Ouro Preto, longe de casa e morando a princípio com estranhos, é uma prova de fogo o "crescer e virar-se sozinho". Todas as estudantes que aqui moram vieram atrás do seu sonho de crescimento profissional, porém o que se aprende dentro de uma República como a nossa é o pensamento de comunidade e convívio em grupo. Aprende-se muito e é por isso que existe a chamada "Batalha de Vaga", a caloura que chega deve acompanhar o ritmo da República, pois se numa casa em que todas convivem bem entrar uma que desestruture tudo, a harmonia é quebrada e a desunião é certa e a República é como uma família, todas devem zelar por si mesmas e pelas outras também. Na Ovelha existe um sistema e "regrinhas"para o bixo batalhar vaga; eis os ítens que um bixo deve seguir:
"Bixo, siga todas as instruções, não necessariamente nessa ordem; na falha da execução das regras, tufões inacreditáveis acontecerão.
1- Caso a pia esiver suja, lavar e secar todas as vasilhas até às 20h.
2- Aos domingos, zelar pela limpeza e pela organização
3- Fazer café durante a tarde, caso você esteja em casa
4- Tentar ser amiga de TODAS e principalmente da (s) sua (s) companheira (s) bixo.
5- Ser original; seja você mesma, doa a quem doer.
6- Tomar iniciativas positivas em relação à casa.
7- Tomar frente para consertar ou reparar algo, só mande algo para o conserto om autorização da presidenta do mês.
8- Lembre-se que lá no quintal tem um cão, o Pastor, e lembre-se que além de água e comida todo dia, ele precisa também de carinho.
9- Esqueça as palavras: preguiça, desânimo e desrespeito.
10- Estudar sempre que puder, afinal é para isso que você está aqui.
11- Procure respeitar o gosto das outras meninas ( ninguém é igual e todas tem coisas lindas para te mostrar, você vai aprender muito).
12- Tente "abrir mão" às vezes. Vale a pena olhar o lado dos outros.
13- Não opinar em assuntos relativos às moradoras.
14- Manter o filtro de água sempre cheio, caso esteja sujo, limpe e caso alguma lâmpada queime, troque.
15- É estritamente proibido contar qualquer coisa (assuntos pessoais e relativos à República) para pessoas de fora.
16- Não cobiçar o "gado" do próximo. Cobice apenas se o próximo autorizar ou se o "gado" for coletivo.
17- Tratar D.Leonor com carinho e, sempre que possível, ajudá-la a manter a República como nossa segunda (ou primeira?) casa."
E como verdadeiramente a Ovelha é uma República, temos também o nosso Hino: "Ovelha Negra " da Rita Lee e cada ovelha que ao sair da República ouvir essa música, lembrará sempre de todos os bons e maus momentos que passou em Ouro Preto e saberá que a pessoa em que ela se tornou foi contribuição de um lugar que foi sua casa por alguns anos: a República Ovelha Negra.
Devemos ainda agradecer à UFOP pela oportunidade de estudo e crescimento profissional e pessoal de cada uma de nós, ovelhas de ontem e de hoje.
"Dever do Aluno
Bem aventurado o estudante que protesta:
diante de toda a injustiça e opressão;
contra toda a forma de corrupção e demagogia;
contra a perseguição aos inocentes;
contra tanta produção e venda de armas;
contra guerras inescrupulosas;
contra construções faraônicas inúteis;
contra a fome e a miséria;
contra a alimentação da sociedade em favor de interesses políticos;
contra aumentos abusivos dos poderes;
contra a destruição do sistema de educação porque não compactua com a injustiça institucionalizada defendida por uma "ordem estabelecida". "
( Pedro M. Neto)


PALMARES


Em 1982, Ouro Preto vive um momento de contestação política onde a população estudantil protesta contra a situação vigente no país e particularmente contra a repressão existente na universidade. Inicia-se uma mobilização estudantil que mais tarde suscitaria em uma greve de seis meses. Nessa greve protestava-se contra a desocupação do alojamento, instituição de taxas na D.E.N e exigia-se a manutenção do transporte gratuito e bandejão de qualidade.
O movimento estudantil cria uma comissão de moradia e quatorze casas são entregues no campus para serem ocupadas por estudantes.
Nesse contexto surge a primeira experiência de república mista em Ouro Preto. Uma lista foi deixada no R.U e logo depois foram sorteadas vinte pessoas que ocupariam as vagas nessa república.
Foi então fundada, em setembro de 1982, pelos universitários:

Jacimária Ramos Batista-Engenharia de Minas
Cidinha-História
Silvânia-História
Simone-Nutrição
Kênia-Farmácia
Magda-Farmácia
Maria Luiza-Farmácia
Carlos Ricardo Rosa-Engenharia
José Eduardo Domingues-História
Agostinho Lélis
Mário Pereira dos Santos
João Carlos de Souza Ribeiro
Ricardo de Paula
Jorge Paulo Prazeres Ribeiro
Élcio Hirano Hayasaki- Engenharia Geológica
Sérgio Augusto Morais Machado

(obs: não tivemos acesso aos nomes de cinco fundadores).

Vários nomes são sugeridos: Astecas, Pingo d´ água, Casa grande, Angola, Palmares. O nome Palmares surge no sentido de resgatar o movimento libertário, uma vez que a universidade era administrada de forma autoritária.
Em novembro de 1982, a Universidade Federal de Ouro Preto através de Maurício Lanski exige que os homens desocupem a casa, sendo ameaçados de desligamento desta instituição de ensino.
Permanece ainda os moradores José Eduardo, Mário e João Carlos que se recusavam a aceitar a imposição feita pela UFOP.
“A nossa história surgiu como uma forma de quebrar padrões pré-estabelecidos. Queríamos não nos ater a todas as regras impostas pela tradição como não ter repúblicas que aceitam apenas um curso e queríamos iniciar uma experiência de república mista”. Relata José Eduardo.
Um painel foi pintado na parede da república e ali permanece até os dias de hoje. Essa gravura, feita por Carlos Magno, faz menção à cultura negra, os guerreiros do quilombo dos Palmares.
Os últimos homens que resistiram deixaram a república. Alguns tomaram outros caminhos. José Eduardo continuou a luta como diretor do D.C.E. ajudando a conquistar casas que viriam a ser sede de outras repúblicas.
A República Palmares torna-se então uma república feminina.
No início da década de 90, Mayumi volta de um trabalho de campo trazendo a música TU ÉS O MDC DA MINHA VIDA,de Raul Seixas, que passa a ser ouvida em todas as ocasiões especiais. Por se tornar muito significativa, essa se tornou desde então o hino da República Palmares.
As Repúblicas Castelo dos Nobres e Palmares decidem em fevereiro de 91 fazer uma festa para arrecadar fundos. Essa seria feita na Castelo e teria sempre um tema ligado a política atual. No dia seguinte acontecia o campeonato de futebol (que denominamos Castelão). A Castelo e Palmares é hoje uma das festas mais tradicionais de Ouro Preto.
Hoje mantemos tradições conquistadas por nossas ex-alunas como o FUTEBOL, A FESTA DOS SOLTEIROS (dia 12 de junho), CARNAVAL, DOZE, CASTELO E PALMARES, ANIVERSÁRIO,etc. No dia 07 de setembro de 2000 encontramos os fundadores e ex-alunas e juntos comemoramos esses 18 anos de muitas histórias de união, amizade, companheirismo, cumplicidade, encontros e partidas. Afinal são 18 anos de Palmares.


PASÁRGADA
18 ANOS DE UMA GRANDIOSA HISTÓRIA.


No dia 14 de abril de 1982 é formada uma das tradicionais repúblicas de Ouro Preto: A República Pasárgada. Dentre seus fundadores estão: Casssiano José Vieira Neto (Degas), Ivanir Luiz de Oliveira (Costelo,s), Sérvio Túlio Portela (Tulipa), José Daniel Gonçalves Vieira (Formigão), Marcelo Tardin Alves (PDS).
O nome Pasárgada vem do poema do grande Manuel Bandeira: “Vou-me embora prá Pasárgada”. Bandeira escreveu esse poema para materializar o que ele consideraria como paraíso na terra; onde todas as coisas são feitas para deixar todos felizes. É como diz o verso:“Vou-me embora pra Pasárgada/Lá sou amigo do rei”.
É dentro desse contexto que foi formada a ideologia da República. Receber as pessoas bem faz com que a República se torne mais forte e mais alegre, acolhendo todos que estão dispostos a fazer amizades.
Alegria é o que move as festas da República. As festas tornaram-se o motivo de grande integração entre as repúblicas irmãs de Ouro Preto. Dentre as festas mais importantes temos:

· Festa de Quinta-feira: Esta grande comemoração ocorre na primeira quinta-feira do semestre. A motivação desta festa é o encontro com os amigos de outras repúblicas e um grande incentivo para o começo do período letivo na universidade. É uma festa movida a muita alegria, harmonia e “batidão”.
· Carnaval: Festa onde recebemos pessoas de todo o país para uma grande comemoração que dura quase uma semana.Celebração das mais importantes da República, pois tem o objetivo de aumentar as grandes amizades que a Pasárgada já possui.
· 21 de Abril: Esta é a data comemorativa do aniversário da República (apesar de ter sido fundada em 14 de Abril de 1982), onde regada a muita cerveja, é realizado o encontro dos ex-alunos e atuais moradores. Neste dia temos a famosa “pelada”que põe em confronto os ex-alunos e os moradores. É a data mais importante da República Pasárgada.
· 12 de Outubro: Data de celebração entre moradores e aqueles que procuram uma boa festa regada a cerveja.
Com essas festas a República tem o grande intuito de unir as pessoas que querem fazer parte da grande família que é a Pasárgada.
Desta maneira, é que prolongaremos a historia de uma República que é sinônimo de união, paz e alegria.





Machado (Organizador)
PATOTINHA
Sua primeira casa foi no bairro Antônio Dias, era uma pequena casa de fundo onde moravam 4 estudantes do curso de Farmácia.
Em agosto de 1979, a república mudou-se para o bairro Rosário, na Rua Getúlio Vargas. Era um sobrado alugado só em cima, tinham 3 quartos, 2 salas, 1 banheiro e uma cozinha pequenos. No fundo, um quintal grande que tinha vista para a Igreja, onde funcionava a Rodoviária. Nesta casa moravam 7 estudantes, 4 de Farmácia e 3 de Nutrição.
Após um ano o proprietário pediu que fosse desocupada, e as estudantes ficaram durante as férias todas procurando um lugar para morar, o que era difícil na época, pois havia muitos estudantes e poucas residências a alugar. Muitos proprietários também não alugavam para estudantes.
Nessa época, procurando por uma casa no bairro Antônio Dias, se deparam com uma completamente abandonada e com o telhado caído. Tinha dois pavimentos, o de baixo mais conservado, com uma porta larga na frente, onde funcionou uma antiga Funerária. Quando buscaram mais informações, descobriram que a casa pertencia à UFOP, e seria usada para administração de algum setor.
As moradoras, então, decidiram “batalhar” a casa. Foram à Diretoria de Ensino, marcaram audiência com o Reitor Fagundes e explicaram a situação. O Reitor cedeu o advogado da UFOP para negociar com o proprietário da casa da qual seriam despejadas. Ainda assim elas continuaram a Diretoria todos os dias para conseguir as chaves e olhar a casa, e a UFOP alegava que o telhado estava caindo, e eles não poderiam arcar com as conseqüências.
A insistência das estudantes foi tanta, que decidiram entregar as chaves, e mandaram junto um Engenheiro para examinar o local. A fundadora da Patotinha, Maria Aparecida de Assis Coelho, Bia Morena, foi quem tomou a frente dos contratos e toda parte burocrática, sempre muito simpática e brincalhona, conquistou o respeito e admiração das demais durante o período de transição.
Quando finalmente conseguiram a casa, a UFOP estava passando por um período difícil. Os estudantes estavam em greve por melhores condições de moradia, alimentação, ensino e professores. Em uma das Assembléias Gerais, determinaram que a Reitoria é quem decidiria a quantidade de vagas e indicaria as estudantes para morar na Patotinha. Porém, as moradoras não concordaram e afirmaram que o critério de escolha seria delas e a casa comportaria 13 pessoas.
Naquela época, só existiam duas Repúblicas Federais Femininas: a Rebu, que era somente de Engenharia; e a Patotinha, que acabou acolhendo mais calouras de Farmácia e Nutrição. Com o passar do tempo isso foi mudando, para as duas Repúblicas, e hoje a República Patotinha é habitada por estudantes de variados cursos.



PENITENCIÁRIA


O Início

“Isto não é uma apresentação, ou introdução, pois se fosse seria paradoxal com o sentido deste, que não tem nada protocolar, isso é apenas um começo. Aqui escreve quem quiser, quando quiser e o mais importante, o que quiser.
Qual o sentido disto? É difícil dizer. É gostoso e só pode nos fazer bem, fazer aquilo que sentimos bem em faze-lo. Recordar as coisas boas do passado e as coisas ruins se acumulam como bagagem de experiência, sendo assim este será para o futuro.
O nome: caiu bem. Moro lá na “PENITENCIÁRIA”, vou para a “PENITENCIÁRIA”, etc, etc. PENITENCIÁRIA seria uma conscientização de que realmente somos presos. Cada um de nós (em âmbito geral) carrega grades invisíveis ao seu redor.
Apesar disso, em conjunto ou individualmente cada um luta por sua liberdade interna. Aqui, em casa, não existem normas a seguir. Nós fazemos as leis, dependendo do caso. Para os mesmos casos podem existir leis distintas”.
“ Depois de muita briga e consequentemente vontade, ganhamos a casa da Escola de Minas. O dia em que conseguimos a chave 22/03/76, à noite, debaixo de chuva, onze dias depois, após conversações, a turma da república Asteca, veio morar aqui. Mas como humanos racionais nos demos muito bem e estamos ai pro que der e vier. Por enquanto moramos em treze cabeças completamente diferentes na essência. O que dá vazão a muita discussão, muito bate papo, alternância de emoções, enfim: VIDA”.

Um Detento (27/03/77)



Apesar de apenas 24 (vinte e quatro) anos de existência a República Penitenciária é considerada uma das mais tradicionais repúblicas estudantis de Ouro Preto. Não só por conservar a tradição da Escola de Minas de formar somente bons engenheiros, mas também, por manter um bom relacionamento com todos.
Até hoje já passaram por aqui e se formaram 42 engenheiros, estudantes, de todas as partes do país, que chegaram aqui apenas com uma mochila nas costas, procurando onde morar, e saíram com um diploma nas mãos e experiência como bagagem para a vida toda.
Hoje somos 10 (dez) Detentos, um ex-aluno e três bixos morando numa casa de 13 (treze) quartos com uma boa infra-estrutura – 4 banheiros, sala de TV, com SKY, boate, sala de computador com 4 micros, impressora e scaner, cozinha bem montada, microondas, churrasqueira, quadra e garagem – capaz de abrigar 16 (dezesseis) pessoas.
Nós os Detentos procuramos manter o ambiente da República em total harmonia e para isso organizamos várias festas, tais como, Carnaval, 12 de Outubro, Festa Junina e o tradicional GOLO no fim de semana para botar o papo em dia.
Endereço: Rua Tomé Afonso 220 Bairro: Água Limpa
Ouro Preto-MG Tel: (0xx31)551-2231
e-mail: penitenciaria@bol.com.br


PERIPATUS


A República Peripatus foi fundada no dia vinte e um de Abril do ano de 1982. Foi formada pela união de duas repúblicas particulares, cujos nomes eram Scorpions e Suigeneres. A república foi batizada pelo nome Peripatus em homenagem a um “bichinho”, na verdade um elo da evolução, considerado a transição da classe dos Anelídios para a classe dos Artrópodes, esse “bichinho” é conhecido pelo seu nome científico, perypathus accacioi, e pertence à classe dos onicofaros. As mais recentes pesquisas sobre essa espécie relatam que o perypathus accacioi é encontrado apenas na Reserva do Tripuí, localizada na região da cidade de Ouro Preto, daí origina o nome Peripatus.
Quando foi fundada, a República Peripatus tinha 20 moradores; denominados por nós, moradores atuais, de “ex-alunos fundadores”. Esta república abriga estudantes de todos os cursos de graduação da UFOP.
A “Peri”, nome o qual é carinhosamente chamada, é uma república federal masculina cuja manutenção fica a cargo dos próprios moradores, os quais tem o dever de zelar, preservar e manter toda uma tradição que perdura por 18 anos.
Com o intuito de arrecadar fundos para a manutenção desta casa, os moradores realizam várias festas durante o ano, as quais destacamos:
· Carnaval – são quatro dias de muita festa, golo e acompanhados do melhor carnaval de Minas Gerais, o de Ouro Preto;
· Festa do 21 de Abril – aniversário da república, nesta data ocorre confraternização de toda a “Família Peripatus”: moradores, ex-alunos e amigos desta casa. Nesta festa ocorrem vários fatos especiais, como:
- Homenagens aos ex-alunos por terem completado 5 ou 10 anos de formados;
- Inauguração de quadros de amigos da república: esse evento acontece quando algum amigo (a) é convidado a inaugurar seu quadro com foto em nossa república como retribuição à amizade prestada a casa nos anos de convivência em Ouro Preto;
- Tradicional jogo de futebol: Ex-Alunos X Moradores;
· Festa do 12 – aniversário da Escola de Minas, festa tradicional em Ouro Preto e a “Peri” não podia deixar de contribuir com dias de muita festa, golo e churrasco;
· Vestibular – nos períodos de vestibular a república oferece hospedagem aos vestibulandos possibilitando aos mesmos um menor custo em sua estada em Ouro Preto. Nesse período é realizada a tradicional “Festa do Vestibular”, festa que representa o primeiro encontro do vestibulando com a sociedade universitária ouropretana.

Atualmente a República Peripatus possui 47 ex-alunos, incluindo os fundadores, 16 moradores e em sua galeria de amigos encontra-se fotos dos “amigos da casa”, que também são tratados como ex-alunos.
Sempre quando um morador atinge sua formatura, no dia de sua colação de grau, o formando realiza na república a tradicional “Festa de Formatura”, nesse dia o formando passa por um momento muito especial, o momento da inauguração de seu quadro de Ex-Aluno na “Galeria dos Peripatanos”.
Hoje em dia, após anos de trabalho e conquista de seus moradores, a república oferece um enorme conforto a seus moradores, tanto no aspecto físico quanto no emocional, lugar onde não encontramos amigos, e sim irmãos. E para representar bem isso, segue abaixo a seguinte estrofe:
“Peripatanos, irmãos, amigos, confidentes; companheiros na luta acadêmica, de festas (Que festas!); companheiros de risadas e choros, de um violão, de um papo aberto, de idéias contrárias; mas sempre com o mesmo objetivo, buscando sempre o mesmo ideal, para não ser apenas uma república, e sim uma Família, a Família Peripatus”.


PIF-PAF


“À posteridade que nos sobrevir não a deixai desaparecer porque uma maldição macabra cairá sobre todos vocês, pois terão os dias de suas vidas atormentados pelas almas penadas que habitam a República Pif-Paf ”.
Assim foi dado início à existência desta República, que por força do postulado já existia e existirá sempre.
Os primeiros moradores desta República, que “foi criada para a eternidade.”; foram: Fernando Homem da Costa, Caio Vierno Leão, Geraldo de Almeida Fonseca e João Batista Sabino sendo convidados mais 5 estudantes; dentre eles 2 da Escola de Minas: Gilberto Lenoir Dias e Augusto de Almeida Lira (1° ano) e 3 mais restantes: Salvador Sabino, José Alves Gouveia e Dinancy Almeida Santos, todos cascudos e repugnantes asnos; formavam eles o quadro dos servidores dos grão-senhores desta soberana República.
A República Pif-Paf, estabelecida em 14 de abril de 1946, chega ao novo milênio mantendo os ideais de seus fundadores; o compromisso com as tradições é questão de honra para a casa, formada exclusivamente por estudantes de engenharia da centenária Escola de Minas de Ouro Preto.
Fora fundada à rua do Ouvidor 17, transferindo-se depois para o belo casarão, com detalhes em pedra de cantaria, sito à Rua da Fé no 1, bairro Pilar. A residência foi adquirida em 18 de setembro de 1948 pela Casa do Estudante de Ouro Preto junto à Paróquia de Nossa Senhora do Pilar, representadas na ocasião pelos ilustres professor Antônio Moreira Calais e Monsenhor João Castilho Barbosa.

República Pif-Paf: fundada em 14 de abril de 1946.

O nome da República foi escolhido Pif-Paf devido ao repúdio dos fundadores para com o governo na questão da proibição dos jogos de cartas no Brasil. Quanto ao escudo, foi feita uma paródia com relação ao brasão da nossa querida Escola; sendo acrescentado à parte superior do escudo as cartas de baralho, bem como a mudança do lema: ao invés de “Cum Mente et Malleo”, “Cum Potu et Mulieribus”, que significa “Com copo e mulheres”, retratando todos os desejos daqueles que nesta casa começarem a sua história.
Hoje, cerca de 90 engenheiros, que por aqui passaram ao longo destes 54 anos, contribuem para o crescimento da nação vivendo na prática todos conceitos e atitudes inerentes ao convívio na República: diálogo, consenso, iniciativa e participação. Nossos ex- alunos são graduados na Escola da Vida.
O apoio irrestrito ao ensino público e gratuito de qualidade, o direito à moradia e a defesa das entidades estudantis, através da participação efetiva individual ou coletiva, também são virtudes presentes no espírito pif-pafiano.
A República exerce continuamente, através de seus moradores, um papel importante no contexto da cidade patrimônio histórico da humanidade: Graças ao modelo de autogestão, a casa passa por várias reformas, ora com recursos próprios, ora apoiadas pela Escola de Minas (como a ampla reforma de 1974). Outro motivo de orgulho da casa é o campo de futebol construído pelos moradores onde, frequentemente, são organizados campeonatos de futebol, entre outros eventos, promovendo a interação entre os estudantes universitários.
“ Causos ”
ü As galinhas do Krüger
No decorrer destes anos, várias histórias ou estórias são contadas e recontadas e muitas delas são bastante interessantes. Dentre elas destacamos uma brincadeira custosa que o pessoal aprontou com o Professor Walter José vön Krüger. Liderados por José Inácio Fonseca, aproveitaram uma providencial ida para Belo Horizonte, justamente quando o professor viajou para Ouro Preto para ministrar suas aulas semanais, e fizeram uma limpa no galinheiro do Dr. Walter.
Voltando a Ouro Preto, angelicalmente procuraram o professor convidando-o para uma galinhada pelo aniversário da República. Sensibilizado e comovido, o professor agradeceu e disse-lhes que fazia questão de incumbir-se dos vinhos, uma de suas especialidades.
Foi um festão, inclusive com os discursos de praxe. Ao voltar a Belo Horizonte, o Krüger...
ü A morte de Brito
Após uma infrutífera noite de tiros no glorioso CENTRO ACADÊMICO DA ESCOLA DE MINAS, Zé Galinha, Kassador, Faísca, Fumaça, Cavalo e Xupeta, estavam descendo derrotados e mamados para casa. Porém quando chegam nas proximidades da república, eles perceberam uma figura solitária vagando pela praça, era uma figura magra, com uma longa e fina barba e de aparência respeitável, cuja graça era Brito.
Já que eram rapazes de bom coração levaram a singela figura para casa, cheia de turistas na ocasião, então como na noite fazia calor o visitante não se importou em dormir no campinho de futebol. Fato este que até agradou aos moradores, pois o dito cujo não gostava muito de banho e tinha um odor um tanto desagradável.
No seu segundo semestre na Pif-Paf, já era respeitado e tinha a estima de todos, que já não importavam com seu hábitos pouco peculiares, como adentrar em festas sem ser convidado e não fazer cerimônia ao usar os quintais alheios como banheiro nas horas de maior “aperto”. Passa-se o tempo, e este fato começa a incomodar cada vez mais os moradores de tão ilustre república. Brito adorava festas, não perdia nenhuma farra e era muito cobiçado, embora os invejosos o acusassem levianamente de possuir “chifres”.
Todos estavam dispostos a dar um fim em Brito, mesmo porque ele já não apresentava os sinais de fraqueza que tinha quanto chegou; muito pelo contrário, já estava até um tanto balofo. Todos com exceção do Kaburé, que por ser uma pessoa muito sensível e humana, se afeiçoou imensamente ao incômodo hospede.
Num tradicional churrasco de final de período a bebida estava gelada, as meninas convidadas, e o som era ouvido a distância, quando notou-se a ausência de Brito, e todos perguntavam onde aquele sujeito se metera.
Após muito “goró”, Faísca e Kassador, de posses de habilidades no manuseio da peixeira, num ato de traição comunicaram aos demais que dariam cabo de Brito. Estavam todos presentes, menos o sensível Kaburé, que estava ministrando suas brilhantes aulas de Física. Todos então decidiram; aquele seria o último dia de Brito na República.
Kaburé quando chegou, deparou-se então com uma cena grotesca: Brito estava dependurado de cabeça para baixo no travessão do campinho, enquanto Faísca e Kassador com uma amolada peixeira na mão, preparavam para desferirem o golpe fatal. Desceu as escadas em disparada em direção ao campinho, mas quando chegou, Brito vertia sangue pelo pescoço, completamente morto. A perplexidade é geral, Faísca e Kassador confessaram o crime: apunhalaram nosso amigo pelas costas, afim de assá-lo no churrasco, afinal de contas, alegaram: ― Nós o trouxemos da praça há um ano justamente para isto !
Todos comiam com remorso a carme do falecido e os pif-pafianos se perguntam até hoje: Quando teremos um novo CA-BRITO de estimação?
Assim morreu Brito o Cabrito da República Pif-Paf. Pelo menos morto fez todos os moradores felizes, ao deliciarem sua tenra carne naquele inesquecível churrasco. Todos com exceção do Kaburé, que ficou sem comer carne por muito tempo.


POLEIRO DOS ANJOS


A República Poleiro dos Anjos, uma das tradicionais moradias estudantis da Escola de Minas de Ouro Preto, abriga aqueles que vêem à Ouro Preto com o intuito de concluírem seus estudos, mas acima de tudo, acabam se tornando anjos.
Contemplada com uma das mais belas paisagens de Ouro Preto, nossa república mudou-se para o atual endereço, à rua Santa Efigênia, 27, Antônio Dias, em 06 de junho de 1969. Até essa data tinham se formado José Carlos Tambeline, vulgo “Gordo”, José Oscar Costa, vulgo “Zé Arigó” e Marcelo Gonçalves Drumond, “Loca” em Engenharia Metalúrgica, e Áder Chaves Coelho, vulgo “Português” e Rogério Miranda Nogueira, vulgo “Baixinho”, ambos em Engenharia de Minas.
Os nomes dos outros ex-alunos se perderam na mudança do antigo endereço à Rua da Escadinha, 11, Pilar, para o atual.
Uma das características mais marcantes da República foi a “abertura” à outros cursos da UFOP no final da década de 80, sendo uma das primeiras repúblicas federais à acabar com o monopólio Engenharia-Farmácia, abrindo vagas para estudantes dos demais cursos. Antes só moravam aqui alunos dos cursos de Engenharia. O primeiro a se formar em outro curso foi Carlo Guimarães Monti, vulgo “Carlô”, no curso de História, em 1995.
A República atualmente é composta por nove Anjos: Sabão, Gameleira, Di Cabra, Do Leite, Kuxújo, Sentinela, Vertigem, ZM e Barril, em ordem hierárquica; os cães Nabi (o mais velho da República) e Tigre, ambos Viçosenses; e os bixos Montanha e MyBaby, que atualmente batalham para se tornarem os mais novos Anjos da Poleiro dos Anjos.

“República Poleiro dos Anjos,
Há trinta e um anos abrigando anjos do céu, da terra e do inferno.”

Um dos frequentadores mais assíduos e mais querido da República, certamente foi Sérgio “Caveirinha”, historiador e poeta, como se intitulava, filho do primeiro gari de Ouro Preto, marcou presença durante várias gerações, conhecendo Anjos de várias épocas. Infelizmente ele nos deixou em agosto de 1999, mês do cachorro louco, mas ficará para sempre na história da república, com direito à um quadro de ex-aluno homenageado.
Em um de seus devaneios, em 22 de setembro de 1990, ele deixou escrito no livro de presenças o seguinte poema, que retrata muito bem a sua personalidade:



“Tem tantos imbecis na vida,
Falam tantas coisas,
Pensam e não falam nada.
Os melhores poetas não falam,
Eles pensam, ouvem e depois falam.
Eu sou eu, ou sou uma puta?”
Sérgio Caveirinha

República Poleiro dos Anjos
R. Santa Efigênia, 27
Antônio Dias
Ouro Preto
Minas Gerais
0xx31-551-6165
www.poleiro.da.ru
poleirodosanjos@email.com


PRONTO ; SOCORRO

Fundada em 04 de abril de 1953, a República Pronto Socorro é uma moradia de estudantes de farmácia, esta casa pertence à Escola de Farmácia de Ouro Preto, a mais antiga da América Latina (04/04/1839).
O terreno onde hoje está localizada a República Pronto Socorro pertencia ao Sr. Carlos Cunha, o qual vendeu uma parte para o judeu, Salomão Myssior, construir a casa onde hoje se encontra a república. Em 1953 havia em Ouro Preto, apenas casas onde moravam estudantes de vários cursos, entretanto nestas repúblicas, a maioria dos seus moradores sempre foram os estudantes de engenharia.
Diante deste quadro, um grupo de estudantes do curso de Farmácia, com o apoio do centro acadêmico livre de farmácia, começaram a promover eventos, com o intuito de arrecadar dinheiro para a compra de uma casa, que futuramente seria uma nova moradia somente para alunos de farmácia. Com os eventos, estes estudantes conseguiram juntar parte do dinheiro e a outra parte foi doada pela Escola de Farmácia resultando na quantia de $ 4 contos de reis, que foi o valor pago pela casa.
O grupo de estudantes era formado por Altair Pires de Moraes (1953), Cassimiro Gabriel da Silva (1953), Descio de Abreu Brandão (1953), Ernani Ferreira (1953), João Batista Rodrigues da Silva (1953) e Nei Franco (1953), estes estudantes tornaram-se os primeiros moradores da República Pronto Socorro, neste ano, a escola de farmácia estava completando 114 anos.
O nome da República surgiu de uma lista que constava os possíveis nomes para uma moradia de estudantes de farmácia.
A partir daí, a escolha de novos moradores era feita por sorteio. Nesta época, a república era administrada pelos moradores e pelo centro acadêmico, evoluindo para a administração exercida nos dias atuais.
A República Pronto Socorro está localizada na Pça Juvenal Santos, 21. Bairro do Pilar, mais precisamente na Praia do Circo. Este nome surgiu da presença dos circos que passavam pela cidade e se fixavam por aqui.
Conta a história, que a antiga delegacia de Ouro Preto ficava atrás da república e que as fulgas da cadeia eram freqüentes, portanto, esquecer qualquer objeto no varal era sinônimo de não encontra-lo no outro dia, ou melhor, diziam que por muitas vezes, era comum você ver um preso acenando para um morador, com alguma de suas roupas!
Somente estudantes do curso de Farmácia são aceitos para “batalhar”a vaga na PS, a capacidade da República é para 14 moradores, as vagas são abertas todo início de período letivo, a casa possui toda uma infra-estrutura normal de uma lar.
A “batalha”por uma vaga de morador da PS compreende no geral, em demonstrar zelo pela república, bom convívio com os moradores e o respeito pela hierarquia. A escolha é feita por votação, e para ser escolhido, é necessário unanimidade nos votos. Todas as decisões que envolvem assuntos da república são tomadas em reuniões periódicas, a conservação da casa é de responsabilidade dos moradores, todo o dinheiro para a sua manutenção parte dos atuais republicanos e também dos ex-alunos.
A República Pronto Socorro é o local onde se forjam boas amizades, assim como toda república de Ouro Preto, um lugar onde a vida ensina, feita para se deixar grandes saudades.


PULGATÓRIO[5]


Preliminares

Até 1.967, o sistema de vestibular às escolas superiores somente permitia o ingresso dos estudantes que, além de se classificarem dentro do número de vagas previstas, também obtivessem nota mínima de aprovação em todas as provas - geralmente em torno de 50%. Isto gerava uma situação perversa para o país, uma vez que havia uma grande carência de mão-de-obra qualificada de um lado e ociosidade de vagas disponíveis de outro. Até esta época, era comum a Escola de Minas patrocinar vestibular para cem vagas e aprovar apenas vinte candidatos. Basta olhar para os quadros de formandos daquela geração e de gerações anteriores: era normal uma turma de formandos de apenas uma dúzia de engenheiros. Em alguns anos, a quantidade de formandos era até mesmo quase igual à de homenageados – paraninfos, diretor, professor, funcionário, etc.
A lei foi mudada – passou a ser obrigatório o esgotamento das vagas. O reflexo na Escola de Minas foi imediato: passaram a se formar turmas de vinte engenheiros e a ingressar na escola levas de mais de cem alunos. Isto, para uma sociedade que há dezena de anos já se acostumara ao padrão anterior causou um sério problema: onde alojar este excedente ? De início, houve um processo de cada um tentar buscar a sua solução – muitas casas de família passaram a ser alugadas para os estudantes que as transformavam em repúblicas, mas já havia a previsão de que no ano seguinte a tendência era a de que o processo deveria tornar-se mais crítico ainda, pelo efeito bola-de-neve.
Começou então um grande movimento na escola por novas moradias para estudantes, liderado pelo então secretário do Diretório Acadêmico, Cesar do Cuzão – que veio a ser expulso, por obra do Decreto Lei 477 e foi exilado no Chile[6]. O objetivo deste movimento era político, isto é, mostrar aos estudantes que o DA existia e, de outro, era o de alertar as autoridades para o drama dos EST – “estudantes sem teto”. Para isto era necessário dar visibilidade ao movimento. Não bastava sensibilizar a opinião pública ouropretana – esta já conhecia o problema – o importante era atingir o noticiário nacional a partir de uma cidade, como Ouro Preto, que estava à margem da vida política do país. A solução encontrada foi a de montar um acampamento na Praça Tiradentes. Nos mesmo moldes que são hoje os acampamentos dos sem-terra.
A reação foi rápida: a Escola de Minas, dona de uma das maiores verbas do Ministério da Educação, comprou diversas casas – muitas delas na rua do Paraná, onde estão hoje as Repúblicas do Pulgatório, Aquarius, Nau Sem Rumo e Ninho do Amor – para transformá-las em moradias para estudantes. A Ninho do Amor, assim com a Nau Sem Rumo, já existiam como repúblicas em outros locais, porém ocupando imóveis em condições precárias, por isto foram premiadas pela Escola de Minas com os imóveis que ocupam até hoje. Na Pulgatório o processo foi diferente.

A invasão

Diversas repúblicas em situações precárias reivindicaram o imóvel em que hoje se encontra a Pulgatório, mas a Escola de Minas mostrou-se muito vacilante no atendimento destes pedidos. Diante desta hesitação, a casa, que já se encontrava em condições de habitabilidade, foi invadida por três repúblicas que a desejavam: a Pulgatório, a Tropicália e a Buraco Quente. A reação da diretoria da Escola de Minas foi rápida: convocou uma comissão de invasores para se explicarem. O objetivo era óbvio: a escola desejava a desocupação do imóvel e, para isto estava disposta a pressionar os estudantes que se opunham à sua vontade. Estávamos em três e a reunião foi com o próprio Pinheirinho[7]. Foi perguntado ao primeiro deles sobre qual a sua situação na escola. Era o Malão e ele estava repetindo algumas cadeiras do primeiro ano. A mesma pergunta foi feita ao segundo. Era o Babalu e ele estava cursando o segundo ano. O terceiro respondeu que era jornalista e estava apenas cobrindo os fatos. Certamente, receoso da repercussão na mídia, Pinheirinho arrefeceu seu ímpeto. Mas o terceiro não era nenhum jornalista - era o Caiafa. Mas valeu a intimidação e a escola “esqueceu” de pedir a desocupação do imóvel[8].

da constituição escrita

De repente estávamos em quatorze pessoas com uma casa para habitar. E teríamos que nos suportar mutuamente. Inaugurar uma república, com quatorze moradores que nem sequer se conheciam muito bem é muito diferente de receber um ou dois novos moradores a cada ano: a pessoa que chega tem que se adaptar aos hábitos daquelas que lá já se encontram – afinal, ela se candidatou a isto[9]. No caso da Pulgatório, naquele momento, ninguém chegou antes, todos chegaram juntos; ninguém tinha que se adaptar a ninguém, todos tinham que se aceitar mutuamente. Já que pretendíamos transformar a casa em uma república, nada mais adequado do que criar uma constituição. Afinal, se todas as grandes repúblicas do mundo têm a sua, porque não teríamos a nossa ? E, em 25 de março de 1.969, promulgávamos a constituição da Magnânima República Parlamentarista do Pulgatório. Se a Pulgatório não viesse a ser uma grande república, pelo menos no tamanho do nome ela seria imbatível[10].
A constituição visava basicamente estabelecer uma regra de convivência para os ocupantes da casa, isto é, estabelecer o que era certo ou errado no entendimento da maioria. Alguns gostariam de ficar a noite inteira jogando truco, outros gostariam de dormir, outros gostariam de usar a sala para dar uma festa particular (não havia ainda a boite), e outros gostariam (ou precisariam) estudar – quem estava certo e quem estava errado ? Por isto, em um dos seus artigos dizia que “é proibido fazer uso da empregada para fins particulares, durante o seu horário de serviço". É óbvio que o objetivo desta cláusula era o de impedir que algum republicano pedisse para a comadre fazer o seu almoço ou mesmo lavar as suas roupas nas horas em que ela deveria dedicar-se à limpeza da casa. Houve republicano que preferiu não tomar conhecimento desta regra e fez uso da empregada. Pegou uma respeitável gonorréia. Poderia dizer-se que a constituição era sábia - escrevia certo por linhas tortas.


PUREZA


"Com o passar dos anos, cheguei a uma conclusão: As Repúblicas de estudantes têm alma. Pelo menos as repúblicas de Ouro Preto, pelo menos a República Pureza."
Maria do Carmo Lima de Rezende


A República Pureza foi fundada em setembro de 1939, por alunos oriundos da república Fuzarca, recém desfeita. A data oficial escolhida como de sua fundação, foi 12 de Outubro, em homenagem a data de fundação da Escola de Minas (12/10/1876).

Fundadores:

q Antônio Júlio de Almeida
q Luiz Pereira de Rezende
q Franklin de Andrade Gomes
q Dagoberto Lobo da Silveira
q Newton Pereira de Rezende

A primeira casa, situada à rua Camilo de Brito Nº.6, esquina com a rua dos Paulistas, ostentou, por alguns dias, à porta, uma placa com o nome da República Dantzig, por sugestão do Antônio Julio. Depois da chegada do Luiz, em consenso final, a nova república passou a se chamar: República Pureza.
Pureza é um título de um romance do escritor José Lins Rego, publicado em 1937. Uma peça de teatro: Pureza, com enredo baseado nesse livro, estava sendo exibida no Rio de Janeiro, tendo como ator principal Procópio Ferreira.
O Franklin, bem informado, foi quem fez a proposta. Concordes todos com a escolha, um dos companheiros ainda brincou: "Isto mesmo, meus amigos! Saímos da Fuzarca e fomos para Pureza. Somos agora homens sérios."
E a República ficou com o nome definitivo de Pureza.
No fim de 1941, ocorreu a primeira mudança da Pureza para rua Camilo de Brito, nº3.
No princípio de 1948, foi alugada a casa nº 16 do Lago de Antônio dias, ao lado da Matriz, a república Pureza passou a ter esse endereço. Os moradores da época eram os irmãos Newton, Décio e Hugo Rezende, o primo Antônio Vieira de Rezende e o Carlos Walter Marinho Campos. E nesse mesmo ano o José Abrão e o Javert Gribel.
Em 1956, a República, muda-se definitivamente para a Rua das Mercês n.º 212, onde passa a pertencer a Casa do Estudante da Escola de Minas de Ouro Preto.
Em 1999 é lançado o livro "Histórias de Ouro Preto, de uma certa república de estudantes e de Luiz Pereira de Rezende", escrito pela esposa do ex-aluno Newton Pereira de Rezende onde é contada a história da República Pureza e um pouco sobre a vida de Luiz Pereira de Rezende, um de seus fundadores.


QUARTO CRESCENTE


A República Quarto Crescente foi fundada em 15 de abril de 1982, tendo como fundadoras: Alina, Amélia, Ana Maria, Cízia, Cláudia, Denise, Eneida, Kátia, Narla, Rita, Rossi, Silvânia e Sônia.
A QC, como é chamada carinhosamente por todos, recebeu este nome após terem sido sugeridos vários outros, entre eles “Tarântulas”. O nome escolhido foi Quarto Crescente.
Das 20 fundadoras, apenas 13 permaneceram até se formarem. No início, o relacionamento era difícil, pois as pessoas ainda não se conheciam. As reuniões eram constantes e intermináveis. Tudo era motivo de reunião. Motivos muitas vezes fúteis.
Os móveis e eletrodomésticos foram adquiridos aos poucos com dinheiro de rifas e festas. As dificuldades enfrentadas pelas fundadoras eram muitas. Hoje, a República encontra-se totalmente mobiliada e com vários bens considerados supérfluos por outros, proporcionando conforto e entretenimento para as moradoras.
Com relação aos trotes, eles existem desde a fundação da República. Os trotes são uma forma das calouras se entrosarem com as moradoras, e destas avaliarem as reações daquelas. Historicamente os trotes mais comuns são: seminário sobre a História da República e farras das ex-alunas, esconder roupas com charadas, ventos e varal de roupas.
As moradoras conservam o espírito da República QC que é de muita felicidade, amizade, e companheirismo. Aqui, divide-se problemas, alegrias, dores, esperanças e risos. Dessa forma, aprende-se a conviver em grupo, a trocar experiências, enfim, proporciona-se tanto o crescimento individual quanto coletivo.
No aniversário da República, 21 de abril, muitas ex-alunas retornam com vontade de reviver um tempo inesQCível que tiveram aqui; colocar as fofocas em dia, encontrar amigos que conquistaram e festejar muito o aniversário com as moradoras e amigos. Na tentativa de uma nova experiência para alegrar a festa, as moradoras incendiaram a cozinha por erro de cálculo das farmacêuticas da casa. E a festa como sempre, virou lama.
Atualmente, a República tem 14 moradoras.


REBU


A História da Repúbica Rebu, começa em meados do ano de 1974, quando algumas alunas do Curso de Engenharia, “cheias das malvadas donas de pensões ouropretanas”, resolveram procurar o Diretor da Escola de Minas, na época, o Professor Wagner Carombarolli, com o intuito de que a mencionada Escola comprasse uma casa e a transformasse em República da Escola de Minas. Inicialmente foi muito difícil, pois, não acreditavam que aquelas meninas fossem persistentes o bastante para encontrar um imóvel em boas condicões; porém, andando “nas quebradas da madrugada”, encontraram na Rua do Pilar a tão esperada casa.
Assim, uma vez encontrada a moradia ideal, as estudantes retornaram à Escola de Minas, informando ao Professor Wagner o achado; porém, muitos empecilhos foram sendo criados para a aquisição da casa; primeiro seria necessário o croqui, depois a visita técnica de um Engenheiro, e por fim, o proprietário do imóvel não poderia saber que o comprador seria a Escola de Minas. Desta forma, as garotas convenceram o Dono da Casa de que os compradores seriam os seus pais e enganaram o velhinho. Posteriormente, a Escola de Engenharia entrou no negócio, alegando que os pais haviam desistido e que ela mesma efetuaria a compra.
Surgia então, uma das primeiras Repúblicas Federais para Mulheres; inicialmente foi muito difícil, pois, a casa era pouco arejada e escura, além da dificuladade de relacionamento entre as moradoras, que não se conheciam muito e foram todas aglomeradas naquela casa. Existiam as turmas “de cima” e a “de baixo”, era uma bagunça, um verdadeiro rebuliço, o que deu nome à casa que se passou a chamar República Rebu.
As primeiras a serem nomeadas “Rebutantes” foram Martão, Vanjão, Pirinha, Bernadete, Júlia, Léa, Raquel, Sandra, Martinha, Ângela, Itza (gringa), Carminha, Lívia e o primeiro “BIXO” chamava-se Help. Com elas surgiu um Estatuto engraçado, para evitar confusões e circunstãncias desagradáveis ; nele constava que:

· A escolha de novas moradoras seria feito por Unanimidade caso a pretendente fosse veterana e por Maioria, se não houvesse Veto, caso a pretendente fosse “BIXO”;

· A escolha de quartos, móveis, e demais pertences da República seria feito de acordo com o tempo de casa;

· Caso alguma moradora viesse a sair da casa por formatura, casamento ou qualquer outra situação, não deveria retirar nada, como por exemplo: espelhos, bancos, cabides, panelas, guarda-roupas, camas, colchões, nem mesmo, poderia doar para uma companheira em particular, as moradoras decidiriam quem ficariam com os objetos da retirante, sendo respeitado o critério antiguidade ;

· Não seria permitido a pernoite de homens na casa, com exceção de pais, irmãos, sobrinhos, etc.;

· Cada Rebutante deveria se responsabilizar pelos bens que emprestasse a terceiros;

Apesar da Rebu ser uma República com muitos amigos queridos, carregamos uma grande amizade, que também é a nossa cruz: a República Tabu. Pois, como os nomes das Repúblicas são parecidos, sempre somos confundidos, desde a entrega do sanduíche, até os comentários mais maldosos sobre aqueles “garotinhos” tão disciplinados. Fica aqui uma homenagem à querida Tabu.
Em julho de 1999, promovemos o Primeiro Rebuliço, encontro o qual reuniu grande número de ex-alunas, dada a impossibilidade do tradicional encontro no 12 de Outubro.
Foi um verdadeiro Rebu, e esperamos assim que essa festa se torne tradição, pois estamos sempre de portas abertas aos amigos de ontem e de sempre.
E resistimos ao tempo; após 25 anos, nós rebutantes, ainda estamos aqui, assim como vários objetos da primeira geração. Sabemos que também vamos passar, mas mesmo espalhadas pelo mundo, deixaremos por aqui amizades, saudade e muita lama.

Atualmente na República Rebu residem as Rebutantes de nome: Tati, Flá, Sô (Coxão), Ana, Vyrgeneusa, Magali, as mascotes Carlota e Lulu e os bixos: Su, Fê e Lisa.

República Rebu
Rua do Pilar,61
Bairro: Pilar
Ouro Preto – MG
Cep.: 35.400.000
Tel.: (31) 551.3783


QUITANDINHA

Histórico de Fundação da República Quitandinha

Quitandinha – 1a fase*

A República Quitandinha foi fundada no segundo semestre do ano de 1945.
Foram seus idealizadores:
1 – Tasso Crespo de Aquino, de Campos - RJ.
2 – Antônio Linhares, de Miracema – RJ.
3 – José Duarte de Macedo, MG.
4 – Salim Frayha, de Poços de Caldas – MG.
5 – Aldo Aquino, de Campos – RJ.
Foi objetivo fundamental dos idealizadores: a fraternidade, o respeito mútuo e a vontade de vencer.
Sua primeira “sede” - casa – foi situada à rua dos Paulistas (esquina da rua dos paulistas com a travessa que vem por trás do Centro Acadêmico Atual, antigo fórum), esta casa se chamava Chalé de Maria Rosa, casa ampla, bonita e tinha janelas superiores na parte central da frente.
Maria Rosa, em 1948, pediu o retorno da casa, razão pela qual a “Quitandinha” entrou no sorteio da casa atual (rua Teixeira Amaral), que se denominava “casa de Camilo Abelo” ganho o sorteio, a transferência de casa foi realizada em 1949, com uma grande festa que terminou com um porre generalizado por boa parte da população de Ouro Preto. A cachaça (batida) era servida em latão de querosene.
Posteriormente à fundação podemos citar alguns republicanos que aqui moraram: Gabriel Pangratz, Haroldo Zeferino da Silva, Francisco Carvalho de Brito, Luiz Zigoni Sobrinho, Ricardo Afonso Nogueira.
Em 02/09/77, a Quitandinha encontrava - se completamente restaurada e com republicanos desejosos de um registro histórico da república.
A eles e aos que ainda virão, nossos votos de felicidade, bem estar e bons estudos.

Ouro Preto, 02 de Setembro de 1977.
Tasso Crespo de Aquino
Segundo versão de um dos fundadores, Salim Frayha, o nome Quitandinha é proveniente do Hotel Cassino Quitandinha em Petrópolis.



Quitandinha – 2a fase*

Estávamos na ’Vila Velha “ (Largo do Rosário, 63), Derli Frade (Perphil), Afonso Fernando de Andrade Mendes (Fefeu), que antes morávamos na República Pólo Norte (Rua Henrique Adeodato, 173), que por sua vez foi desapropriada pela Prefeitura Municipal de Ouro Preto, para ali ser instalado o Quartel da Polícia Militar. A casa pertencia à entidade, Antigos Amigos de Ouro Preto”.
A casa estava para ser vendida, e logo no princípio do ano de 76 (março), uma imobiliária de Belo Horizonte, anunciava, com uma faixa pregada na fachada principal, a sua venda, ou melhor, que estava à venda.
Começamos então a batalhar junto à reitoria, uma república para morarmos. A ‘febre “era requerimento por parte dos alunos da escola, sem alojamento, para conseguir uma casa. Três casas eram as mais visadas, uma na Água Limpa, outra na Vila dos Tigres (Mercês) e a Quitandinha que estava na fase de acabamento”.
Fizemos um requerimento, com 10 assinaturas (inclusive com dois alunos de Farmácia, pois um dos assessores do Magnífico era da Farmácia e dava força, mas era cascata) e uma carta. O certo é que com isso o “PS”, assim o apelidamos, sempre que passava por nós dava aquele alô. Pela primeira vez fomos ao Reitor, com uma planta da casa, cedida pelo Prefeito da cidade universitária, que por sinal muito nos apoiou.
Depois de uma série de idas ao Magnífico e ao Prefeito Universitário, conseguimos a confirmação de que a Quitandinha seria nossa.
Em seguida tratamos de recrutar os outros seis colegas que viriam mais tarde morar conosco.
Geralmente, um de nós apresentava o pretendente à vaga, e se todos concordassem, já era um dos nossos, é lógico que alguns não foram totalmente aceitos.
Assim ficou completa a casa, mudamos para a Quitandinha, no dia 22 de Setembro de 1976, quando nossos pertences vieram no caminhão da escola cedido pelo prefeito universitário, Dr. José Storry, na parte da tarde.
Fatos Marcantes

· 45 – Sem dúvida nenhuma o fato mais importante da história da Quitandinha é a data de sua fundação, 12/10/1945, pois, ali se iniciava uma gloriosa história que já dura 55 anos.
· 72 - Desmoronamento – Segundo depoimento de ex-alunos, a República Quitandinha teve sua estrutura comprometida, resultando em desmoronamento de parte da casa, fazendo com que os alunos da época mudassem para outras repúblicas, fazendo com que o período de 72/76 a casa viu-se obrigada a passar por uma reforma geral, resultando assim em uma divisão de sua história (o antes e o depois do desmoronamento).
· 89 – Nas eleições para diretor da Escola de Minas, os alunos invadiram o local se realizava o pleito, roubaram as urnas e as queimaram, em decorrência do acontecimento foram presos vários alunos, entre eles, o ex-aluno Laurindo Alves Gaudino Júnior, pois, tratava-se de crime eleitoral haja visto que a mesmas pertenciam ao TRE.
· 98/99 – Os republicanos “quitandeiros“ fazem uma grande reforma na Quitandinha (desde a ampliação a melhoramento em toda a sua estrutura).
· 2000 – A República Quitandinha sagra-se campeã do campeonato de futsal das repúblicas.


· O fato da história da Quitandinha ser dividida em duas fases decorre de houve um desmoronamento da república, assim dividindo em duas fases.


Rua Teixeira Amaral 102, Centro.
Telefone – (31) 551 1301
E-mail – quitandinha@ouropreto.feop.com.br


REINO DE BACO


A República Reino de Baco foi fundada em 1951, com o apoio de empresas que se uniram formando uma entidade, que tinha como intuito a construção de casas para estudantes de Engenharia da Escola de Minas de Ouro Preto. Com o passar do tempo, esta entidade extinguiu-se, sendo que hoje em dia um dos criadores desta retomou as atividades exercidas pelo antigo grupo de empresas com a intenção de melhorar as condições das Repúblicas, contando com o auxílio de ex-alunos e estudantes.
Foi dado a estas Repúblicas documentação necessária para sua legalização perante o governo.
Nossa casa foi fundada por Jadir Portes Bartolomeu, Paulo Goyatá Albanese, Alípio da Silva Costa, Darcy José Germani, Edward Pinto de Lima e Antônio Rodrigues de Campos.Com o passar do tempo estas gerações mudariam, com a entrada de novos moradores à casa e com a saída de outros finalizando o curso de Engenharia.


$AUDADE DA MAMÃE


A República $audade da Mamãe foi fundada em meados do mês de Outubro do ano de 1976, no 100° aniversário da Escola de Minas de Ouro Preto. A Iniciativa partiu de um grupo de estudantes de engenharia da própria Escola.. Inicialmente numa casa particular, localizava-se à Rua Bernardo de Vasconcelos, Bairro Antônio Dias, em frente a República Castelo dos Nobres, passando depois para a Rua dos Inconfidentes, Barra pois tratava-se ainda de uma República Particular, sendo freqüente a mudança de endereço devido a dificuldade em pagar os aluguéis da época.
No ano de 1985, levados pelos ideais estudantis e pelo fato de ser de conhecimento geral os inúmeros imóveis ociosos que possuía a Universidade, uniram-se os $audosos à moradores dissidentes da República Necrotério, invadindo as casas onde hoje se encontram a atual República $audade da Mamãe e a sua co-irmã República Maria Bonita. Tendo os $audosos compreendido os problemas de moradia que assombravam os estudantes da época, cederam gentilmente às moçoilas a casa que atualmente residem as “Marias”, e ficaram com a casa onde hoje é a atual República, fundando-se assim a $audade da Mamãe Federal, Livre, Fraterna e Igualitária.
Nos primeiros anos de existência da $audade delineiam-se, já alguns dos que seriam seus traços predominantes – a inserção nas lutas estudantis e a preocupação com os destinos coletivos e com questões libertárias. No ano de 1994, com o passar dos tempos, e com o surgimento de novos cursos, a $audade, sempre pioneira em novas idéias, passou a admitir, alunos de outros cursos, e não apenas de Engenharia, tornando-se uma República de vanguarda entre as demais Repúblicas de Ouro Preto.
A preocupação libertária se manifesta de variadas maneiras na $audade dos anos 80, é carnaval? Sim, mas pequenas bandas de “rock and roll” são convidadas a se apresentar na república. É Doze de Outubro? O evento segue os moldes tradicionais mas os convites para a festa são instigantes, provocativos e com temário sócio-político, através deles abrem-se espaços para debates sobre a conjuntura da Universidade e do Brasil. As festas costumeiras são transformadas em “happenings”, com programação cultural elaborada – apresentação de poemas, pequenas peças teatrais, etc. A $audade será a base operacional do “1º Forrock de Ouro Preto” e organiza a festa de”um ano sem Raul “Rock” Seixas... – que mesmo sem a presença do artista, torna-se um sucesso.
Lentamente, os ex-alunos da república vão se firmando na vida profissional – chegam notícias dos primeiros sucessos relevantes, conseguidos à custa dos talentos dos próprios ex-alunos... Ao mesmo tempo, penetram no cotidiano da república o sentimento de solidariedade com figuras socialmente pitorescas – criativos, fraternos e amigos, mas, via de regra, postos à margem da sociedade: são o “Didi”, o “Godofredo”, o “Sobrenatural”, entre tantos outros.
Um fato marcante em todo este tempo, foi a ocasião em que durante uma festa de Carnaval, os $audosos e foliões foram surpreendidos com a chegada da Polícia Militar, que arbitrariamente adentraram a República de arma em punho em busca não se sabe até hoje o quê. Se não fosse por um morador que conseguiu “escapar” e ir avisar aos membros do “Bloco Benestrício”, que então fazia parte a $audade, a situação poderia ter sido pior, pois ao tomar conhecimento do sinistro, voltaram todos para a $audade onde depois de muito tumulto, tudo foi resolvido da melhor forma para todos.
Atualmente a República $audade da Mamãe, ocupa lugar de destaque nas festas tradicionais de Ouro Preto, como o Carnaval, onde comanda um dos mais animados blocos carnavalescos “Bloco do Mesclado” junto com suas Repúblicas amigas, o Festival de Inverno, onde hospeda diversos artistas que a esta cidade chegam em busca das oficinas de cultura oferecidas no Festival, e a Festa do Doze, ocasião em que celebra seu aniversário de fundação e da Escola de Minas de Ouro Preto, servindo de local de encontro para ex-alunos e demais amigos conquistados durante todo esse tempo de existência, comemorando em todas estas, com muita cerveja, churrasco e outras “milongas” mais.
Encerra-se aqui um breve relato da imensa história que viveram todos que aqui moraram e que têm até hoje, no fundo de seus corações os sentimentos de alegria, descontração, e bem viver proporcionados por essas maravilhosas instituições denominadas Repúblicas Estudantis de Ouro Preto, e é por essas e outras tantas razões que deixamos nessas poucas linhas, o nosso orgulho e amor de termos aqui vivido durante um breve instante que nos proporcionará longos anos de $audade. OBRIGADO $AUDADE.





O processo de implantação das repúblicas estudantis na cidade de Mariana foi complexo e conturbado; os estudantes de História e Letras, lotados no Campus de Mariana, não dispunham de “moradia federal”, e ainda eram obrigados a ir e voltar de Ouro Preto para fazerem as refeições, pois não havia restaurante universitário em Mariana.
A partir de 1985, os estudantes mobilizaram forças e iniciaram negociações com a Administração da UFOP para construção de casas que viessem a abrigar os estudantes carentes na cidade. Em 1986, a Administração assumiu o compromisso de iniciar a construção de casas que viessem a abrigar a todos, que começou a ser concretizado dois anos mais tarde, culminando na construção de seis casas até 1991. Enquanto isso, a Universidade assumiu o pagamento do aluguel de um imóvel que abrigava inicialmente 23 estudantes, integrantes da “comissão de negociação da moradia”.
Assim nascia a república “da Sé”, pois o imóvel encontrado para abrigar os estudantes estava localizado na praça da Sé, esquina com Rua Direita, onde atualmente é o “Centro Comercial Abdo Nahim”. Desde então, a “tradição” da república, repassada de “geração para geração” de moradores, é a de abrigar o máximo possível de moradores carentes, sendo então considerada a “república mãe”, por onde passam inúmeros calouros provisoriamente, antes de se instalarem definitivamente em outra república, ou optarem por permanecer na Sé.
A república tinha nove quartos de tamanhos diferentes, sendo que um era chamado de “maracanã”, por ser o maior e abrigar um grande número de estudantes. Devido estar localizada próxima à Catedral de mesmo nome, e tratar- se de uma república mista, isto é, onde moram mancebos e raparigas, a comunidade local pressionava muito a Universidade e os estudantes, pressão que aumentava a cada “festa” ou “encenação” preparada pelos mesmos.
Em uma das festas, no denominado “dia das bruxas”, os estudantes exageraram no álcool e na imaginação, e acabaram dentro do cemitério de Santana, revirando túmulos, quebrando cruzes e muros, no que resultou um processo criminal para todos os participantes. Noutra ocasião, na chegada do novo arcebispo à arquidiocese de Mariana, os estudantes haviam dado uma festa na noite de Sábado que só terminou na manhã de Domingo; resolveram então recebê- lo, das janelas da república, de calcinha e cuecas na cabeça, e garrafas de bebida à mão. Esses feitos, já somados a outros, criaram no seio da comunidade local uma repulsa muito grande, até hoje, ainda não superada.
Em 1990, depois de quatro anos instalados na Praça da Sé, a Administração da UFOP entregou a Quinta casa construída dentro da área do campus universitário, no bairro da Chácara, que veio abrigar os últimos remanescentes da república. A casa 180 ficou, então, denominada “República Sé”, como memória à luta daqueles que inicialmente lutaram pela construção das moradias, e à casa então localizada no Largo da Catedral da Sé.
Hoje, o imóvel possui dez quartos individuais, e a república abriga normalmente doze moradores em sua estrutura. Por aqui já passaram muitos estudantes, dos quais uns permaneceram até a formatura; no princípio, a maioria era de estudantes de História, mas hoje existem de diversos cursos, tais como Letras, Direito e Filosofia, os dois últimos oferecidos pela UFOP nos Campi de Ouro Preto. Moraram também professores do ICHS, quando a procura pelas vagas por parte dos estudantes era baixa.
Os princípios que regem a república são a solidariedade aos calouros, abertura de vagas e oportunidades, tolerância e liberdade de ação.
São exemplos de ex –moradores: Pedro Cavallieri, Vander, Marcel, Simone, Antônio Cera Neto, Guaraná, Ronan, “P.C.”, Hercília, Robson, Claudinha, Flávia, Fernando Maricato, Maria Edite, Martinha, Gustavo, “Morena”, José Luiz Villa Real, Vanuzia Lopes de Almeida, Cissa, “J.B.”, Luíza, Marta Qui, Pimpa, Bete, Alex, ED, Agnaldo Barbosa, Ângelo Sátiro (Play), Genaro, Saumer, Ramiro, Xênia, Tina e Aída.
Os últimos moradores que formaram na República foram Eliazar João da Silva e Gislene Cristina de Morais ( História- 1997/1), Eclair Antônio de Almeida Filho ( Letras- 1997/2 ), Estevam Costa Martins ( História- 1997/2) Márcio Eurélio Rios de Carvalho e Alisson Ribeiro Morais ( História- 1998/2).
Os atuais moradores da República Sé, seus cursos e a procedência é respectivamente:
Jessé Albino da Silva Direito Ipatinga- MG
Lucas Gomes Magalhães História São Paulo- SP
Rodrigo Antônio Cardoso Letras Jacuí- MG
Merielle Machado Rosa Letras Linhares- ES
Adaílton Moreira Filosofia Cipotânea- MG
Lucy Gonçalves Lélis Letras Barão de Cocais- MG
Mariluce Gomes de Santana Filosofia Itabirito- MG
Gisele Nunes Machado Letras Linhares- ES
Gislaine Araújo Figueiredo História Catas Altas do Mato Dentro- MG
Ênio Alves dos Santos História Jequitinhonha- MG

Em agosto de 2000, temos, como é da tradição da República, três moradores aguardando vagas definitivas em quarto, na sala da casa:
Cristiano Arbex Rosas Letras Juíz de Fora- MG
Luís Otávio Luciano Goulart Filosofia Belo Horizonte- MG
Maria Eduarda Carvalho Monteiro História Rio de Janeiro- RJ


SENZALA
- Um pouco da história


A alguns anos atrás a Universidade estava construindo no campus novas casas e necessitava de um número mínimo de pessoas para formarem uma república. Sendo assim, a partir da união de duas outras Repúblicas: Berimbau e Alcatraz foi criada a República Senzala. Eis aqui, alguns relatos de ex-alunos que fundaram da Senzala.
No principio de 1982 ficaram prontas as dez casas do morro. Cada república candidata deveria apresentar ao DAEM (que cuidou da distribuição das casas, pois ainda não existia DCE) a lista com os vinte nomes. Era preciso um nome para identificar a nossa turma, que ficou sendo ‘’República Mansão’’.
No dia do sorteio (Domingo a tarde ) fomos à Escola de Minas e fomos sorteados, felicidades... ganhamos a casa 6A.
Como moradores da Alcatraz, Berimbau e outros seriam uma nova república, decidimos que a melhor forma de promover o entrosamento seria formando seria formando duplas e sorteando os quartos. O sorteio ficou assim :- quartos de baixo: Madre (Marcelo Gomes) e Escroto (Ronaldo Marinho da Silva), Batata (Ricardo Aluízio Machado Maia) e Jonnhy
(João Carlos Martins Ramos), Moacir ( José Moacir Silva e Silva) e Pente Fino ( Márcio Monteiro Fajardo), Gambá ( Rubens Lúcio de Figueiredo) e Menelau ( Manuel Marciano Lopes Filho), Toca ( Itamar de Souza Sol) e Orêia ( Sérgio Bomtempo Martins); -quartos de cima : Caixeta ( Gilberto Caixeta Guimarães) e Pereira ( Osvaldo Pereira), Gigi ( Gildásio Soares de Oliveira) e Zé Cláudio, Sucrão ( Tomaz Teodoro da Cruz) e Corvão ( Lauro Doniseti Bognioti), Zé Rodrigues ( Jose Rodrigues Neto) e Ruy ( Ruy Geraldo Bravin de Castro), Tetê ( Saulo Augusto de Oliveira) e Juriti ( Valdemir de Almeida Conterato). Mas aconteceu o que queríamos evitar, a maioria do pessoal da Berimbau nos quartos de cima e quase todos da Alcatraz ocupando os quartos de baixo.
A UFOP fez com que assinássemos um tal de " Contrato de Comodato " que exigia qualquer mudança no quadro de moradores. Assinamos, mas isto nunca funcionou.
Tudo pronto! Só faltava marcar a data e a hora da mudança. Marcamos para 16 de abril de 1982 (Sexta-feira) pela manhã. Mas o Pereira ( chegado em uma confusão) foi ao parque Metalúrgico e conseguiu um caminhão para fazer a mudança Quinta feira à tardinha.
Embalamos tudo "da melhor maneira " que conseguimos e ficamos esperano o caminhão, que não chegava nunca. Quando já estava anoitecendo, apareceu na Alcatraz o motorista dizendo que o caminhão tinha ficado no Morro, atolado na lama, e que ia ser possível fazer a mudança aquela noite. Mas o Marcelo ( cheio de amizades no Parque Metalúrgico) resolveu ir até lá ver se era possível buscar o caminhão. Não demorou muito, ele e mais alguns da Berimbau voltaram para buscar a turma para fazer uma forcinha e desatolar o caminhão. Para completar, estava chovendo. Pegamos um litro de "51" e subimos para tirar o caminhão. Não foi preciso muita força e conseguimos desagarrar o bicho.
Quando começamos a colocar os "trem no caminhão", ainda estava chovendo mas logo a chuva parou. Foram três viagens e quando terminamos já eram 02:30h.
Trouxemos prá cá a empregada da Alcatraz, mas ela não dava conta do recado e a moçada "catou" com ela em pouco tempo. Contratamos outra, a Pazinha, que ficou conosco até Abril de 1985.
Aconteceu que o companheiro de quarto de Gigi desistiu na última hora e acabou que viemos prá cá em 19 e não em 20. Ou melhor, vinte mesmo pois o Ari sempre estava poa aqui tomando caipirinha e pintando.
O Giló ( José Vicente Lucas de Souza) apareceu por aqui mais ou menos no meio do semestre e então veio morar conosco, ocupando a vaga deixada pelo Zé Cláudio.
Era preciso dar um nome a República, que era conhecida pelo nome provisório – Mansão – ou pelo número da casa 6A, Foram feitas inúmeras reuniões, mas estava difícil. Fizemos uma reunião sem a presença do Sucrão, que fazia estágio em Carandaí, e chegamos a dois nomes com o mesmo número de votos. Quando ele chegasse, ele desempataria e ficaria escolhido o nome da República. Acontece que o Sucrão se recusou a escolher o nome e assim ficamos bastante tempo sem chegar a um nome do agrado da maioria. Opiniões e sugestões não faltavam. Uns achavam que a República deveria chamar ou Alcatraz ou Berimbau; outros eram a favor de um nome que lembrasse as Repúblicas extintas, nomes como BERINTRAZ, ALCABAU, ALCATRAZ-BERIMBAU E BERIMBALCATRAZ; um terceiro time queria um nome que não tivesse nada com BERIMBAU ou ALCATRAZ. Esta opinião foi ganhando adeptos e acabou vencedora. Já estava mais fácil escolher, estava definido o que não queríamos. Foi aí que choveu sugestões de nomes : MANSÃO, ANHANGÁS, MEGANACAS ( ler também de trás prá frente), SANTO-MÉ, ITAMARANDIBA, ARAPUCA, KI-LOMBO, SENZALA e outros. Finalmente no dia 04 de Junho de 1982 conseguimos, votamos e chegamos aos nomes finalistas SENZALA e ARAPUCA. Na finalíssima SENZALA ganhou por 11 a 04.
Esta é a história dos primeiros tempos de SENZALA.
Atualmente moram na República Senzala 11 moradores: ½ Foda, Cobrinha, Sutak, Gretty, Embratel, Ligerin, Recente, Juzilino, Onti, Zé Rêgo e Águamorna e a mesma mantém a tradição de aceitar apenas estudantes de Engenharia.


SERIGY


O nome Serigy é uma homenagem ao Cacique Serigy, um bravo guerreiro indígena que lutou na emancipação do estado de Sergipe. Como os primeiros moradores da casa eram sergipanos eles resolveram prestar uma homenagem ao conterrâneo.
Em todos seus anos de existência, a Serigy já abrigou estudantes de todas as partes do país. Todos os estudantes formados na Serigy, assim como acontece em outras repúblicas de Ouro Preto, têm suas fotografias colocadas na sala de retratos da república, uma espécie de sala de troféus.


“No início do ano de 1948 moravam em uma pensão, na Rua Alvarenga 4, os sergipanos Alberto do Prado Barros, Mauel Alves Souza, Nicanor Carvalho e José de Melo Monteiro. A eles se juntou um outro sergipano, o José Francisco Barreto e o mineiro de Ponte Nova, João Rezende de Castro Monteiro.
Os seis fundaram uma República que teve seu primeiro endereço na Praça Américo Lopes, 17 e o nome da Serigy escolhido pelos sergipanos em homenagem ao bravo cacique que tinha esse nome e muito se destacou na luta pela colonização do Estado de Sergipe.
A casa não tinha o mínimo conforto, mas todos nós sentíamos felizes por deixarmos a pensão e termos nossa República. Imaginem que não tinha água quente... o chuveiro estava colocado no fundo de uma lata de querosene de 18 litros e era acionado por um barbante que pendia até o chão e terminava num pedaço de madeira como se fosse um acelerador de automóvel. Quando pisávamos na tábua, abriamos o chuveiro e caia aquele jorro de água fria em cima de nós.
Acho que foi por isso que nos mudamos, logo que o inverno começou a apertar, para a rua da Escadinha.
Aí o conforto era notável mesmo. Uma casa grande e com água quente. Pelo fato de ser grande juntaram-se aos 6 fundadores dois mineiros, Sebastião Peixoto Toledo, de Ubá, e Rubens Vieira Brant, de Manhumirim.
Em 1951 a Serigy mudou-se para a rua Henry Gorceix 93, onde está até hoje. Primeiro nós conseguimos alugar e depois a Casa do Estudante comprou o imóvel, fez uma bela reforma e aí, além do conforto, chegamos até a ter luxo. Durante a reforma cada um republicano de então gravou no pendural de uma das tesouras, as suas iniciais.
O João Resende formou-se em 1951. O Nicanor mudou-se para Belo Horizonte, formou-se em engenharia e faleceu algum tempo depois. o Manuel se formou em farmácia e voltou à sua terra. Dos outros a República tem acompanhado os passos...” (História relatada em 04 de outubro de 1989, por José Walmílio de Melo Monteiro – in memorian)


Foi assim que tudo começou, com dificuldades e luta. É essa luta e perseverança que supera derrotas, vence as barreiras, alcança vitórias, conquista a honra, engrandece o homem e ergue patrimônios. É essa força que nós jovens temos, buscando de todas as formas aprendizado para contribuírmos de alguma maneira no futuro o mesmo no presente. É esse sentimento que certamente mora nessa casa. É esse sentimento que herdamos de jovens mentes que por aqui passaram, com seus ideais e história, pois não é a toa que a República Serigy completa seus 50 anos.
A infra-estrutura da República Serigy é uma das melhores, entre as mais de 80 repúblicas, que existem em Ouro Preto. Enquanto os fundadores da república passavam por inúmeras dificuldades, como falta de chuveiro com água quente e etc, nós os atuais moradores contamos com uma casa enorme que possui 11 quartos, 4 banheiros, sala de Tv equipada com video ( onde assistimos filmes educativos ),computador, biblioteca com cerca de 300 livros dos quais tiramos muito proveito nas horas diárias de estudo.
Temos uma enorme área externa com churrasqueira, quadra de peteca, sala de jogos com mesa de sinuca e baralho e uma boate no subsolo.
O imóvel onde funciona a república é de propriedade da Casa do Estudante de Ouro Preto, uma fundação de apoio aos estudantes crida por ex-alunos da Escola de Minas, para dar apoio aos estudantes de engenharia. Os moradores são quem administram a casa com total autonomia. Somos nos quem cuidamos da manutenção e conservação da casa. Esta é uma tarefa que todo morador da república tem na alma, conservar a casa é uma lei dentro da república.


SINAGOGA

A República Sinagoga foi fundada em sua atual casa em 1949 pela junção de duas outras Repúblicas anteriormente existentes: a Favela e antiga Sinagoga; nesta oportunidade, foi feito sorteio entre os moradores para a escolha do nome oficial. Nesta data, a casa foi comprada por uma instituição filantrópica de ajuda e amparo aos estudantes, assim como várias outras Repúblicas tradicionais de Ouro Preto, garantindo moradia gratuita aos universitários da UFOP. Situada no centro histórico, a República Sinagoga é considerada uma das mais tradicionais de Ouro Preto.
A manutenção da casa é feita pelos próprios moradores através de arrecadações com hospedagens e contribuições de seus antigos moradores. Passando por amplas reformas promovidas pelos seus moradores e ex-alunos nos anos de 1986 e 1998, a casa atualmente conta com uma infra-estrutura de estudo e diversão: nove quartos, uma sala de estudos dotada de computador e impressora, uma sala de jantar e uma de estar, um amplo quintal com churrasqueira, tablado de basquete e garagem para aproximadamente dez carros, além de uma boate para as festa de fins-de-semana com o tradicional "batidão".
Até 1995, a República destinava-se exclusivamente aos estudantes de Engenharia, mas, com a criação de novos cursos na Universidade e a necessidade de moradia desta parcela de estudantes de outras áreas, foram aceitos estudantes de outros cursos, prevalecendo a maioria de moradores de Engenharia.
Para morar na República Sinagoga, o "bixo" passa pelo processo de “batalha” que tradicionalmente ocorre desde a fundação da República. Neste processo de adaptação, durante um período semestral, o calouro aprende a desempenhar as funções primordiais de funcionamento da República, e ao mesmo tempo conhece os demais moradores e ex-alunos. A efetivação do “bixo” se faz por uma reunião, onde a unanimidade de moradores decide pela escolha ou não do calouro. Se adaptado, diz-se que foi “escolhido”, tornando-se um Sinagogano e ganhando um apelido que passará a ser seu nome na casa.
Respeitando também a tradição da maioria das Repúblicas estudantis de Ouro Preto, quando algum dos moradores da casa se forma, inaugura, no dia da formatura, o seu quadro na parede da Sinagoga. Desta forma, passa a integrar a galeria dos ilustres ex-alunos Sinagoganos, que soma, atualmente, 90 quadros. Esta tradição incentiva o ex-aluno a estar sempre em contato com a República.
Esta tradição, que constitui a base da amizade e companheirismo que acompanha a República Sinagoga desde a sua fundação, a mais de cinqüenta anos, pode ser muito bem traduzida pelas palavras do ilustre ex-aluno Luiz Henrique Vicentim, o Juca:

“Somente quem vive aqui pode entender...
Somente quem, passou por aqui pode refletir...”


SNOOPY


“... E tem um castelo que fica bem ali naquele vale encantado...É um castelo antigo de janelas grandes pintadas de branco e com quadradinhos de vidro muito frágeis e quando olhamos lá fora enxergamos grandes horizontes...
E o castelo tem um quintal que dá para o infinito, tem muralhas de pedras, que são para proteger do mal; tem sacada para ver o mundo; escada para subir pro paraíso; tem um lugar todo de azulejo branco onde há reuniões para rir, ouvir sons alados e comer maravilhas encantadas....
E tem também um porão sombrio, e que às vezes se transforma em sons e luzes vermelhas e verdes....
E nesse castelo moram 13 princesas aprendizes que às vezes usam de pós mágicos, ou até de pir-lim-pim-pim para enfeitiçar os mortais e fazê-los enxergar as auroras coloridas da vida...
... Mas para morar nesse castelo não pode ser sempre princesa, às vezes terão que se transformar em um cavaleiro ou soldado, pegar o cavalo e ir guerrear nos campos de batalha e lutar pelos seus sonhos; outras vezes terão que ser o bobo da corte e alegrar todo mundo; outras terão que ser bruxas, feiticeiras e adivinhar pensamentos; outras devem ser a dama de companhia e dar conselhos às novas princesas...e de vez quando você pode ser ninguém, ou pode ser todo mundo, mas com certeza as princesas te darão força para você ser quem você quiser, até você mesma!!!
Mas tudo que é bom dura pouco, e um dia a gente tem que virar ‘rainha’, colocar quadro na galeria das rainhas, e passar nossos ‘poderes’ para as outras, pois só podem morar nesse castelo aquelas que foram escolhidas por ter o dom de enfeitiçar....
E é assim que este castelo continua a encantar aqueles que passam por ele...
Quer saber o nome desse castelo ?
REPÚBLICA SNOOPY !!!!
Obrigada pelo maravilhoso tempo em que fui princesa desse eterno castelo...”

(trechos da carta de despedida da ex-aluna Patrícia Tonidandel Schettini em sua formatura)

E essa história vem acontecendo desde 18 de março de 1983, data de sua fundação. A República Snoopy, hoje situada na Rua Direita, 160, já esteve também situada na Vila São José, Vila Aparecida, Antônio Dias e Rua Nova.
Hoje, com 13 moradoras, chamadas Snoopyanas; consegue cumprir o objetivo para o qual foi fundada: ser a “nossa casa fora de casa”.
Dos estudos ao lazer, conta hoje com estudantes dos cursos de biológicas e exatas. Tem também time de futebol, bandeira, hino e uma boa infra-estrutura, resultado do esforço de suas ex-alunas e atuais moradoras.
A República Snoopy, aos 17 anos, é mais uma demonstração de que a história de Ouro Preto, de sua Universidade e de suas Repúblicas, deve perpetuar-se no tempo, para que no futuro os estudantes que a Ouro Preto chegarem, sintam-se honrados por morar em uma dessas eternas Repúblicas e fazer parte também dessa história.


SPARTA


A República Sparta, foi fundada em 04 de abril de 1941 pelos seguintes alunos da Escola de Minas e Metalurgia de Ouro Preto: Francisco de Paula de Negreiros Sayão Lobato, Paulo Barbosa Arantes, Bento Romero Viana e Waldemar de Albuquerque Assis. Foi instalada inicialmente à rua Getúlio Vargas, 19 onde funcionou até outubro de 1955, quando foi transferida para o endereço atual, rua Conselheiro Quintiliano 370. Consta na sua ata de fundação que a Sparta poderia abrigar qualquer aluno da Escola de Minas, à época as engenharias Civil, Metalúrgica, Geológica e de Minas, tradição esta mantida até os dias atuais visto que a Sparta é exclusiva para estudantes de engenharia.
Ao longo dos seus quase sessenta anos a Sparta já abrigou e formou mais de 100 ex-alunos que na sua maioria, mantém um estreito vínculo com a República comparecendo as festividades do Doze, aniversários e demais comemorações da Republica. Vários ex-alunos aqui formados conseguiram grandes realizações profissionais e estiverem presentes em empreendimentos e fatos marcantes da história da engenharia do nosso país, empreendimentos como a descoberta da província mineralógica de Carajás, primórdios da Petrobrás, CVRD, Usiminas entre outros tiveram participação de engenheiros formados na Sparta.
Nós Spartanos acreditamos que a boa convivência republicana, o ofício alegre dos estudos, o espírito de coleguismo e amizade transformaram esta casa numa extensão do espaço familiar, fortalecendo conceitos de hierarquia, da boa ordem e do respeito individual. O harmonioso convívio e o exemplo dos mais velhos ajusta a formação dos mais moços. O ambiente sadio sem falso moralismo, animado de fraternidade, identifica um relacionamento estreito e amigo com a sociedade. O viver do dia a dia completa o trabalho dos professores na formação do profissional ético como homem e conivente como cidadão.
A Sparta, inspirada neste espirito estudantil de República pode, hoje, afirmar com vestuta experiência de 59 anos de vida, e com mais de 100 engenheiros formados nesta casa, que este modelo de convivência estudantil e formador de homens construtores, pluralistas de iniciativa e úteis as causas deste povo alegre, generoso e bom que forma a nossa nação.
No inicio do ano de 1999 a Sparta passou por um dos momentos mais críticos de sua existência. O casarão que abriga a República necessitava a muito tempo de uma ampla reforma estrutural, nas partes elétricas, hidráulicas e principalmente o telhado que ameaçava desabar. Desde 1996 tentávamos angariar fundos para estas reformas, e não sendo mais possível retarda-las, começamos a reforma do telhado que era a mais urgente. Só que iniciadas as reformas do mesmo, verificou-se que a construção deste fora feita pelo antigo método conhecido como “Engaiolamento” em que a armação de madeira do telhado também sustenta as paredes. Com a retirada deste todas as paredes do terceiro pavimento ameaçaram desabar e todo este pavimento teve que ser reconstruído, estourando assim o nosso orçamento e nos deixando em uma difícil situação. Apelamos então aos nossos ex-alunos que numa demonstração explicita de que a tradição e os ideais Spartanos estão mais vivos do que nunca, nos atenderam prontamente, possibilitando assim o término da reforma e a continuação da República Sparta. As reformas foram executadas com recursos próprios sem nenhum ônus para a universidade. Gostaríamos de em nome dos moradores atuais e futuros agradecer a todos os ex-alunos que contribuíram para as reformas, muito obrigado.
A Sparta apresenta o fato peculiar de ser a única República de Ouro Preto a possuir uma piscina, que foi construída no final da década de 60, com recursos próprios e mão de obra dos moradores à época. Temos também o jornalzinho Vika (o mensageiro Spartano), informativo eventual da República que é editado pelos moradores e enviado aos ex-alunos, colocando-os a par dos acontecimentos e da situação atual da República.
Identificados e preocupados com as mudanças de nosso tempo, criamos a Associação República Sparta. Objetivando-se a continuidade dos ideais Spartanos, busca-se dar nova vida a República, garantindo o seu patrimônio, simples, mas de nobre e essencial utilidade, e permitir condições adequadas de conforto para uma formação de bons engenheiros, capazes de enfrentar os desafios do futuro com coragem e brilho. A participação dos ex-alunos na Associação anima o cumprimento de seus propósitos, integra e desenvolve o espírito de convivência entre os Spartanos, permitindo também uma troca de experiência entre diversas gerações.
Na virada do milênio e às vésperas de completar 60 anos, podemos afirmar que a Sparta está unida, coesa e preparada para enfrentar com responsabilidade e coragem os desafios que este “futuro” nos trará. Por isto conclamamos todos os Spartanos a se juntarem em uma saudação:
“Vida longa à Sparta!!!”


TABU


A República TABU está situada na Rua Direita, 166, no Centro Histórico de Ouro Preto. Foi fundada no segundo semestre de 1950. Na época, segundo Abdias Veras Filho – um dos fundadores –, a entidade “Casa do Estudante” dispunha de três imóveis para servir de moradia estudantil. Os candidatos organizaram-se em vários grupos para concorrer às casas e a escolha foi feita por sorteio. O nome TABU vem de uma música da época.
O aniversário da República é comemorado junto com o da Escola de Minas, no dia 12 de outubro. Nesta data, é grande o número de ex-alunos que retornam à casa, quando os atuais moradores homenageiam os que estiverem completando 10, 20, 25, 30 e 40 anos de formados.
As moças são sempre bem vindas e os bixos, a alegria da casa.
Tabuano é criativo, inovador, mas faz questão de preservar cuidadosamente as antigas tradições: o “café das dez” que, diariamente, é uma oportunidade para o encontro noturno de todos os moradores; o “golo de sábado”, regado à “boa” cachaça e o famoso “batidão”; o “caxetão” – jogo de baralho semelhante ao pif; a infalível batucada no fundo do quintal; o uso daquele velho terno de “engolir corda” em noites especiais; a pintura das paredes do quintal, que se transforma em um imenso painel de arte a cada “Festa do 12” etc.
Se alguma coisa ficou pra trás, não foi por descuido das gerações mais recentes. Os ouropretanos é que mudaram seus hábitos – deixaram de criar animais para o consumo próprio, embora não exclusivo. As históricas aquisições ilícitas de algumas penosas ficaram na lembrança. Às vezes, variava-se o cardápio com leitões e até cabritos.
Dialogar com um morador da Tabu, quase requer o uso de dicionário próprio. “Vezes 0,4”, “cambus”, “TP”, “nocivação”, “bonde”, “barranco”, “disatolo” e “incronhá” são alguns verbetes e expressões do rico vocabulário tabuano.
Sempre irreverente, a República TABU, fundou em março de 1994 o Bloco da Lama, com colaboração da República Hospício. Um sucesso que foi extinto após o carnaval de 1998, devido à incompatibilidade entre o crescimento do número de foliões e seu traje típico – corpo totalmente coberto pela lama. Pelos cálculos de seus organizadores, participaram aproximadamente 700 foliões em sua última apresentação, o que gerou alguns transtornos, acarretando a interrupção de seus desfiles. Sua vida curta foi intensa o bastante para que o bloco ganhasse destaque na grande imprensa nacional.
Só para se ter uma idéia do tamanho da irreverência tabuana, basta dizer que mesmo se a festa for “de gratis”, a galera faz questão de pular o muro.
Mas nem tudo é festa. Em meio a toda badalação, a vida acadêmica de um tabuano, salvo raras e “honrosas” exceções, é exemplar e o resultado disso pode ser facilmente conferido: não são poucos os ex-alunos que ocupam posição de destaque no exercício de suas profissões. E as gerações mais recentes têm se sobressaído pela intensa participação no cenário das organizações estudantis da Universidade.
Desde sua fundação, a República TABU vêm acolhendo diversas gerações de estudantes da Escola de Minas e atualmente da UFOP, com o espírito de luta, união e amizade, o que faz da TABU algo muito maior do que uma simples República.


TANTO FAZ


Tudo começou em 1986, com a dificuldade enfrentada pelos estudantes da UFOP de não ter onde morar. Dificuldade gerada por diversos motivos: as repúblicas existentes eram (e continuam sendo) masculinas, a maioria, e exclusivas para os alunos da Escola de Minas; quanto ao aluguel de casas, além de difícil e caro, elas se encontravam em más condições e afastadas do centro. O país passava por uma recessão econômica.
Para solucionar este problema o DCE criou uma “Comissão de Moradia”, que negociaria algumas casas com a universidade. A comissão pediu a ela que “hospedasse” alguns estudantes na então “Casa de Hóspedes”, vazia a tempos, localizada próxima à reitoria. Porém, o pedido foi negado. A única coisa que se conseguiu foi que a UFOP alugasse uma casa no Alto das Cabeças, o que era insuficiente para o número de pessoas que precisavam de um lugar para morar.
Diante disso, a comissão de moradia decidiu que caso a reitoria não cedesse a casa, ela seria invadida na próxima reunião marcada para o dia 23 de março de 1987. Neste dia concentrou-se no pátio da reitoria um grande número de estudantes à espera de uma resposta. Sendo esta negativa, eles invadiram a casa, aberta com um pontapé dado pelo estudante de História, Zé Eduardo. A “Casa de Hóspedes” se transformava na “Casa Invadida”.
A ocupação foi feita de forma organizada, séria e com muita união dos estudantes. Foram formadas várias comissões, como de Invasão (que permanecia o tempo todo na casa) e a de Apoio (que trazia comida, material de limpeza, etc). À noite fazia-se rodízio de turmas para vigiar a casa, estavam preparados para a possibilidade de uma ação policial, com o telefone de todas as repúblicas. Caso chegasse, todos os estudantes se concentrariam aqui e se fosse preciso prender uma pessoa, deveria prender todos os alunos da UFOP – o que era impossível por falta de espaço na cadeia.
Foi um momento de muita emoção, entusiasmo, tensão, agitação, angústia, medo, vontade. Mas o espírito aventureiro falou mais alto. A intenção era “ir até o fim, fosse ele qual fosse”. O importante era lutar para realmente conseguir a nova república. E permaneceu-se assim até o dia que a reitoria retirou os móveis que restavam na casa e entregou a chave, dando a vitória aos estudantes.
Surgiu, então, um novo problema (simples se comparado com o primeiro): como distribuir as vagas da nova república? Havia muita gente precisando de moradia e batalhando pela casa, o que fazer? A maneira mais democrática e imparcial era fazer um sorteio com todas aquelas pessoas – de ambos os sexos e de qualquer curso. E assim foi feito. Foram sorteados 16 nomes, por força do destino, todas mulheres: Andréa (Farmácia), Aurora (Farmácia), Cristina Musseli (Engenharia Civil), Eliana Saralha (Nutrição), Irene Ávila (Nutrição), Izabel (História), Lícia Gonçalves (Letras), Maria Conceição – Sãozinha (Farmácia), Rita Vieira (História), Silene Monari (Farmácia), Sônia Bomtempo (Nutrição), Valéria Silva (História), Vera (Nutrição), Walquíria (Nutrição) e Wanderléia (Nutrição).
Por fim, a “Casa Invadida” precisava de um nome. Suas novas moradoras tinham uma lista enorme de opções. Que foram sendo eliminandos até que restassem apenas dois nomes: “Batalha Viva” e “De Repente”. Mas o nome escolhido foi um terceiro TANTO FAZ, pois “Tanto Faz um, ou outro nome, Tanto Faz uma república ter ou não um nome, Tanto Faz morarem só mulheres ou ser mista, afinal, Tanto Faz”. O mais importante era ter onde morar, onde construir uma república, um lar para estudantes.
Hoje a Tanto Faz continua a sua história no seu cotidiano de batalhas, vitórias e persistência a exemplo de sua conquista. Conquista de estudantes para estudantes que foi e é parte da luta pelo direito de ter um ensino público, gratuito e de qualidade. Nesta luta não existe “tanto faz”.

TAQUEUPA


A origem do nome “TAQUEUPA” é assim contada pêlos antigos moradores e os que nela habitaram; Quando se chegava das noitadas na Mariana e Ouro Preto, os estudantes um tanto embriagados as portas trancadas, chutavam as mesmas e gritavam “puta que pariu” de raiva para aumentar esse “palavrão” fazendo uma brincadeira os outros moradores da casa resolveram batizar o nome da republica de “TAQUEUPA”, uma síntese do nome anterior, e que lembra a todos um nome indígena, posteriormente a casa ficaria conhecida pelo nome de “Patinhas” até na cidade, sempre manteve á distancia todas as republica estudantis, mas os costumes como as pessoas vão mudando, os moradores se mudam e outros vem, as leis internas da casa vão também se transformando e adaptando as pessoas que moram no lugar. Hoje além de abrigar em seu interior estudantes de letras e história, a republica integra estudantes de outras cursos ministrados em Ouro Preto como: (Artes Cênicas, Filosofia.), pessoas que não se adaptaram as condições de moradia de Ouro Preto. A maioria dos moradores vem de renda baixa, e grande parte dos que passaram pela casa conseguiram se formar, seja pela ajuda da universidade seja pôr recurso próprios.


TERRITÓRIO XAVANTE (TX)


A história da República TX não se faz diferente das demais ao que diz respeito à sua criação e estruturação. Foi no dia 21 de Setembro de l961 que à Rua da Escadinha n° 31, sete estudantes vindos em sua grande parte do estado do Mato Grosso, de uma região pantaneira próxima de uma tribo de índios Xavantes se uniram para o surgimento da República. Logo em seguida, precisamente em 1964, a República Território Xavante se transfere para a Rua das Lages, hoje Conselheiro Quintiliano, n° 294, onde permanece até os dias de hoje cada vez mais amadurecendo a sua história. De fato, a história se sustentou com o passar dos anos, e o que “Carabina”, vulgo Sebastião Dias do Carmo, “Duvidoso”, Aldo Wany Ribeiro Grossi, “Tororó”, Elmer Prata Salomão, “Tiú”, Idair Alves Brandão, “Hipotenusa”, Agildo Alves Peixoto, “4-Rodas”, Frederico Pereira Laier e “Pombo”, Jorge Salomão Filho fizeram para solidar a existência da casa persiste ainda entre os atuais moradores fortificando a identidade dos republicanos.
A união já era consagrada e em 1967, com a ajuda do xavante “Pombo”, a República passa a pertencer à matriarca Escola de Minas e se integra de uma vez por todas ao contexto de Ouro Preto.
Com o passar dos anos, os primeiros xavantes começaram a compor a galeria de fotos dos ex-alunos e outros começaram a se juntar aos “texanos”, outra definição para o morador da casa, extendendo ainda mais os relacionamentos de amizade e fraternidade. A relação familiar cotidiana ainda é marcada pela presença das “comadres”, que durante todo o tempo de existência da república, orgulhosamente só houveram duas, interpretaram muito bem seus papéis de “zeladora” da República e incansavelmente o de “mãe”. Dona Maria esteve presente por vários anos e somente deixou a casa após a sua aposentadoria e a Dona Tereza que ainda permanece com muita dedicação por mais de quinze anos.
O cuidado pela casa sempre foi prioritário e em 1975 iniciou-se uma grande reforma que levou os moradores a deixar a República durante este período, levando-os a se dividirem entre as repúblicas vizinhas Sparta, FG e Marragolo. A volta foi festejada com muita cerveja e churrasco.
Em l986 toda a família xavante se reuniu para as comemorações pelas bodas de prata da República, dando forças à uma grande confraternização que trouxe ex-alunos, seus familiares e amigos da casa para “bebemorarem” e se integrarem ainda mais àquela história que já se fazia duradoura. As festividades foram animadas com muita cerveja, churrasco, futebol e muitos encontros que propiciaram longas e divertidas conversas.
Assim se comprova o resultado mais valioso que só é percebido por aqueles que moraram em uma república, souberam dividir espaço na sala cheia para um bate-papo enquanto assistiam TV até tardes horas da noite e ou saiam com os colegas da república para as “noitadas” de Ouro Preto. Estes, levam todas essas experiências e histórias para onde quer que vão, aumentando a saudade e a vontade de voltar e se sentir em casa.


TIGRADA


Localizada no Centro de Convergência do Campus Universitário, onde se encontra o alojamento, a TIGRADA se apresenta como uma república consolidada e integrante da história e das histórias de Ouro Preto.
Seu início teve marco no ano de 1977, quando os estudantes invadiram o prédio do Centro de Convergência, inicialmente destinado a moradia de professores e estudantes de pós-graduação. Pode-se citar nesta invasão, entre outros, os Tigres Miguel, Kaxú, Kakão e Geba. Por não estar de acordo com a vontade do reitor da época, muitos foram os problemas enfrentados no início, como a falta de água, de energia elétrica, e uma certa resistência por parte da reitoria, que não aprovava a sua permanência no prédio.
Só mesmo necessidade e garra para lutar contra a reitoria e continuar morando no Centro de Convergência. Desde o início tiveram que buscar meios custosos para se manter. Para suprir a falta de energia elétrica, ligações clandestinas foram efetuadas e o abastecimento de água era feito mensalmente através de caminhões-pipa.
Conquistado em definitivo o espaço, os primeiros moradores do alojamento começaram a se organizar de forma curiosa. Havia um pessoal que adorava uma cachoeira, acampamentos e “viagens psicodélicas”- eram os Barões. Havia aqueles mais ligados ao evangelho, mais conhecidos como Crentes. Mas foram o futebol, a cachaça e o CAEM os ingredientes que colaboraram para a união dos personagens principais desta história - os TIGRES. Com o mesmo espírito de aventura, de farra, sagacidade e amizade, se uniram para dar início a mais uma república estudantil de Ouro Preto.
Ocupando inicialmente a ala 7 e outros quartos espalhados pelas demais alas do alojamento, aos poucos os Tigres foram conquistando novos espaços até se concentrarem também nas alas 5 e 6. Com o tempo percebeu-se a necessidade de se ter um espaço comum para diversos eventos como reuniões, festas, etc e o aproveitamento deste espaço para abrigar a galeria dos ex-alunos. então foi criado na ala 6 um quarto de TV, som, fone, etc... é o ponto de encontro dos Tigres, onde acontecem as festas, o carteado e conta-se as velhas histórias.
Apesar de diferir de qualquer outra república no que diz respeito ao espaço físico, a TIGRADA assume a sua posição de república, possuindo critérios próprios de escolha e de convivência entre seus moradores.
A TIGRADA está presente nas diversas atividades de integração entre as repúblicas, com participações expressivas em eventos como o miss bixo, o campeonato de futsal entre repúblicas, a rústica dos bixos, além da participação de seus membros nos diversos segmentos estudantis da UFOP. Quanto às festividades, se destacam as tradicionais festas como a Festa do 12, o aniversário da república, o carnaval e as festas casuais onde se comemora o simples fato do céu ser azul, a água molhada...
Não se pode esquecer, contudo, a importância do ex-aluno, pois a história de uma república é a história e as estórias de ex-alunos. Na galeria dos memoráveis acontecimentos que fazem parte dessa história estão aqueles que caracterizam a república nas gerações e gerações de pessoas que por ela passaram. Cita-se, por exemplo, a Rádio Apocalipse (+ ou - 98,4 MHz) que foi ao ar a partir de 1979 com 1 milhão de microwatts de potência, que funcionou por vários anos, com 150 % de audiência, como diziam seus locutores. Quanto ao futebol, antes da construção das quadras e do ginásio poliesportivo, as “peladas” aconteciam no “Manilhão”, famoso estádio de futebol do campus, com seu gramado vermelho (bauxita). As descidas ao CAEM também fazem parte dessa história. Certa vez, no fim da década de 80, ao ir para o CAEM, os Tigres se depararam com um ônibus com a chave na ignição. O Tigre Bodão ligou o ônibus e levou a galera para o CAEM. Em tempos mais recentes, foi usado um veículo feito de eucalipto, movido a cachaça e a bixo, o chamado Matomóvel. Em um galho de eucalipto, se alojaram os Tigres, que foram puxados pelos bixos ladeira abaixo e acima até o CAEM.
Uma marca registrada da Tigrada, é o conhecido “RoleBed”, um esporte radical tradicionalmente praticado pelos Tigres em todas as festas, formaturas, encontros de ex-alunos, e é claro, nas noites de CAEM, de onde quem volta com hematomas é aceito como membro do Clube da Armadura.
Portanto, a TIGRADA é isso tudo e muito mais, pois para cada um de nós moradores, existe um significado maior. É a inicial luta e as novas conquistas, é a garra que possuímos para não deixar que essa tradição morra, é estar sempre animado para os novos acontecimentos, pois a história não termina por aqui.
É morando em república que aprendemos coisas a respeito de convivência e amizade que nunca sonhamos em aprender. As regras de convivência nas repúblicas, tarefas, trotes bem fundamentados que retornam para o engrandecimento, têm seu valor e torna o estudante mais apto para o convívio social.


TOKA


No ano de 1972 algumas jovens estudantes de Farmácia (Beatriz, Beatriz Soares, Magda, Marisa, Ana Rita, Maria Aparecida e Eli) decidem montar uma república, alugando uma casa com recursos próprios. Surgia, então, aquela que tinha o apelido de “Maraquinha”, por ser vizinha à República Maracangalha. Dois anos depois, muda-se para a rua vereador José Leandro, número 44, onde permaneceu até dezembro de 1997. E foi nessa casa que a república adotou o nome de “Toka”, pela difícil visualização da entrada, que ficava nessa mesma rua e as janelas dos quartos estavam voltadas para a rua Paraná. Peculiaridades de Ouro Preto...
A princípio, repúblicas femininas não adotavam o uso da “plaquinha” com o nome, pois denegria a imagem de suas moradoras. Quando a primeira federal adotou esse método, a Toka também colocou, porém, logo em seguida teve que se tirar, pois a casa ficava próxima a um bordel e, na saída de seus usuários havia uma perturbação da parte deles, pois não sabiam de que se tratava de uma república de estudantes.
A partir de dezembro de 1997, a republica passou a ocupar uma bela casa na Rua Xavier da Veiga, número 245, próxima à Biblioteca Municipal e ao bar Biz & Biu, mais conhecido como “seu” Luís pelas moradoras, e o mais freqüentado pelos universitários. A casa mudou, mas os amigos continuaram, animando as tardes com muito bate-papo e café, e fazendo as janelas se abrirem na madrugada para as serenatas.
Nas paredes da sala, dezenas de fotografias de ex-moradoras em seus trajes de formatura (beca) – os famosos “quadrinhos” - dão um testemunho silencioso, porém eloqüente. São quase trinta anos de existência. Êxito incomum entre repúblicas particulares. A explicação parece estar nas tradições, que vêm sendo mantidas por gerações seguidas de moradoras. A hierarquização por tempo de moradia, o processo de escolha das novas moradoras, as festas tradicionais (aniversário da república, Doze de Outubro, “Miss Bixo” etc). E o mais importante, talvez, seja a existência de um patrimônio físico, que faz a república sobreviver à saída e/ou formatura das moradoras. Toda a mobília essencial ao funcionamento e habitabilidade da casa são de propriedade da república, como nas repúblicas federais. As Tokanas aprenderam a zelar pelo patrimônio de que estão usufruindo, e a ter orgulho de entrega-lo em igual, ou melhor, condição para as mais novas. Esse patrimônio é em sua maior parte formado e renovado com recursos obtidos da hospedagem de visitantes durante as festas de Carnaval, 21 de Abril, Festival de Inverno, Doze de Outubro, e também das doações de ex-moradoras.
Todas essas normas, no entanto, são informais, como uma espécie de acordo tácito, cumprido não como lei, mas como melhor caminho, ou voz da experiência. Sobra, portanto muito espaço para o companheirismo e a cumplicidade que se estabelecem entre as Tokanas de uma mesma época, e também entre as diversas gerações de ex-moradoras. Muitas histórias para contar, amizades para a vida toda, as dificuldades de estar longe de casa, a alegria de “se virar” sozinhas, a convivência com os demais, os trotes, as festas, enfim, um conjunto de memórias indeléveis, que de certa forma tornam-se também um patrimônio da Toka, e que fazem os encontros de ex-moradoras tão esperados e emocionantes.
A nossa República Toka é algo mais do que uma casa que abriga pretende mais e mais orgulhoso de si.estudantes. Ser Tokana é ingressar numa família, num universo rico e único, é orgulhar-se de participar desse espírito coletivo, que acrescenta ao presente as tradições e histórias do passado e a projeção ideal de um futuro que se pretende mais e mais orgulhoso de si.


UNIDOS POR ACASO (UPA)


Em 1982, após diversas manifestações foram criadas novas repúblicas, estas, agora, situadas no Campus Universitário. Para a ocupação delas foi realizado um sorteio entre os estudantes interessados. Alguns moradores, da então recém criada Xeque-Mate, optaram pela moradia no Campus. Entretanto, estes não ocupariam todas as vagas de uma das casas, o que permitiu a vinda, também, de quatro moradores da República Revertério, sendo todos do curso de Farmácia. Ocorreu, desta forma, o encontro de dois grupos bem diferentes quanto aos seus estilos de vida, o que, de certa forma, explica o nome “Unidos Por Acaso – UPA”.
Surgiu, desde então, um verdadeiro “Espírito de República” na UPA, que se consolidou, ainda mais, com a vinda, alguns anos depois, de D. Tereza. Ela, com certeza, é uma pessoa muito importante para todos que por aqui passaram, uma espécie de segunda mãe.
A ausência da família e dos velhos amigos faz com que a união entre os membros da casa aumente, criando fortes laços de amizade, companheirismo e cumplicidade. Morar na republica trata-se de uma nova fase de nossas vidas em que convivemos com pessoas vindas de várias regiões, com distintas culturas, costumes, personalidades e experiências de vida. Com isso, amadurecemos, ou seja, aprendemos a viver em grupo, a respeitar uns aos outros, a emitir e a ouvir opiniões.
A Republica Unidos por Acaso apresenta um considerável ciclo de amizades de modo que a permite participar das mais diversas festas e “rock n’ rolls” da cidade. A UPA também promove suas festas de confraternização com os amigos, como as tradicionais “Festa Baranga”; “Festa da Janela”; além dos tão esperados “Carnavais” e “Doze de Outubro”; o seu aniversário comemorado dia 21 de abril e outras eventuais festas como formaturas e aniversários de formatura, nos quais ocorre o reencontro de todos os “Unidos” e homenagens aos ex. alunos.
Outro ponto que não poderíamos deixar de tocar são os estudos, aliás o motivo principal de estarmos aqui. Conciliar estudos e diversão não é tarefa fácil, principalmente quando são colocados frente a frente ao espírito festivo dos jovens, a liberdade de que dispõem e as suas responsabilidades acadêmicas.
É importante ressaltar o aspecto financeiro do estudante de Ouro Preto, pois mesmo que se viva em moradias públicas e o custo de vida, para nossa realidade, seja razoavelmente baixo, as dificuldades são inúmeras e as soluções são buscadas pelo grupo como um todo.
Cada parte de nossa casa faz com tenhamos grandes recordações dos que por aqui passaram. É como se os lugares representassem as pessoas. O “CHE” pintado em nossa sala, por exemplo, é um símbolo de união e luta, com o qual nos identificamos.
Esperamos que tudo de bom que nos aconteceu seja para sempre lembrado e que as coisas ruins sejam encaradas como mais um obstáculo superado.


VATICANO


Depois da formatura de Geraldo Parreiras e Targino Pereira da Costa, em 1932, e logo depois, a de Fernando Porto e Henrique Mayall, a Republica Ocajaras já não podia continuar, pois o aluguel nas Lages era caríssimo e os irmãos Augusto e Eduardo Mayall optaram em alugar uma casa no Caminho Novo, para onde levaram todos os pertences da antiga Republica. Para quem não conhece o “Caminho Novo” era a “Zona” boêmia de Ouro Preto. Mesmo com todas as maledicências, os irmãos Mayall não temiam pois acreditavam que sua casa seria como uma rosa desabrochando entre os espinhos.

“Como se prenhes de sabedoria existencial, que a vida costuma submeter os homens a determinadas situações a fim de medir os vícios e as virtudes que se digladiavam internamente pela pose da sua alma.”

Sabendo da existência de uma Republica onde as despesas seriam menores, devido ao aluguel mais barato, os amigos Eudes Prado Lopes – mineiro de Belo Horizonte – Vitor Dequech – paranaense -, e Murilo de Andrade Abreu – mineiro de Juiz de Fora se juntaram aos Mayall, mas não demorou muito para os seis estudantes da EMOP, perceberem que o que chamavam de “decantadas virtudes” estavam se tornando viciadas e resolveram mudar para um endereço mais perto da Escola de Minas.
Foi então na Rua: Nova (também conhecida como Henri Gorcex) número 7, que no frio de Abril (em Ouro Preto) de 1935, estes estudantes se estabeleceram na nova casa em plena Semana Santa. Precisavam agora de um nome para a Republica. As opiniões se dividiram entre Vaticano e Kremlin. Depois de vários dias de discussão, chegaram a um consenso o nome – o nome seria Republica Vaticano.
O próprio Papa eleito, Murilho Abreu justificou a decisão dizendo que o espirito piedoso dos republicanos havia prevalecido sobre o materialismo.
Como já era de costume usar um emblema na porta, os republicanos não demoraram muito para criar um. Houve o palpite de todos, mais a idéia que lhes pareciam mais aceitável foi a do Vitor Dequech, que se inspirou nos versos de A velhice do Padre Eterno, de Guerra Junqueiro, muito em voga e polemico na época.
Apesar de ser um “pouco” arrojado, pintaram sobre uma antiga caixa de descarga de privada, de ferro fundido varias alegorias inspiradas nas ilustrações do livro de Junqueiro, onde e mostrado no centro, o Padre Eterno ou Papão, sustentando um globo e apontando para os céus com o dedo do destino.
“As crianças têm medo à noite, às horas mortas,
Do papão que as espera, hediondo, atrás das portas,
Para as levar no bolso ou no capuz dum frade.
Não te rias da infância, ó velha humanidade,
Que tu também tens medo ao bárbaro papão,
Que ruge pela boca enorme trovão,
Que abençoa os punhais sangrentos dos tiranos,
Um papão que não faz a barba há seis mil anos,
E que mora, segundo os bonzos têm escrito,
Lá em cima, detrás da porta do infinito!”
A direita da placa mostra, o Cristo, o “acrobata farnésio, subindo aos céus no bambu de um trapézio”, e soltando bulas.
“Um Deus que sobe ao Céu, acrobata Farnésio,
Em aeróstato, e vai no bambu dum trapézio
A fazer o sinal da cruz e a prancha com limpeza
Idêntica, arrojando à multidão surpresa
Bênçãos angelicais, variadas e embrulhadas
Em prospectos, e enfim descendo às gargalhadas,
Para ir repartir em qualquer sacristia
Os lucros da função por toda a companhia!
A esquerda faz uma representação do “Apagador de lata de uma igreja, que tem a pretensão de apagar o sol quando flameja.
Esta composição de imagens, retratava um olhar inverso de toda uma concepção que a igreja Católica pregava na época, acarretando assim uma perplexibilidade e indignação de toda comunidade religiosa ouropretana. Assim que a placa foi colocada na porta da república começaram os problema. As beatas pressionaram o delegado José da Costa Carvalho, bacharel de Direito, para acabar com aquela imoralidade. O delegado foi até a república e pediu aos estudantes que retirassem a placa, senão iria fazer valer sua autoridade.
Murilo fez ouvidos de mercador:
“- Arte é arte, em toda parte As biografias dos grandes artistas estão cheias de incompreenssões. O seu pedido, delegado, contraria a Constituição deste País, o direito inalienável de qualquer entidade exibir seu símbolo.”
Obviamente José de Carvalho não considerou sensatas as palavras do papa então quis ouvir as palavras do idealizador da placa.
“- Bem, - disse o Vitor – um artista não modifica o seu trabalho só porque foi mal interpretado. Isto contraria os meus princípios.”
O delegado não se prestou ao ridículo e retirou-se. Mais tarde, na delegacia, redigiu a intimação. Diante disso os estudantes decidiram colocar sobre a placa uma faixa com a palavra CENSURADO. O delegado ficou satisfeito, e as beatas, confortadas. Depois, devido ao processo de intemperismo, a faixa foi destruída, deixando a placa em trajes menores. Recrudesceram as reclamações. Acabou sendo retirada, definitivamente, da rua e colocada dentro de casa.
Infelizmente, depois de duas mudanças de casa a primeira placa da república se perdeu no tempo.
Depois foi criado um novo símbolo para a República Vaticano. Como o anterior este, também fazia uma forte critica a Igreja, usando o brasão da Escola de Minas como pano de fundo, foi desenhado um abutre pousado em cima de um penico, com duas foces as suas costas. Apesar da sátira, não houve censura a esta nova placa, e esta até agora na porta de nossa república.
Hoje a República Vaticano tem 65 anos de funcionamento ININTERRUPTO e o que e mais importante sem “variações” em seu nome original. Além de possuir um acervo de copias das “dolorosas” de agosto de 1950 a dezembro de 1981, relatando os acontecimentos mais importante de cada mês, a República possui o Livro Isto Dantes Em Ouro Preto, onde o ex-aluno David Dequech reúne varias crônica em torno dos “causo” mais interessantes, tanto da república como da Escola de Minas e demais estudantes de Ouro Preto.
A República Vaticano esta situada na Rua das Mercês, Numero 198, na conhecida Vila dos Tigres.


VERDES MARES


1943 – É fundada a República Verdes Mares no dia 15 de maio por um grupo de estudantes cearenses:
- José Amaury de Aragão Araújo
- José Lins de Albuquerque
- José Penha Cisne
- José Lourenço Mont`Alverne
- Raimundo Lins de Albuquerque
- Francisco das Chagas Pinto Coelho

A República Verdes Mares teve como primeiro endereço a Praça Antônio Dias.
O nome da República foi inspirado em torno das praias de Fortaleza recebendo o nome de Verdes Mares.

1944 – A república foi transferida para a Praça Tiradentes, 19

1947 – A república voltou a mudar de endereço, passando a instalar-se na Rua Xavier da Veiga, 8

1950 – Novamente a república voltou a mudar de endereço, e agora por mais duas vezes: Rua Antônio Dias e depois Rua do Ouvidor, 18.

1952 – A patir desse ano a Casa do Estudante de Ouro Preto constrói na Praça Juvenal Santos, 34 (Pilar) a casa em que está instalada até hoje.

1957 – Formaram-se nesse ano os estudantes: Helder Parente Prudente, João Geraldo P. Evangelista e Manoel Moacélio de A. Mendes, que juntamente com outros quatro alunos da EMOP foram chamados de “Os Sete Samurais”, quando foram fazer especialização no Japão para finalmente voltar ao Brasil e comandar grandes empresas do setor industrial.

1992 – A Verdes Mares passou por uma grande reforma com a construção de mais um banheiro, churrasqueira, armário de cozinha e sofá (ambos de alvenaria) e também uma boite.

1993 – Neste ano foi comemorado cinquenta anos da República Verdes Mares, contando com a partiçipação dos fundadores da mesma e outros ex-moradores.

1997 – Os Fundadores José Amaury de A. Araújo e José Lins de Albuquerque foram homenageados pela República Verdes Mares pelos 50 anos de formados na EMOP.

1999 – Houve outra expansão da República: foi construída uma quadra de vôlei.

A Verdes Mares é uma república que preservou a tradição de somente abrigar estudantes do curso de engenharia e possui atualmente sessenta e três ex-alunos.
A casa possui sete quartos individuais, um quarto exclusivo para a bixarada (calouros), dois banheiros, cozinha, sala de estar, boite, quadra de volei, um amplo quintal com churrasqueira e garagem.
No dia 15 de março de 2000 houve uma farra em nossa república. Nós da Verdes Mares, saimos pintados como se fossemos uma tribo e logo invadimos outras duas repúblicas vizinhas (Casanova e Pronto Socorro). Essa bagunça se estendeu por toda Praia do Circo. Em cada república que entravamos saimos pintando todos. A farra teve direito até a polícia que foi chamada pelos vizinhos encomodados com os gritos. Mas isso não desanimou a galera que logo partiu para quatro repúblicas femininas localizadas no “Brejão”.
O feito se concretizou sem que se tivesse sido consumido uma gelosa se quer. Foi uma brincadeira muito animada e interessante que gostariamos de destacar pois gerou um pouco de polémica na universidade nos dias seguintes.


VIRA SAIA


No começo dos anos ‘80 o Brasil passava por profundas transformações políticas, sociais e econômicas. Neste panorama inicia-se uma nova campanha de renovação do sistema de moradia na Universidade Federal de Ouro Preto, a construção do conglomerado de repúblicas do campus universitário. Como personagens ativos deste contexto geral; duas repúblicas com necessidades e objetivos comuns, unem-se no início de um grande projeto. As repúblicas Seminário e Vira Saia, oriundas do bairro Santa Efigênia, localizadas no beco do Vira Saia; vêm para formar a primeira geração dos Canalhas que eternamente habitarão a casa 4D do Campus Universitário do Morro do Cruzeiro.
No alvorecer da história virassaiana, muitas dificuldades tiveram que ser
superadas, o entrosamento dos moradores de ambas repúblicas, a estruturação do espaço físico da casa e a mais séria e difícil tarefa do sistema de moradia de república: a formação de um grupo de moradores com o conseqüente processo de escolha. Em meados dos anos ‘80, com um grupo já caracterizado e passadas as primeiras dificuldades, a Vira Saia vive sobre um regime de normas consensuais, democráticas e não hierárquicas; Fundamentos básicos passados a todos os que venham a serem moradores.
Acompanhando o crescimento da universidade, a república Vira Saia, já no começo dos anos ‘90, contava com um número superior a 30 ex-alunos e um crescente novo número de moradores que passaram a ocupar a maioria dos quartos da casa. Neste aglomerado de canalhas, estão cada vez mais presentes profundos sentimentos de amizade e comunhão que irão projetar o espírito de família dos canalhas da Vira Saia, chamado carinhosamente de “Espírito Virassaiano”.
As festas do doze de outubro e formaturas se tornam reencontro obrigatório dos Canalhas, principalmente o doze de outubro, quando é comemorado o aniversário da república, cuja data de fundação é 03/07/1982. Estas festas que começaram com algumas cervejas e churrasco, hoje requerem mobilização e organização dos moradores durante o ano inteiro, tornando-se portanto eventos de grande pompa e orgulho para a Vira Saía, onde se reúnem moradores, ex-alunos e suas famílias, amigos e a comunidade estudantil.
Atualmente a casa tem uma visão que privilegia a reestruturação do espaço físico da república, a construção de uma área para festas na área murada, o aproveitamento da antiga área de churrasco, melhorias no conforto da sala de televisão; ou seja, as preocupações dos primeiros canalhas estão solucionadas, restando às próximas gerações a constante melhoria da estrutura da casa além de manter vivo o espírito virassaiano.
Com a chegada do novo milênio a Vira Saia está cada vez mais firme nas metas traçadas desde o começo dos anos ‘80; o cotidiano saudável dos moradores, a integração social no meio estudantil, a proximidade da comunidade vizinha e seus problemas, a manutenção de uma estrutura completa para receber os novos estudantes e como sempre o compromisso com a alegria de morar nesta casa. Todos imbuídos da
mesma certeza que um dia moveu um cidadão que trabalhava nas casas de fundição cujo nome era, Antônio Francisco Alves, o Vira Saia. Conhecido como o Robin Hood de Vila Rica, Vira Saia sempre avisava aos habitantes de Vila Rica o destino do próximo carregamento de ouro pronto para sair; virando um santo que ficava na sua janela na direção a ser tomada pela diligência. Durante muitos anos ele e seu bando retomaram o ouro que se destinaria à Coroa Portuguesa, dividindo entre a população pobre de Vila Rica, acreditando que assim o mundo de seus irmãos que ao seu lado moravam seria melhor. Descoberto foi preso, torturado e esquartejado, porém hoje ele renasce no pensamento dos virassaianos, na certeza de que a formação de verdadeiros seres humanos é a melhor alternativa para tornar esse mundo cada vez melhor...


VIRADA PRA LUA


O ano de 1991 foi decisivo para a moradia feminina na UFOP. O ingresso na Universidade Federal de Ouro Preto foi durante muito tempo privilégio quase que exclusivo dos homens; com o tempo este quadro foi mudando, fato este ignorado pelas autoridades universitárias, e no primeiro semestre de 1991 sobravam vagas nas repúblicas masculinas e faltavam vagas e repúblicas femininas.
Num encontro entre um militante universitário, o Lula, e três estudantes, Karla, Alessandra e Anne, durante a invasão do IAC, surgiu a idéia de se criar uma Comissão de Moradia Feminina. Tal Comissão espalhou faixas pela universidade convocando as universitárias “sem teto” a se organizarem para negociar com o reitor a liberação de uma das casas da UFOP, que se encontravam ociosas.
No dia 19 de abril de 1991, um grupo de 9 universitárias mudaram para a nova casa que haviam conseguido junto à universidade. Eram 6 calouras e 2 veteranas.
Haviam conseguido a casa e agora faltava o nome, o fogão, a geladeira, a TV, etc. Então, fizeram uma festa no antigo Shangrillá para arrecadar fundos e quem sugerisse o melhor nome para a nova república ganharia um jantar num restaurante da cidade.
O nome vencedor foi Atrás da Lua; mas, pensando bem, passamos no vestibular, numa universidade federal, em Ouro Preto e ganhamos uma casa liiiinda para morar...nós somos mesmo é VIRADAS PRA LUA.
A Sheila fez um quadro de avisos e pregou uma lua, a Anne encontrou uma foto no jornal de uma apresentadora numa posição “bem virada” e pregou bem embaixo da lua; o que mais tarde veio originar a nossa placa de madeira, presente de um amigo da república.
A Ray, nossa cumadre, chegou cantando Roberto Carlos e aos poucos foi aprendendo Barão, Legião, Rolling Stones, Led Zepellin, etc, e hoje canta todos os embalos da Virada.
A primeira a se formar foi a Dri (Adriana de Oliveira Andrade). A expectativa da festa e a tristeza da separação após 4 anos tomou conta da Virada o semestre inteiro; o dias foi regado de lágrimas e de um vazio indescritível que aos poucos foi dando lugar a uma sensação de dever cumprido; formamos a primeira Virada, e a Dri foi imortalizada na parede das Doutoras ex- alunas. Hoje, são 10 as ex-alunas Viradas pra Lua.
Com o tempo foram surgindo os grandes amigos, aqueles cuja amizade e afinidade foram tão grandes que fazem parte da família Virada. Então, surgiu a parede dos amigos, dedicada àqueles cuja amizade e carinho pela Virada foram exteriozados.
Os campeonatos de futebol entre repúblicas são uma das paixões da Virada. São vários os torneios anuais e a empolgação é sempre maior que a experiência e a técnica. Mas o que vale é a festa! Mais que competir, jogamos pela lama...
Todo ano os pais de todas as Viradas vêm à Ouro Preto, quando realizamos uma festa de confraternização entre as Viradas e suas famílias. Pais e irmãos têm a oportunidade de se conhecer e compartilhar da nova família que adotou suas filhas – a Virada pra Lua.
Da necessidade de se arrecadar fundos para a melhoria da república, surgiu a idéia de se fazer uma festa. Assim, em 1996, realizamos a primeira Festa no Céu, cujo nome surgiu da história infantil do sapo que queria ir à Festa no Céu, mas como não podia voar, pegou carona no violão do urubu. O sucesso da festa fez com que nos anos seguintes ela se repetisse e hoje é tradicionalmente realizada no primeiro semestre de cada ano.
A amizade e as histórias das viradas, são festejadas a cada ano no aniversário da república e na festa de final de ano, quando as ex-alunas retornam com suas famílias e o espírito da Virada é renovado e fortalecido.
A nossa história foi e é construída por fatos que passam de viradas para calouras e que aos poucos vão virando lendas diante dos ouvidos atentos e dos olhos brilhantes das nossas “irmãs”.
Aos nossos queridos amigos (muitos chegaram como turistas) agradecemos o respeito e o amor que sentem pela nossa casa e a certeza dessa dedicação ter sido recompensada pela liberdade, amizade, alegria e orgulho de ser um pouco Virada (o).
“Aqui somos quem queremos ser, por isso somos felizes.”
Pra Sempre...


XAMEGO


A República Xamego foi fundada em 07 de abril de 1977, suas fundadoras foram: Mariângela, Mary Moreno, Eliana, Cyntia, Rosângela e Heloísa. A primeira casa foi no Pilar, na Rua Clodomiro de Oliveira, número 74. As fundadoras já residiam em Ouro Preto quando resolveram fundar a Xamego. O nome foi escolhido após decorrido um certo tempo de convivência.
Na década de oitenta a Xamego era sinônimo de luta estudantil, as Xameguetes participaram ativamente dos debates sobre a desativação do REMOP, o passe livre para os estudantes e outros assuntos mais, que foram motivos para que um período inteiro fosse perdido, devido ao impasse nas negociações entre a reitoria e universitários.
Quanto ao movimento Diretas Já, enquanto Maluf e Tancredo travavam a disputa eleitoral, em plena Praça Tiradentes, as meninas da Xamego criaram a alegoria Diretas e Retas para o famoso Carnaval Ouropretano.
O rol de amigos da Xamego sempre foi extenso, além das amizades com diversas repúblicas, incluía-se nele também a amizade do fantasma Saturno que, além de brincalhão fornecia previsões sobre o futuro das moradoras, bem como o rato Godofredo que costumava passear pelo cano do chuveiro nas altas horas da madrugada, e o sapo Sebastião que insistia em assustá-las sempre que voltavam do CAEM.
Por ser um República particular, a Xamego enfrentou sérios problemas de moradia, já esteve em vários lugares. No dia 10 de março de 1984 a Xamego, com ajuda da caminhonete da UFOP, foi para uma segunda casa, no Largo Musicista J. A. Costa, número 2.
Dentre vários imprevistos as Xameguetes tiveram uma decepção, pois o guarda roupa de uma das moradoras não chegou a conhecer a sua nova morada, já que o corredor “espaçoso” que dava acesso à sala não comportava a entrada da tão ilustre figura.
Em 01/05/90, pela primeira vez a República se separou. Algumas Xameguetes foram morar no alojamento e as outras na República Cassino. Posteriormente a Xamego foi para a Rua Padre Antônio de Carvalho, número 84B, no Bairro Antônio Dias.
Hoje a Xamego se encontra na Água Limpa, na Rua Professor Antônio de Paula Ribas, número 69, e conta com as cinco ilustres moradoras: Paulinha, Mitchell, Silviá, Thaís e Li-dice.
“O tempo passou, muita coisa aconteceu e a Xamego ainda continua. Foram muitos e muitos anos de Ouro Preto. Aconteceram tantas coisas ao longo desse tempo, bons e maus momentos se alternaram, foram muitas as pessoas que passaram por aqui. Houveram aquelas que somente passaram, e aquelas que além de passar, ficaram e fizeram história. Cada um colaborando ao seu modo para um inevitável amadurecimento que certamente aconteceu ao longo dos anos. Xamego hoje, assim como Ouro Preto, é sinônimo de lição de vida, crescimento pessoal. De tudo que ficou, de tudo que aconteceu há muito que agradecer. Pelo carinho, pela compreensão, pelas duras, enfim, é tanta coisa! Houveram desilusões, mas se pode acreditar que há um amor maior, por trás de cada uma, que é capaz de nos impulsionar sempre para frente, sempre acreditando no potencial que existe em nós.” ( Dalila Cristina de Almeida, ex-aluna )

“ Várias etapas se passaram,
com quantas vidas convivemos
Nós crescemos
Missão cumprida.”
As Xameguetes.


XEQUE-MATE


A República Xeque-Mate foi fundada em março de 1981, porém, essa data só foi descoberta de fato em 1999, tendo sido utilizada a data de 19 de abril de 1982 (primeira informação documentada),por muito tempo,como a data de fundação e por conveniência esta ficou estabelecida como data comemorativa da fundação.
Os fundadores da República foram Renzo Vieira Lessa, conhecido como “Mequinho”, Carlos Ângelo Nunes, conhecido como “Jacaré” e Benedito Silvestre Coura Filho, conhecido como “Bené”.
A República inicialmente foi fundada com o nome “República Socialista Xeque-Mate”, cujo nome foi dado pelo fundador Renzo pelo fato de na ocasião ter sido campeão brasileiro e bi-campeão mineiro de xadrez.Com o decorrer do tempo a República passou a se chamar apenas “Xeque-mate”. Renzo, já como xequemateano, foi campeão do 1°torneio de xadrez “cidade do aleijadinho” e campeão brasileiro universitário por equipe em 1983.
A República foi fundada na rua Prof. Antônio de Paula Ribas n°161, bairro Água Limpa. Em 1982, alguns integrantes da Xeque–Mate participaram da fundação da República Unidos por Acaso (UPA), mas logo em seguida retornaram à Xeque-Mate.
Duas senhoras se destacaram na história da Xeque-Mate. Uma delas, D. Alice, proprietária da casa, resistiu às pressões familiares quanto a venda do imóvel lutando para que a República permanecesse lá enquanto ela fosse viva, sendo conhecida pelos moradores da época como seu “anjo da guarda”e D. Nadir, que era considerada como a “mãe” dos xequemateanos durante várias gerações.
A República Xeque-Mate, no período de 1984 a 1986 admitia somente estudantes de farmácia. Neste período ocorreram várias festas que ficaram famosas entre os estudantes de farmácia e curiosamente as mesmas só ocorriam na cozinha da República como a “festa do esfrega-esfrega” e o “Primeiro encontro dos filhos da puta da escola de farmácia”, sendo que esta última quase “destruiu” a casa.
Em 1995, utilizando recursos próprios ocorreu uma reforma da casa, bem como a ampliação do seu espaço físico e nessa mesma época ocorreu a escolha da música “A Filha da Chiquita Bacana”de Caetano Veloso como hino da República.
Em 4 de janeiro de 1997, devido a um represamento e conseqüente desmoronamento da rua Padre Rolim causado pelas intensas chuvas que se sucederam no início deste ano e que levou à destruição da maioria das casa da rua Prof. Antônio de Paula Ribas, a República Xeque-Mate teve perda total. Em consequência da destruição da antiga sede que ali residia há 16 anos os moradores se viram obrigados a procurar outra casa a fim de perpetuar a Xeque-Mate, indo para a rua Dr. Albino Sartori n°246,na vila São José e foi fundamental a atuação dos ex-alunos no sentido de recuperarem o patrimônio físico da República. Após a reestruturação física da República, esta iniciou a busca de uma sede mais satisfatória passando pela rua Dr. Cláudio de Lima n°30 (de maio de 1997 a novembro de 1998), rua Direita n°179 ( de novembro de 1998 a novembro de 1999) e hoje está instalada á rua Paraná n°12. A sede atual da República Xeque-Mate permitiu a esta a sua grande divulgação e reconhecimento, bem mais acentuados do que em outras épocas, com a realização de sucesso de inúmeras festas dentre outros eventos importantes promovidos.
[1] Ouro Preto possui um micro - clima à parte: “As quatros estações em um só dia”.
[2] Estudante recém admitido na Escola Técnica Federal de Ouro Preto (ETFOP), hoje em dia CEFET-OP.
[3] Estudante da terceira serie do segundo grau ou recém formado, que almeja entrar na universidade.
[4] Caderno “ilustrada”, Quinta –Feira, 4 de junho de 1.998.
[5] As partes “Da Constituição não escrita” e “Da iniciação da República”, ver em anexos.
[6] Posteriormente o Cesar do Cuzão veio a se tornar prefeito do Rio de Janeiro, já com o apelido de Cesar Maia.
[7] Antonio Pinheiro Neto, diretor geral da Escola de Minas na ocasião.
[8] Talvez por causa deste atropelamento a Aquarius tenha levado tanto tempo para ser ocupada, em função dos cuidados que passaram a ser adotados pela Escola de Minas.
[9] A constituição da república prevê a necessidade de haver unanimidade para a aceitação de um novo republicano, evitando-se o ingresso de pessoas que possam não ser do agrado de todos.
[10] Até aqui, falamos em República Pulgatório, mas este nome somente passou a ser a designação oficial da república a partir da promulgação da constituição, quando então foi votado, juntamente com os artigos da carta magna da instituição. O nome Pulgatório foi escolhido por unanimidade, primeiro porque era o mais tradicional de todos e segundo porque era bem sugestivo – principalmente quando se conheceu o local a que dava nome anteriormente.